Marcando a reabertura presencial do auditório do Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm), que permaneceu fechado desde o início da pandemia, em 2020, o curta-metragem de ficção “Klaxon e o Espírito Moderno”, dirigido por Bruna Schelb Corrêa, tem estreia nesta quarta-feira, 23, às 19h. O roteiro tem por base o manifesto publicado em 1922, na Revista Klaxon, instrumento de divulgação dos ideais modernistas. 

Curta-metragem de ficção segue roteiro baseado no manifesto publicado em 1922, na Revista Klaxon, instrumento de divulgação dos ideais modernistas (Imagem: Divulgação)

A exibição é aberta ao público em geral, estando restrita à metade da capacidade do local, que normalmente abriga 180 pessoas, e, neste primeiro momento, acolhe 90, por questões de biossegurança, sendo exigidos comprovante de vacinação, uso de máscara e distanciamento em todo o percurso do museu. A entrada é gratuita e o estacionamento fica liberado durante o evento.

Gravado em área do Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o filme tem narrativa experimental, apoiado na personificação de dois elementos que compuseram e culminaram nos ideais da Semana de Arte Moderna de 22: O Espírito Moderno, defendido por Graça Aranha, e o editorial inaugural da Klaxon.  

Em sua obra de sete minutos, com legendas em português, inglês, LSE (para surdos e ensurdecidos) e audiodescrição, a diretora optou por exibir Klaxon e o Espírito Moderno como forma humana, interagindo em uma ampla área verde, a fim de explorar simbolicamente as propostas de concepção estética, teórica e práticas do Modernismo Brasileiro.

“Na diegese do filme, Klaxon e o Espírito Moderno são pessoas, personagens de fato, e representam alegoricamente aquilo que foi proposto nos momentos genitores da proposta modernista. Estão ambos em um jardim vasto com vegetação nativa e perseguem um ao outro, jamais se alcançando”, conta.

Obra de sete minutos foi gravada no Jardim Botânico da UFJF, com narrativa experimental, apoiada na personificação de dois elementos que culminaram nos ideais da Semana de Arte Moderna (Foto: Divulgação)

A diretora assinala que dentro desse conceito de personificação dos ideais está a importante e contemporânea escolha de trazer Klaxon como uma personagem feminina e lugar de protagonismo, uma revisão significativa dos lugares ocupados pela mulher ao longo dos últimos 100 anos.

“Por se apoiar em símbolos, o filme poderá gerar diversas interpretações e alavancar a curiosidade do público de forma geral ao passo que, para o espectador com conhecimento prévio sobre o tema, o curta poderá repercutir como uma homenagem aos ideais modernistas: ambos os desdobramentos são bem-vindos à proposta e deverão aparecer na ocasião da exibição, culminando em um debate profícuo”.

Abertura à reflexão
Formada pela UFJF, no Instituto de Artes e Design (IAD), onde faz doutorado, Bruna relata que é de grande significado a estreia de seu trabalho no Mamm, uma vez que foi onde, ainda na primeira graduação, fez sua pesquisa de Iniciação Científica a partir do acervo de cartas de Murilo Mendes. 

Diretora Bruna Schelb Corrêa é formada no Instituto de Artes e Design da UFJF, onde também faz doutorado (Foto: Divulgação)

“O museu tem um acervo riquíssimo disponível à nossa população e foi um dos lugares que me influenciou a estudar a arte moderna. Juntar um filme feito em 2021 com tudo que o museu tem, historicamente falando, é uma honra para mim, para o projeto e para todos nele envolvidos”, diz.

Ela entende que muitas das propostas do movimento permanecem atuais e, não à toa, o texto do filme é inteiramente baseado em uma releitura do editorial da Revista Klaxon, publicado em 1922 e “atualizado” com relação à linguagem, à estética e a situações contemporâneas. “Faz parte do projeto também um debate com o público para refletir coletivamente como as questões de 1922 perduram até 2022.” 

Segundo a diretora, a proposta de se produzir uma ficção sobre o tema é a de se aproximar do público por um viés não didatista e academicista que muitas vezes aparece em temas já explorados à exaustão. “Fora o fato de que, imbuído nessa proposta, está um valor muito caro ao Modernismo, o de se afastar de um estilo acadêmico na arte”, completa. 

Bruna conclui que o caráter experimental do filme se harmoniza com aspectos da proposta modernista de 22 e coloca o público em contato sinestésico com o espírito proposto há cem anos. “O curta-metragem, em suma, é uma proposta de aproximar o público pelo sentimento, pela emoção, muito mais do que enfadá-lo por explicações”.

“Klaxon e o Espírito Moderno” tem realização a partir de recursos do Edital Pau Brasil, da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa).

Outras informações
Trailer: https://youtu.be/9kEMBgaM1IA 
Vídeo de Making Of: https://youtu.be/eWMmB_W_Wu8 
Site: https://www.filmesdomato.com.br/cópia-mái-áis 
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