Aula inaugural: diretora da Enfermagem, Angélica Coelho, docentes Fábio Carbogim e Ricardo Cavalcante e mestranda Eveline Silva (Foto: Carolina de Paula)

Alunos de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGenf) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) se reuniram na tarde da terça-feira, dia 19, para aula inaugural simbólica que teve como objetivo receber e acolher presencialmente os mestrandos e os docentes que iniciaram as atividades de pesquisa no contexto da pandemia. 

Cerca de 42 alunos das turmas de mestrado dos anos de 2020, 2021 e 2022 estiveram presentes na solenidade que contou com participação da diretora da Faculdade de Enfermagem, Angélica da Conceição Oliveira Coelho, dos docentes  Fábio da Costa Carbogim e Ricardo Bezerra Cavalcante e da mestranda Eveline Aparecida Silva. 

De acordo com Carbogim, o evento buscou trazer o vigor e o movimento que existe dentro da Universidade. Ressaltou, ainda, a importância dos pesquisadores e das mudanças que são capazes de promover por meio da Ciência em prol da sociedade. “Em termos de Ciência, não vivemos o melhor momento. Mas são dos piores momentos que surgem as grandes oportunidades.” 

Tecnologia em Enfermagem

A aula inaugural foi conduzida por Cavalcante, abordando temas relacionados aos desafios e as perspectivas da Enfermagem no contexto tecnológico atual. Em relação ao tema, afirmou que ainda são muitas as dificuldades encontradas no cotidiano profissional. A principal delas, segundo ele, está relacionada ao processo de registro, que impacta diretamente na capacidade de recuperação das informações, armazenamento, análise e decisões clínicas, o que acaba gerando riscos à segurança do paciente. 

Ricardo Cavalcante: “Na pandemia aprendemos a reinventar o fazer profissional porque vimos que nosso cotidiano é um campo de batalha e precisamos inovar a todo momento” (Foto: Carolina de Paula)

“Implantar tecnologias voltadas para a otimização da informação, significa promover alterações no processo de trabalho e, consequentemente, gerar impactos na vida dos pacientes. O avanço em direção a automação dos processos de cuidado, possibilita fornecer suporte para o processo e gestão em Enfermagem.” 

Segundo o professor, o movimento Saúde Digital visa implantar tecnologias inteligentes em todos os níveis de atenção à saúde no Brasil até 2028. Um exemplo prático dessa iniciativa é o aplicativo ConecteSUS, programa desenvolvido pelo Governo Federal que prevê a informatização e integração dos dados de saúde dos cidadãos, registrando toda a trajetória de quem busca atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS).

Contudo, uma das preocupações apresentadas neste cenário de avanços tecnológicos é o impacto que isso pode causar na saúde mental dos trabalhadores da área da Saúde e profissionais da Enfermagem. Cavalcante explicou que essa preocupação se dá uma vez que foi comprovada a relação entre a infodemia (grande fluxo de informações) e quadros de depressão e ansiedade na população. 

Reinventando o fazer profissional

A inovação no campo da Ciência está relacionada à produção de materiais que sejam capazes de gerar impactos sociais. “Na pandemia aprendemos a reinventar o fazer profissional porque vimos que nosso cotidiano é um campo de batalha e precisamos inovar a todo momento”, destacou. 

Mas, segundo o professor, não é eficaz produzir inovações que não serão utilizadas a longo prazo, e os mestrados profissionais estão avançando neste sentido, uma vez que exige que as pesquisas façam reflexões da prática profissional capazes de gerar resultados práticos para a sociedade.

Para que haja avanço no desenvolvimento científico, é preciso investimento em pesquisas. De acordo com o Centro de Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Sociedade do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações é o órgão que tem como função formular e coordenar a política brasileira de Ciência e Tecnologia. A ele também cabe executar a maior parte das políticas para o setor, por meio de suas principais agências: a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Essas duas agências são responsáveis pela maior parte do financiamento da pesquisa científica e tecnológica no país.

A pesquisaPolíticas públicas para Ciência e Tecnologia no Brasil: cenário e evolução recente mostra que o orçamento do CNPq e do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), somados, são hoje menores do que eram no início dos anos 2000. Nesse cenário, é difícil obter qualquer avanço nos indicadores de inovação em pesquisa  no país no período recente.  

O Brasil ocupa a oitava posição no ranking de produção científica e tecnológica de Enfermagem no mundo, de acordo com o SCImago Journal Rank de 2019/2020. Contudo, quando se trata de citações de pesquisas produzidas aqui por pesquisadores de outros países, o Brasil está na 145ª posição. “Isso representa um desafio enorme de visibilidade, produção, impacto e expansão da ciência produzida no país”, finalizou Cavalcante.