Ao saber que apenas 0,23% do lixo em Juiz de Fora é reciclado, membros do Núcleo de Práticas Jurídicas decidiram implantar uma nova iniciativa (Foto: Twin Alvarenga)

Ao saber que apenas 0,23% do lixo em Juiz de Fora é reciclado, membros do Núcleo de Práticas Jurídicas decidiram implantar uma nova iniciativa (Foto: Géssica Leine)

Você sabia que apenas 0,23% do lixo produzido em Juiz de Fora é reciclado? Este dado alarmante foi o primeiro passo para o início de um projeto que conseguiu mudar a realidade do Núcleo de Práticas Jurídicas da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), levando a coleta seletiva, a reciclagem e a compostagem para o dia a dia de alunos, professores e advogados que compartilham o espaço de trabalho.

De início, os idealizadores do projeto — o professor da Faculdade de Direito e supervisor do núcleo, Fernando Guilhon, e o advogado e parceiro externo da mediação de conflitos, Fernando Braga — conversaram com os responsáveis pela limpeza do núcleo para entender mais sobre a produção interna de lixo. Posteriormente, distribuíram caixas de papelão para recolher plástico e papel, que são os principais materiais inorgânicos gerados no local, e avisos que explicam o funcionamento do projeto.  

Avisos que explicam o funcionamento do projeto e caixas de papelão para recolher plástico e papel foram distribuídos pelo Núcleo (Foto: Twin Alvarenga)

Avisos que explicam o funcionamento do projeto e caixas de papelão para recolher plástico e papel foram distribuídos pelo Núcleo (Foto: Twin Alvarenga)

A divulgação da iniciativa está sendo feita aos poucos e conta, principalmente, com o incentivo feito por meio do “boca a boca”, uma vez que a rotação de colaboradores durante a semana é grande. O projeto vem rodando há pouco mais de um mês, foi bem recebido e já tem gerado resultados positivos. “Quando nós fomos implementando a ideia, na segunda e terceira semana, já conseguimos reduzir a produção de lixo”, informa o professor Guilhon.

Compostagem

O início da reciclagem orgânica também foi rápido, uma vez que a compostagem já era algo realizado em casa pelos responsáveis pelo projeto. Como a produção de lixo orgânico é relativamente baixa no Núcleo, buscaram por uma composteira que atendesse às necessidades, com três andares. Mas a participação foi tão intensa no primeiro mês que já estão pensando em aumentar o tamanho. Diariamente são depositados resíduos que, ao serem digeridos pelas minhocas presentes na composteira, se tornam um adubo extremamente fértil para as plantas.

Diariamente, minhocas presentes na composteira digerem resíduos e os transformam em um adubo extremamente fértil para as plantas (Foto: Twin Alvarenga)

Diariamente, minhocas presentes na composteira digerem resíduos e os transformam em um adubo extremamente fértil para as plantas (Foto: Twin Alvarenga)

Os materiais colocados são, principalmente, o pó e o filtro usados na produção interna de café, além de algumas cascas de frutas. Para locais que têm uma produção maior de lixo orgânico, também é possível reciclar cascas de ovos, sachês de chá, grãos, sementes, verduras e legumes (desde que não possuam nenhum tipo tempero). Alguns alimentos cítricos, carnes, oleosos e papéis não podem ser utilizados no processo, uma vez que as minhocas não conseguiriam realizar a digestão e, posteriormente, transformar em adubo.

Por enquanto, o composto produzido terá como destino a adubagem das plantas que fazem parte da decoração do Núcleo, motivando a atividade autossustentável. Para o chorume produzido durante o processo de compostagem, também há a possibilidade de utilização como pesticida, desde que ele seja adequadamente diluído em dez litros de água. “É o mesmo material produzido no lixão que contamina os lençóis freáticos, só que agora estamos transformando em um chorume extremamente útil”, comenta Fernando Braga. Já os outros materiais recicláveis coletados serão doados para a Associação dos Catadores de Juiz de Fora, auxiliando no trabalho que muitas vezes é afetado pela dificuldade gerada com a falta de separação dos materiais descartados.

Expansão

Por enquanto, a iniciativa tem funcionado apenas internamente, mas o objetivo é que ela cresça e passe a fazer parte de outros projetos relacionados ao Dialogar, principal trabalho de mediação desenvolvido pelo Núcleo. “Temos esse projeto de incentivo à instalação de novos centros e a ideia é trabalhar com a mediação comunitária. Além de resolver problemas com o instrumento da mediação, a ideia seria também gerar renda dentro da comunidade, trazendo benefícios”, explica Guilhon.

O objetivo é levar a ideia para outras faculdades, programas e projetos, ajudando a reduzir a quantidade de lixo produzido dentro do campus (Foto: Twin Alvarenga)

O objetivo é levar a ideia para outras faculdades, programas e projetos, ajudando a reduzir a quantidade de lixo produzido dentro do campus (Foto: Twin Alvarenga)

Outro ponto importante para a os idealizadores do projeto é a expansão dentro da própria Universidade. O objetivo é levar a ideia para outras faculdades, programas e projetos, ajudando a reduzir a quantidade de lixo produzido dentro do campus. “Se toda a universidade ou uma parte representativa adotasse o mesmo procedimento, poderia alavancar a sustentabilidade na cidade”, comenta Guilhon. O trabalho, descrito por ele como “de formiguinha”, é o início de uma cooperação que pode vir a mudar a realidade de Juiz de Fora e transformar os 0,23% de lixo reciclado em muito mais.

Outras informações:

(32) 3215-5654 (Projeto Dialogar)