A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), por meio do Centro Regional de Inovação e Transferência de Tecnologia (Critt), ​irá lançar o Programa de Análise da Resiliência a Desastres no contexto dos municípios de Franco da Rocha (SP) e Cubatão (SP). ​O convênio​ com essas prefeituras será formalizado nesta quarta-feira, 26, a partir das 16h, no Anfiteatro 3 do Centro de Ciências da UFJF. ​A solenidade é abert​a ao público e a veículos de imprensa. 

O programa integra a parceria da UFJF com a iniciativa Construindo Cidades Resilientes (MCR), do Escritório das Nações Unidas para a Redução do Risco de Desastres (UNDRR, na sigla em inglês), que tem o objetivo de desenvolver a capacidade das cidades de resistir, adaptar-se e recuperar-se dos desafios causados pelos desastres. 

As prefeituras dos municípios participantes se inscreveram em edital de chamamento público, em outubro de 2022, a prefeituras municipais do Brasil e de demais países de língua portuguesa. O projeto conta, ainda, com a colaboração do Centro de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden), que vai atuar na realização de alertas prévios em caso de possibilidade de catástrofe ambiental. 

O evento de lançamento contará com a presença do representante da UNDRR, Clément da Cruz, da pesquisadora do Cemaden, Silvia Saito, além de representantes das prefeituras de Franco da Rocha e Cubatão e do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais. 

Plano Local de Resiliência 

Em uma primeira etapa, servidores das prefeituras das duas cidades que tiveram suas propostas aprovadas irão se capacitar por meio do curso de especialização lato sensu “Cidades Resilientes a Desastres”, tendo em vista a preparação desses profissionais que têm contato direto com o dia a dia da população. Também estão incluídas no projeto ações de extensão universitária junto à comunidade e mentoria por parte de professores da UFJF para a elaboração do Plano Local de Resiliência (PLR). 

As administrações municipais selecionadas indicaram 23 servidores municipais, cada, totalizando 46 servidores que atuam em doze áreas específicas. A intenção é capacitar os funcionários com foco na análise contínua dos indicadores de resiliência municipal. 

O PLR será elaborado com rigor científico, com base em comprovações documentais e meios de verificação. O documento vai gerar diversos benefícios para os municípios, como a implementação de metodologias de análises de cenário de riscos atuais com base nos dados reais dos municípios, assessoramento técnico aos gestores públicos, análise do PLR, com proposição de ações de melhoria e acompanhamento. 

Prevenção a desastres

Relembrando desastres recentes, como o que aconteceu no litoral norte de São Paulo, o coordenador do Programa de análise da resiliência a desastres no contexto municipal e professor da Faculdade de Engenharia da UFJF, Jordan Souza, destaca a importância de o poder público formular ações de prevenção a esse tipo de evento. 

“A gestão do território é feita por pessoas. Não é certo alguém morar em uma área de risco. Se chove, uma encosta se movimenta e acontece um deslizamento, isso é natural. O que não é natural é uma pessoa viver naquele local. Por isso não podemos naturalizar o dano e sim ter uma atitude mais preventiva e resiliente frente a essas situações adversas”, avalia. 

Segundo o docente, o projeto desenvolvido no âmbito da UFJF, tem caráter inovador. “Até o momento nós não encontramos outra universidade que pensasse como capacitar os servidores de uma determinada prefeitura, em que a gente agregasse o nosso compromisso enquanto universidade pública, gratuita e de qualidade com a iniciativa internacional Construindo Cidades Resilientes, da ONU, em um curso de pós-graduação”, afirma. Não haverá contrapartida financeira para a UFJF. 

Participarão do projeto professores das faculdades de Engenharia, Medicina, Fisioterapia, do Colégio de Aplicação João XXIII, além de servidores técnico-administrativos do Hospital Universitário e da Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (Proae). A área da Saúde foi envolvida, tendo em vista a resiliência a desastres biológicos, como a Covid-19 e outras doenças, como dengue e chikungunya.

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