As práticas para divulgação das pesquisas científicas junto ao público não-acadêmico são tema do Workshop DivulgaMicro, sediado nesta sexta-feira, 24, a partir das 13h, no Auditório da Faculdade de Enfermagem (Facenf) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O evento é parte da programação da 23ª Semana de Enfermagem. A atividade será presidida pela professora Laura Maria de Andrade Oliveira, pós-doutoranda do Instituto de Microbiologia Paulo de Góes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Oitenta vagas estão disponíveis para a oficina, indicadas para alunos de graduação e pós-graduação. As inscrições podem ser feitas por meio de formulário on-line

Conhecer qual é o público-alvo a ser alcançado é, segundo a pesquisadora, um dos principais fatores a serem levados em consideração na hora de desenvolver um conteúdo de divulgação científica. O cuidado com o idioma, de forma a facilitar a compreensão da mensagem, também é algo a ser levado em conta. 

“O principal fator, ao meu ver, é conhecer o seu público. Saber para quem se destina essa mensagem: crianças, adolescentes, adultos, idosos. E em qual contexto socioeconômico em que esse público está inserido. É importante a gente entender a realidade desse público leigo com quem queremos nos comunicar, para que a mensagem seja entregue de forma eficaz. Outro ponto muito importante é a linguagem. Com um público leigo, não podemos utilizar jargões, termos técnicos, palavras que não são do cotidiano”, avalia a farmacêutica, que cursou graduação e mestrado na UFJF. 

O workshop tem previsão de duração de quatro horas. Além das recomendações sobre como fazer a divulgação científica junto ao público geral, os participantes poderão, ainda, ter acesso a observações para a escrita de artigos científicos. “Falaremos também sobre como estruturar bem um artigo, quais os pontos importantes que devem ser levados em consideração, qual linguagem utilizar para produção de pôster, para apresentação em eventos e em apresentações orais. Além de estratégias que podemos adotar para transmitir informação de qualidade para o público não-acadêmico”, adianta a professora. 

Demanda por divulgação científica cresce após a pandemia
Com a pandemia de Covid-19, as pesquisas científicas realizadas sobre a doença, o coronavírus e o desenvolvimento da vacina passaram a ser acompanhadas pela população de forma geral. Dessa forma, a demanda de conteúdos de divulgação científica cresceu no período. Para Laura Oliveira, a comunidade acadêmica tem o papel de servir como “ponte” entre o conhecimento científico e o público geral – algo fundamental em tempos de disseminação de notícias falsas. 

“Lidamos muito com as fake news e informações que, às vezes, não são as mais corretas. Então é importante que a comunidade acadêmica se posicione e se capacite para poder se comunicar de forma eficaz. Afinal, não adianta conversar com esse público da mesma forma que conversamos entre a gente, utilizando termos técnicos”, acredita. 

Projeto é parceiro da Sociedade Americana de Microbiologia
O workshop será ministrado no âmbito do projeto DivulgaMicro, criado por Laura Oliveira e as professoras Tatiana Pinto, da UFRJ, e Maria Letícia Bonatelli, da Universidade de São Paulo (USP). A ideia de criar a iniciativa surgiu a partir de um diagnóstico comum das três pesquisadoras: a falta de um preparo entre a comunidade acadêmica voltado para a comunicação científica entre pares e a divulgação de pesquisas com linguagem adequada para o público leigo. 

“Na época, nós três éramos voluntárias da Sociedade Americana de Microbiologia, que nos apoia desde a criação do projeto em 2018. A ideia veio das nossas próprias demandas. O que nós aprendemos foi através de colegas, orientadores. Eventualmente, um artigo acaba não sendo publicado porque não tem qualidade, mas pode também não ter sido escrito da forma correta”, pondera. 

Acompanhe a programação do evento na página da Faculdade de Enfermagem.