Pesquisador Paulo Menezes em encontro com estudantes da Escola Estadual Dilermando Costa Cruz. (Foto: Marcela Kineipp)

A Escola Estadual Dilermando Costa Cruz foi cenário para um encontro pautado pelo encanto e conhecimento, indo de brincadeiras pipas, carrinhos de carretel e carrinhos de rolimã para falar de: ciência. O pesquisador Paulo Menezes começou o encontro emocionado, falando sobre sua relação com o bairro Linhares, o mesmo da escola, onde passou sua infância. “Desde muito cedo, trabalhava com meu pai, mas isso não impediu de me divertir enquanto crescia, e de explorar as múltiplas possibilidades que as ferramentas e materiais ao meu redor poderiam me proporcionar”. Menezes faz parte do projeto A Ciência que Fazemos, pelo qual pesquisadores da UFJF visitam as escolas para um bate-papo sobre ciência.

Anos mais tarde, na escola, descobriu em si mesmo a vocação e o interesse em lecionar. Ao passar no vestibular, se deparou com um desafio muito conhecido na vida dos homens: servir ao exército. Seus planos foram completamente alterados em função disso, adiando sua trajetória como professor. Durante todo o encontro, deixou claro que o trouxe ao lugar que ele está hoje, foram suas escolhas. Mudou-se à serviço do exército para Sete Lagoas, em certo dado momento, viu a oportunidade de voltar a dar aulas em sua cidade natal, dessa vez na área de educação, ensinando professores que futuramente lecionariam em escolas.

No projeto de extensão ‘Mutirão da Meninada do Vale Verde’, o cientista se deparou com a proposta de trabalhar com alunos de idades variadas e em tempo integral, no contraturno escolar. Nessa época, lembrou dos brinquedos que usava na infância, e que poderiam ser utilizados de forma didática no projeto. Paulo começou a se questionar o quanto de física havia nos brinquedos, o primeiro a ser apresentado foi uma adaptação do carrinho de carretel citado no início de sua apresentação. Após essa primeira experiência, Paulo selecionou oito brinquedos para pesquisa científica que permitissem aprender física. Foi ai que surgiram a joaninha teimosa, a garrafa da verdade e outros brinquedos que geraram surpresa nos alunos. Todos tiveram a oportunidade de testar os brinquedos enquanto o pesquisador ia explicando cada um dos fenômenos físicos envolvidos no experimento.

Inspirado por sua pesquisa, Menezes, junto com outros pesquisadores, escreveu dois livros que permitem aprender brincando. O ‘Ensino de Ciências com Brinquedos Científicos’ é um guia descomplicado para produzir e utilizar alguns dos brinquedos estudados no projeto, enquanto o ‘Galileu e a Fantástica Fábrica de Levantar Coisas’ retrata a perspectiva do palhaço que queria ser cientista. Durante todos os experimentos, os alunos se surpreenderam com a proximidade que a vida tem da ciência, e como pode ser divertido aprender.

Hector Maciel, do segundo ano, comentou que o momento que mais gostou do encontro foi da parte da prática e dos experimentos e de quando o professor contou sua trajetória. Além de causar uma identificação, também abriu várias portas dentro da minha cabeça com relação a como continuar e a possibilidade de ter uma vida acadêmica. “Muitas vezes no dizem que é impossível, sinceramente, foi bem inspirador. Fiquei motivado, completou”.

Sobre o projeto “ A Ciência que Fazemos”

O projeto de extensão da UFJF “A Ciência que Fazemos” busca promover a cidadania científica e aproximar cientistas da Universidade de alunos da rede pública de ensino. Dentre os objetivos da iniciativa, estão a desconstrução do estereótipo da figura do cientista e reforçar com os alunos que a universidade pública também pode fazer parte do futuro deles.