eye-for-ebony-setembro_amarelo_ufjf__foto_Eye for Ebony _ Unsplash

Mostrar-se disponível e escutar sem julgamento são formas de ajudar quem está com ideação suicida (Foto: Eye for Ebony/Unsplash)

“Eu sou um peso para os outros.” A frase pode parecer exagerada e fora da realidade. Mas para quem está em sofrimento psíquico, por mais que haja evidências contrárias, o peso pode ser sentido e percebido como real. Por isso, é necessário estar atento a declarações como essa, adotando o alerta como uma medida de prevenção ao suicídio.

Saber lidar com o tema, desmitificando-o como um tabu, e valorizar a vida são algumas das propostas da campanha “Setembro Amarelo”. Conforme a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), falar sobre suicídio não aumenta o risco de ocorrê-lo. Muito pelo contrário, falar com alguém sobre o assunto pode aliviar a angústia e a tensão que esses pensamentos trazem.

Nesse sentido, em entrevista ao portal da UFJF, a professora Fabiane Rossi, do curso de Psicologia, aborda sinais de ideação suicida, sugere o que fazer para ajudar as pessoas em adoecimento mental e aponta fatores de risco para o suicídio. A docente coordena o projeto de extensão “Enlutar”, que acolhe pessoas em processo de luto por morte. Os encontros semanais são realizados no Hospital Universitário (HU/UFJF – Ebserh), e as inscrições para as sessões atuais do grupo estão encerradas.

Quais são alguns desses sinais de ideação suicida?
Entre alguns sinais encontram-se os sentimentos de tristeza, solidão, desamparo, desesperança e pensamentos recorrentes sobre morte. Algumas frases podem servir de alerta, como “eu preferia estar morto”, “eu não aguento mais”, “eu sou um peso para os outros”, “os outros vão ser mais felizes sem mim…” É importante destacar que nem sempre esses sinais ficam tão claros, visíveis para quem está próximo. (Veja abaixo outros sinais, listados pela Associação Brasileira de Psiquiatria e Conselho Federal de Medicina)

“Quem fala da possibilidade de suicídio já pode estar pedindo ajuda”, professora Fabiane Rossi

O que pessoas próximas podem fazer e dizer?
Há vários tipos de ajuda a ser prestada por familiares e amigos. Em primeiro lugar, se mostrar disponível e empático para compreender que os pedidos de ajuda precisam ser escutados e acolhidos, sem julgamento. Posteriormente, ao identificar o risco de suicídio, podemos orientar a melhor maneira de se buscar por auxílio profissional. A melhor maneira de se ajudar é não subestimar os sinais e auxiliar na busca por tratamento. Acompanhamento psicológico e psiquiátrico são essenciais, além de acesso a redes de apoio, como trabalho do Centro de Valorização da Vida (CVV), que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, seja pelo telefone 188, 24 horas, todos os dias, ou por e-mail e chat (cvv.org.br).

Conheça 10 serviços de saúde mental da UFJF

O que não dizer a uma pessoa que está passando por sofrimento psíquico que leve à ideação suicida?
É sempre importante evitar comparações. Cada sentimento é único, e só quem experiencia pode saber sua intensidade. Há várias colocações como, por exemplo, “quem fala não faz”, que não são reais. Na verdade, quem fala da possibilidade já pode estar pedindo ajuda. Falas como “depressão é falta de Deus”, “você deveria se sentir bem pois tem tudo”, são sempre muito prejudiciais.

Quais são os fatores de risco para o suicídio que poderia destacar?
Como principais fatores de risco relacionados ao suicídio destacam-se as tentativas prévias de suicídio, transtornos mentais (especialmente depressão e o uso abusivo e/ou dependência de álcool e outras drogas), histórico de suicídio na família, falta de apoio social, além de aspectos como gênero, pobreza, baixo grau de escolaridade e desemprego. O suicídio é multifatorial, nunca é unicausal. Mas existem fatores que levam então a uma maior probabilidade de sua ocorrência.

setembro_amarelo_Kphak-unsplash

Sentimentos de desesperança, desamparo e desespero são fortemente associados ao suicídio (Foto: Kphak/Unsplash)

Confira mais sinais que devem acender o alerta sobre ideias de suicídio, conforme a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) e Conselho Federal de Medicina (CFM):

1 – Motivos aparentes ou ocultos
Algumas pessoas com pensamentos suicidas podem considerar a morte como um “meio de sair do sentimento momentâneo de infelicidade”, “acabar com a dor”, “encontrar o descanso” ou “final mais rápido para o seus sofrimentos”. Comentários com esse tipo de conteúdo servem como sinal de alerta.

2 – Ideação suicida
Algumas frases podem servir de alerta, tais como: “Eu desejaria não ter nascido”, “Eu sou um peso para os outros”, “Caso não nos encontremos de novo”, “Eu preferia estar morto” e “Eu não aguento mais”.

3 – Organizar detalhes e fazer despedidas
Mensagens de despedida, bilhetes, recados em redes sociais, testamentos, doação de materiais e acúmulo de remédios e outros itens. Existência de um comportamento de despedida, como ligar ou mandar mensagens para parentes e amigos, como se não fosse vê-los novamente.

4 – Mudança no comportamento e nas emoções
Isolamento, tristeza constante, impulsividade, insegurança, queda no desempenho escolar, crises de raiva, baixa autoestima, atração por comportamentos de risco. Sentimentos de desesperança, desamparo e desespero são fortemente associados ao suicídio.

5 – Sinais de automutilação
Autoagressão, como cortes nos braços e pernas, manchas, queimaduras, arranhões, falta de cabelo em pontos específicos da cabeça e feridas que não se cicatrizam.

Baixe a cartilha sobre o Setembro Amarelo, organizada pela ABP e CFM.

Siga a UFJF nas redes sociais

Instagram: @ufjf
Twitter: @ufjf_
Facebook: ufjfoficial
Youtube: TVufjf
Spotify: ufjfoficial