Quando o assunto é vacinação contra a Covid-19, o brasileiro tem se mostrado adepto, visto que mais de 72% da população já está totalmente imunizada com duas doses ou dose única. No entanto, entre determinados grupos, tem surgido dúvidas quanto à sua eficácia, sobretudo pelo fato de pessoas se contaminarem com o vírus mesmo tendo sido vacinadas. Em resposta a tais questionamentos, possivelmente gerados pelo recente pico de contágios, a pesquisadora da Faculdade de Enfermagem da UFJF, Érika Andrade e Silva, explica que as vacinas criam anticorpos contra diversas doenças no organismo humano e, no caso da Covid-19, são a principal ferramenta de combate à pandemia.
“Mesmo assim, nenhuma vacina é totalmente efetiva para prevenir a doença em pessoas vacinadas. Sempre haverá uma pequena proporção de pessoas com a vacinação completa, que vai ficar doente. Isso acontece principalmente quando há uma variante mais transmissível, como é o caso da Ômicron. Mas, certamente, os sintomas serão mais leves ou ausentes no caso das pessoas que foram vacinadas, mais ainda, naquelas com o esquema vacinal completo”, informa.
Levantamentos realizados em diferentes partes do país apontam que o principal contingente de pessoas que desenvolvem complicações da doença é formado por indivíduos que não se vacinaram ou não estão com o esquema vacinal completo. Estudo feito pela Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), com base em dados referentes à pandemia no mês de dezembro de 2021 no estado, aponta que uma pessoa não vacinada tem risco de morrer 11 vezes maior do que uma pessoa com esquema vacinal completo.
Érika também salienta que a imunização completa se dá após 14 dias de aplicação da segunda dose ou dose única. “A pessoa pode contrair o vírus imediatamente antes ou logo após receber uma dose da vacina e ainda não estar protegida, apesar de vacinada. Isso gerou, durante algum tempo, o boato de que a vacina desenvolvia a doença. São questões que a gente precisa reforçar”, alerta.
Avanço da vacinação e controle do surgimento de novas variantes
O avanço da vacinação entre a comunidade tem relação direta com o controle do surgimento de novas variantes. De acordo com o professor e pesquisador da área de Virologia da UFJF, Aripuanã Watanabe, as variantes surgem por diversos motivos, por exemplo, a transmissão descontrolada do vírus. A vacina contribui diretamente para a redução dessa transmissão.
“Tanto é que entre o final de 2020 e começo de 2021, o Brasil estava com uma transmissão completamente descontrolada e fomos considerados um celeiro de novas variantes. A vacinação, de uma forma geral, tem como primeiro objetivo diminuir o número de casos graves e, segundo, diminuir ou bloquear a cadeia de transmissão. Uma vez que a cobertura vacinal (porcentagem da população com esquema vacinal completo) aumenta, menor é a transmissão e, consequentemente, menor é a chance do surgimento de novas variantes. Essa chance nunca é nula, mas é importantíssimo termos a maior porcentagem possível da população vacinada com o esquema completo, no mínimo, para diminuirmos ou até bloquearmos a transmissão, assim a chance de surgimento de novas variantes é bem pequena”, detalha.
Terceira dose e vacinação infantil
Em Juiz de Fora, o índice de aplicação da terceira dose da vacina contra a Covid-19 ainda é considerado baixo. Segundo a edição mais recente do boletim quinzenal JF Salvando Todos, publicada em 1º de março, até então, 38% da população da cidade receberam a dose de reforço. Para Érika Silva, é fundamental que as pessoas se conscientizem sobre a importância de tomarem o imunizante.
“Sabemos que as três doses têm o objetivo de diminuir a quantidade de casos graves e de hospitalizações. Mas elas não proporcionam a cura da infecção. Por isso enfatizamos a importância das medidas de proteção, como o uso de máscara em locais públicos, evitar aglomerações, higienizar as mãos sempre que possível e o uso do álcool em gel. A melhora nos índices causada pela vacinação pode trazer a sensação de que não existe mais chance de sermos contaminados pelo vírus, o que não é verdade”, destaca.
Outra frente de vacinação contra a Covid-19 que precisa ser reforçada é a da vacinação infantil. De acordo com o professor Watanabe, as crianças formam o último grande grupo etário que falta ser imunizado: “É importante enfatizarmos a necessidade de vacinar esse grupo. As crianças são a última porta a se fechar para o vírus. Já se vacinaram os adultos e os adolescentes, agora faltam as crianças.”
Universidade passa a exigir comprovante de vacinação
O Conselho Superior (Consu) da UFJF aprovou a exigência do passaporte vacinal para integrantes da comunidade acadêmica acessarem espaços da instituição. A decisão foi publicada pela Resolução Nº 11.2022, que já está em vigor.
Estudantes, servidores, terceirizados e demais membros da comunidade acadêmica devem comprovar que estão com o esquema vacinal completo (com duas doses ou dose única). A obrigatoriedade do passaporte valerá, inclusive, para calouros em processo de matrícula. No caso dos estudantes aprovados pelo Sisu 2022.1, a matrícula estará aberta entre os dias 11 e 17 de março. O comprovante deverá ser anexado junto ao Siga no momento do envio dos documentos necessários à inscrição na Universidade.