A Editora UFJF acaba de colocar à venda seis novos livros em formato impresso. Células-tronco, política habitacional, literatura e ditadura militar são alguns dos temas. Os exemplares podem ser adquiridos por e-mail, basta enviar o nome da obra e quantidade desejada para distribuicao.editora@ufjf.br.  

Para o diretor da Editora UFJF, Ricardo Bezerra Cavalcante, o lançamento dos títulos representa a retomada do órgão no mercado editorial. “É mais um passo rumo ao funcionamento pleno da Editora. Ainda há o desafio de retornar à produção de livros físicos, mesmo em tempos de pouca disponibilidade de recursos”, avalia.

Política habitacional com olhar sobre a juventude

“Jovens e território – impasses da política habitacional”, das professoras Clarice Cassab e Marina Barbosa Pinto, apresenta os resultados de uma pesquisa realizada com jovens moradores do bairro Parque das Águas, na Zona Norte de Juiz de Fora, loteado como parte do programa Minha Casa Minha Vida. Segundo Clarice Cassab, a proposta do trabalho foi compreender como os envolvidos vivenciaram a experiência de mudança para um novo território. 

“Esses jovens passaram a habitar um território estranho e, muitas vezes, hostil. Entender como uma política pública de vulto como o Minha Casa Minha Vida impactou a vida deles, torna-se relevante para pensar a própria política habitacional, como também para trazer à tona a urgência de se pensar políticas direcionadas a esta juventude”, afirma.

A pesquisa durou dois anos e teve financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Bolsistas de iniciação científica, além de integrantes da comunidade da Escola Estadual Deputado Olavo Costa, no bairro Monte Castelo, contribuíram para os trabalhos. As professoras autoras fazem parte do Núcleo de Pesquisa Geografia, Espaço e Ação da UFJF (NuGea)

A relação entre o mito de Antígona e familiares de vítimas da ditadura

No livro “Aqui (não) jaz – o trágico e os mortos sem sepultura da ditadura civil-militar brasileira”, a jornalista e doutora em Estudos Literários pela UFJF, Táscia Souza, trata das narrativas de desaparecidos políticos na ditadura cívico-militar. A autora se vale da tragédia de Antígona, mito descrito pelo dramaturgo Sófocles (496-406 a.C.), para analisar as obras: “K.: relato de uma busca”, de B. Kucinski, “Ainda estou aqui”, de Marcelo Rubens Paiva e “Antes do passado: o silêncio que vem do Araguaia”, de Liniane Haag Brum. 

Na peça de teatro grega, Antígona também é uma familiar impedida de sepultar um ente querido. A protagonista é condenada a ser emparedada viva por enterrar com as próprias mãos o cadáver do irmão. O corpo deveria ficar insepulto por determinação de um “Estado tirano”, como define Táscia Souza.

“É um texto que costuma ser evocado como um libelo contra a tirania e em favor da lealdade e da dignidade. E a atualidade desse mito trágico, descrito por Sófocles, parece se renovar sempre que a determinação do Estado se impõe sobre o respeito à vida humana. As obras que estudei são, de certa forma, narrativas de Antígonas brasileiras emparedadas vivas pela impossibilidade de sepultar seus mortos, cujos corpos se perderam nas mãos do regime civil-militar”, afirma a autora. O livro nasceu de sua tese de doutorado. 

As influências da língua greco-latina na linguagem moderna 

A obra “A construção da língua greco-romana – Prisciano e Apolônio Díscolo na história das ciências da linguagem”, trata da contribuição teórica de dois gramáticos da antiguidade: Prisciano de Cesareia (séc. VI d.C.), que estudava o Latim, e o pensador grego Apolônio Díscolo (séc. II d.C.). Segundo o autor, Fábio Fortes, professor da Faculdade de Letras, especializado em Grego Clássico e Latim, a motivação para fazer a pesquisa foi oferecer uma contribuição para o campo da historiografia da linguística. 

