Estudantes jogam “Que verbo sou eu?” (Foto: Arquivo pessoal)

A introdução de práticas lúdicas que contribuam para o ensino da Língua Portuguesa nas escolas. Foi com esse objetivo que a ex-aluna do curso de Letras/Português da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Pietra Freitas Nadabe de Carvalho, elaborou um jogo que visa facilitar o aprendizado da classificação e da conjugação de verbos, tópicos que geravam certa dificuldade nos estudantes do ensino fundamental.

 “Que verbo sou eu?” foi criado por Pietra como trabalho final de uma disciplina ministrada pelo professor da Faculdade de Letras, Pedro Costa, em 2019. A egressa da UFJF ainda utilizou sua experiência como bolsista do Projeto Institucional de Iniciação à Docência, para, durante as aulas que dava como estagiária na Escola Municipal Murilo Mendes, fazer observações sobre o comportamento dos estudantes nas aulas de Português.

Pietra Freitas Nadabe de Carvalho – criou jogo Que verbo sou eu? (Foto: Arquivo pessoal)

Expandindo para o exterior

A experiência deu certo, até que surgiu a oportunidade de expandir o projeto para outras localidades no exterior. “Quando criei o jogo, o objetivo principal era ensinar apenas o Português como língua materna, mas como eu já realizava alguns projetos com universidades americanas, que tinham como foco os estudos a respeito do ensino de Português como língua estrangeira, tive a primeira oportunidade de apresentar o jogo fora do Brasil. Em 2020, de forma remota, dei uma aula na Princeton University, em Nova Jersey. Como tive êxito na aplicação, fui chamada pela mesma instituição mais uma vez no ano seguinte. Em 2021, recebi outro convite para uma aplicação na University of Georgia e, no mesmo ano, o apliquei na Rutgers University.”

Mesmo não tendo ainda a oportunidade de aplicar o jogo em escolas brasileiras, a ex-aluna da UFJF foi convidada, em 2022, pela Northwestern University, localizada no Estado de Illinois, para apresentar o “Que verbo sou eu?” na instituição. “Através dele, tenho não só ensinado brasileiros e pessoas em diversas universidades a aprender a Língua Portuguesa de forma leve, mas também dando oportunidades a outros estudantes brasileiros de viver uma experiência internacional”, comenta.

Funcionamento do jogo

Ao perceber que o desinteresse pelas aulas era crescente, o jogo “Que verbo sou eu?” tornou-se, segundo Pietra, uma prática de multiletramento para uma educação mais diversificada e divertida. A ex-aluna da UFJF explica que o jogo é constituído por um tabuleiro, no qual o estudante que percorrer primeiro todo o trajeto sai vencedor.

Jogo já foi apresentado em universidades dos EUA (Foto: Arquivo pessoal)

“Nele, temos duas casas de ação, que são as mais importantes: ‘Hora de verbalizar’ e ‘Uma palavra e um verbo’. Na primeira casa, são apresentadas ao estudante três sequências de números diferentes, sendo a primeira de 1 a 10 (onde estão os verbos no infinitivo a serem conjugados), outra de 1 a 4 (com as pessoas do discurso) e, por último, a sequência de 1 a 5 (com os tempos verbais). Ao escolher os números, em um primeiro momento, o discente não sabe o que está escolhendo entre as opções. Tendo uma lista em mãos, com quais as opções disponíveis em cada número, é apresentado para o jogador como ele deve conjugar o verbo. Logo, ele deverá responder como o verbo fica depois de conjugado nas condições apresentadas (tempo verbal e pessoa do discurso). Obtendo sucesso na resposta, o participante anda duas casas.”

Já na segunda casa, o estudante é exposto a uma frase em português. Ele tem que completar a frase com algum objeto/elemento com alguma letra escolhida por Pietra e encontrar os verbos na frase. Obtendo sucesso na resposta, o participante anda o número de casas referente aos acertos que teve. Ainda dentro do jogo, há também a opção “Peça ajuda a um universitário brasileiro”, que dá direito ao participante a pedir ajuda a um universitário presente durante a aula para acertar as perguntas em português. Tais universitários são selecionados por Pietra para compor a equipe de aplicação, dando oportunidade aos estudantes estrangeiros de ouvir diferentes sotaques brasileiros.

“Eu não esperava essa repercussão toda. As universidades internacionais me apresentam como professora brasileira e dizem aos alunos que vão aprender português através dele. Era para ser apenas um trabalho de faculdade, mas se tornou um material didático. Atualmente, sou professora de reforço na Escola Estadual Professor Antônio Domingues Chaves, em Varginha, minha cidade natal. E inclusive tive a oportunidade de incluir uma aluna do colégio onde eu dou aula para representar a escola no exterior”, finaliza Pietra.