Parte dos cactos doados pelo Jardim do Rio já pode ser vista em canteiro do Bromeliário (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

O Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) irá ampliar sua coleção de espécies, com a criação de um cactário. O novo acervo de cactos e suculentas será iniciado graças a um acordo de cooperação técnica entre a UFJF e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ).

A instituição carioca está doando à unidade juiz-forana exemplares específicos de cactos e suculentas que estão em quantidade excessiva de duplicatas na sua coleção. Na última terça-feira, 9, chegaram 43 plantas desses grupos, em Juiz de Fora, como cacto-fantasma, cacto-candelabro e babosa. 

Outra remessa com 71 itens nativos da Mata Atlântica e exóticos havia sido enviada em 2022. Parte dela pode ser vista em um canteiro do Bromeliário e na entrada de visitantes do Jardim. Um dos destaques é o cacto Arthrocereus melanurus – subespécie magnus, ameaçado de extinção, ocorrendo na Serra Negra (MG) e na Serra de Ibitipoca (MG).  Mais plantas serão doadas nos próximos meses.

O foco da nova coleção local serão espécies nativas da Mata Atlântica, mas também com exemplares exóticos, principalmente das famílias botânicas Cactaceae (cactos), Euphorbiaceae (entre inúmeras espécies, inclui mamonas e coroas-de-cristo) e Asparagaceae (como iucas, espada-de-são-jorge, pata-de-elefante e aspargos). 

O acordo, assinado em abril, também prevê a capacitação da equipe mineira por profissionais da instituição carioca, entre eles o curador da Coleção de Cactos e Suculentas do JBRJ, Diego Gonzaga, que foi co-orientado, no mestrado e no doutorado, pelo professor Luiz Menini, responsável pelas coleções vivas do Jardim Botânico da UFJF. 

O foco da nova coleção local serão espécies nativas da Mata Atlântica, mas também com exemplares exóticos (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Por outro lado, a transferência de exemplares de um jardim para o outro abrirá espaço, no JBRJ, para que novas plantas de espécies raras, endêmicas ou ameaçadas possam ser introduzidas para cultivo e conservação. “Quando inventariamos todo o acervo do cactário, percebemos que há muita coisa repetida. Estamos como vocês aqui, na beira da mata, não conseguimos expandir estufas, expandir a área. Então o melhor é fazermos um uso inteligente do espaço”, explica a tecnologista da coleção viva do JBRJ Thaís Hidalgo. 

“Jardim botânico tem que trabalhar em rede. E o clima daqui [Juiz de Fora] é diferente do nosso, logo uma espécie que não está indo legal lá, pode ser que aqui vá bem. Um estudo mostra que, até 2050, a expectativa é que 90% das espécies de cactos estejam ameaçadas. Ou seja, temos que correr”, acrescenta Thaís.

Esta etapa de implantação do cactário, em Juiz de Fora, ocorre por meio de projeto submetido pelos dois jardins ao Botanic Gardens Conservation International (BGCI), instituição que apoia jardins botânicos em mais de cem países. Foram obtidos 3 mil dólares, equivalentes a R$ 14,8 mil. 

“É importante termos firmado esse acordo de cooperação. Podemos ter contato com a expertise de todo o trabalho desenvolvido no Jardim Botânico do Rio, há vários anos”, afirma o diretor do Jardim Botânico da UFJF, Breno Moreira. A coleção de cactos e suculentas do JBRJ data da primeira metade do século 20. 

Cactário no Jardim

Na última terça-feira, 9, chegaram 43 plantas desses grupos, em Juiz de Fora, como cacto-fantasma, cacto-candelabro e babosa (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Em um primeiro momento, as novas plantas passarão por acondicionamento e tratamento. Em seguida, parte delas será distribuída em pontos específicos do Jardim Botânico da UFJF, conforme análise bioclimática – geralmente em ambiente mais seco e aberto. Outra parte ficará em área restrita para futuramente compor o cactário, previsto para ser aberto ao público a partir de outubro.  

Conforme Luiz Menini, a entrada de mais cactos e suculentas no Jardim, que possuía alguns exemplares, irá permitir a conservação de espécies desse grupo fora de seu ambiente natural – essa é a chamada “conservação ex-situ”. A manutenção de coleções em jardins, tal como ocorre com bromélias e orquídeas, pode ser útil, por exemplo, para a reprodução de certas espécies em risco ou a reintrodução delas em ambientes originais, mas degradados. 

“De modo geral, a cactaceae não tem folhas desenvolvidas. Houve a perda delas para evitar a perda de água. Assim, a maioria dos cactos terá a folha modificada em espinhos ou não terá nenhuma. Ainda existem outras características fisiológicas e da flor que permitem o reconhecimento de uma cactaceae”, explica o professor.  

A implantação de um cactário é ainda uma oportunidade para se trabalhar com educação ambiental sobre mais uma família botânica e atrair públicos para o Jardim Botânico interessados em conhecer essas espécies.

O Jardim Botânico UFJF está localizado na Rua Coronel Almeida Novais, s/nº, no Bairro Santa Terezinha, em meio à Mata do Krambeck. O funcionamento é de terça a domingo, das 8h às 17h, com último ingresso até 16h. A entrada é gratuita e sem agendamento.

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(32) 2102-6336

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