“Esse livro é um capítulo sobre um momento específico da história das ciências da linguagem, em que esses autores produziram pela primeira vez o desenvolvimento de conceitos que seriam importantíssimos para a ciência linguística moderna, como é o caso do conceito de ‘sintaxe’ ou ‘construção’ –  por isso o título do livro”, conta o pesquisador. O assunto foi tema da tese de doutorado de Fortes, defendida na Unicamp. 

Guia sobre células-tronco para pesquisadores iniciantes

“Células-tronco e bioengenharia tecidual – princípios e práticas”, foi escrito por um grupo de pesquisadores brasileiros com estudos na área de cultivo celular. Um dos autores, o professor Carlos Magno da Costa Maranduba, do Departamento de Biologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), diz que o grupo identificou a necessidade de uma obra que reunisse as principais questões sobre o tema, para imediata aplicabilidade por quem pretende iniciar estudos em células-tronco. 

“A obra traz pontos de forma clara para diferentes públicos, com linguagens acessíveis, que permitem a todos terem definições de terminologias empregadas na área, conhecimentos básicos para uma rotina em sala de cultivo de células e importantes pontos no que tange a estudos com células-tronco e medicina regenerativa”, enumera Maranduba. Também faz parte do grupo de autores, o professor do Departamento de Ciências Básicas da Vida/UFJF-GV, Fernando de Sá Silva

A poética do exílio de Ferreira Gullar

“Este livro é dirigido a todas as pessoas que gostam de poesia. Ou, especialmente, as que incorporam o texto do poema à sua vida”. Este é um trecho do prefácio de “O poema como morada – Exílio em Ferreira Gullar”, livro escrito por Marcélia Guimarães Paiva, servidora técnico-administrativa (TAE) que atua como analista de tecnologia da informação (TI).

O tema do exílio na obra do poeta Ferreira Gullar (1930-2016) e a inserção do artista na tradição da poesia exílica foram investigados por Marcélia no mestrado e no doutorado em Letras, realizados, respectivamente, no Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES) e na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). Ferreira Gullar viveu o exílio político durante a ditadura militar, entre 1971 e 1977. 

De acordo com a pesquisadora, a obra do poeta maranhense apresenta três tipos de exílio. “O primeiro deles seria resultado do estar fora de sua casa, a cidade de São Luís. Outro é o exílio político representado em poemas que remetem à ditadura civil-militar, que obrigou muitos a se esconderem em sua própria pátria ou a pedir asilo em terra estrangeira, como o caso do poeta. O terceiro é o exílio existencial, no qual todos nós nos reconhecemos.”

Sociologia da cultura

O livro “Arte/cultura nas ciências sociais” é uma compilação em quinze capítulos com artigos divididos em três grandes partes: identidades/diversidades, simbólico e mercados, escrituras e tecnologias. Como apontam no prefácio os organizadores Edson Farias (UnB), Dmitri Fernandes (UFJF) e Bruno Couto (Ipea), os capítulos são representativos das linhas temáticas e de abordagem, além das problematizações reveladas ao longo do I Encontro Brasieiro de Pesquisadores(as) em Arte/Cultura nas Ciências Sociais. 

“A prioridade se desloca das provocações feitas aos/às participantes ao Encontro para os resultados apresentados. As extremidades do livro estão compostas, respectivamente, por colaborações que refletem as relações entre sociologia da cultura e outros ramos da vida do espírito, no caso a arte e a ciência”, escrevem os pesquisadores.

Outros títulos lançados em janeiro

Os novos títulos se unem a outros dois livros lançados em janeiro. São eles: “200 anos de luta – marxismo e reflexões contemporâneas”, de Luiz Carlos de Souza Junior e Hiago Trindade e “O amador no audiovisual”, de Jhonatan Mata. Saiba mais sobre as obras

Confira os valores dos livros no site da Editora UFJF