Dos 36 novos livros digitais lançados pela Editora UFJF, seis foram produzidos por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em História. Os títulos, que versam sobre assuntos variados, estão disponíveis na íntegra no site da Editora UFJF.
Cotidiano em regimes autoritários
Escrito pelo docente Fernando Perlatto, o e-book Pelas Frestas: Literatura, História e Cotidiano em Regimes Autoritários procura estabelecer um diálogo entre História e Literatura para pensar e analisar os regimes autoritários. Composta por diversos ensaios publicados pelo pesquisador, a obra tem um capítulo dedicado à literatura ficcional sobre a ditadura de 64, além de outros capítulos que abordam temas como as distopias.
“O grande pressuposto do trabalho é a ideia de que a Literatura, tanto ficcional quanto memorialística, nos ajuda a olhar para períodos autoritários com um ideal de ‘olhar pelas frestas’, ou seja, olhar o cotidiano dos regimes autoritários. Ele é mais focalizado para os pesquisadores da área, mas pode interessar a todos que tenham a vontade de compreender e pensar esses regimes”, aponta Perlatto.
AIB em Minas Gerais
A publicação de Leandro Pereira Gonçalves e Everton Fernando Pimenta tem como foco central o momento do auge do integralismo – o fascismo brasileiro – na década de 1930, quando a Ação Integralista Brasileira (AIB) passou a estar presente em todas as regiões do país. Desta forma, Ação Integralista Brasileira Em Minas Gerais: Estudos e Historiografia busca refletir sobre a presença integralista em Minas Gerais.
De acordo com os autores, a AIB pode ser considerada o maior movimento fascista latino-americano, possuindo na época uma enorme expansão por todo o território brasileiro após uma intensa campanha com um simbolismo muito bem definido. Em defesa do lema “Deus, pátria e família”, seus militantes deveriam usar camisas verdes, eram representados pela letra grega sigma e possuíam a saudação máxima representada pela palavra Anauê.
Por ser como um manual de todos os estudos já realizados sobre o integralismo no estado, a obra é dedicada a estudiosos e leitores em geral. “Afirmamos que o integralismo permanece atual. Um exemplo claro ocorreu em dezembro de 2019, quando um grupo de camisas-verdes atacou com coquetéis molotov a sede da produtora Porta dos Fundos. Com a posse do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil entrou em uma nova esfera política. Há um clássico exemplo da radicalização – que é um fenômeno global – e que possui nos anos 1930 a gênese do fascismo nacional através da AIB, experiência política que teve seu período de existência legal compreendido entre os anos de 1932 e 1937, sendo um movimento que não ficou restrito ao que podemos chamar de era fascista”, acrescentam.
Dogma do Sigma
Também na linha do livro anterior, Enciclopédia do Integralismo: o Dogma do Sigma engloba estudo inédito sobre um conjunto de textos compilados pelos integralistas para celebrarem os 25 anos do movimento em 1957 (1932-1957). De acordo com o autor e pesquisador Rodrigo Christofoletti, a publicação é o resultado da tentativa, por parte do integralismo, de reavaliar sua posição no período pós-guerra no jogo político-democrático, de maneira a cooptar novos e antigos militantes ao movimento.
“Foram analisados mais de 12 volumes e mais de 1700 páginas que contam sobre a história do maior movimento facista brasileiro. Temáticas como o anticomunismo, o catolicismo e o corporativismo dividem espaço com depoimentos de antigos e novos militantes, sendo assim uma radiografia do pensamento de direita no Brasil. Além de ser uma contribuição inédita para o estudo do integralismo pós-guerra, a obra não é direcionada somente aos pesquisadores especialistas, mas também ao público em geral”, aponta.
Sobre os ornamentos
Diante da necessidade de determinar melhor como e quais ornamentos eram utilizados na arquitetura ocidental, o professor titular da UFJF Marcos Olender realiza em sua obra Pequena(s) História(s) do Ornamento uma viagem histórica pela formação dos estatutos dos ornamentos, desde a ornamentação na Grécia antiga, passando pelo Renascimento, até chegar à França do século XVII, traçando uma breve arqueologia da elaboração e sua utilização na arquitetura.
“Ao demarcar essas perspectivas diferentes em relação aos ornamentos e ao seu emprego na arquitetura, além de ressaltar a radical diferença dessas para o que acontece a partir de meados do século XVIII com eles, passamos a entender um pouco mais das dinâmicas sociais, culturais e políticas expressas nessa produção”, sintetiza.
Para além de pesquisadores da Arquitetura, da Estética e das Artes, Olender sugere que o livro pode ser lido por todos aqueles que se interessam por essas áreas e pela história da cultura.
Experiências de Economia Social
O título Experiências de Economia Social: Mutualismo, Filantropia e Corporativista reúne reflexões em torno das alternativas de combate e superação da pobreza, tanto por parte do povo como das elites, no período compreendido entre o fim do século XIX e meados do XX. Desta forma, os atores que interagem no palco da história são os trabalhadores, os miseráveis e desvalidos, a elite econômica e intelectual e o Estado oligárquico, monárquico ou republicano.
Autora do e-book, Cláudia Viscardi, professora titular da UFJF, comenta que a publicação é resultado de uma série de pesquisas desenvolvidas ao longo de mais de dez anos. “A partir da análise das organizações sociais, os temas da cidadania e da representação política aparecem de maneira correlata. Denominamos como economia social as estratégias coletivas criadas para este fim, a exemplo do mutualismo, cooperativismo, filantropia e o próprio corporativismo. Penso que as maiores contribuições da obra para a área seja o debate em torno dos temas da cidadania, auto-organização, representação política e combate à pobreza”, ressalta.
História das Américas
“Pensar a História das Américas é, também, pensar a História do Brasil”. É com essa frase que as organizadoras Ana Beatriz Ramos de Souza e Hevelly Ferreira Acruche apresentam História das Américas: apontamentos iniciais de ensino e pesquisa.
Os textos, de professores nacionais e internacionais, propõem a investigação dos elementos comuns aos dois campos de pesquisa, abordando temas como a escravidão, o colonialismo, o recrutamento militar, a mobilidade social, os conflitos interamericanos e as dificuldades socioeconômicas enfrentadas por toda América Latina.
A obra contribui para a compreensão do que é a América Latina, mas também do que é o Brasil, ao explorar as semelhanças entre ambos, encontrando novos pontos de contato entre as culturas e suas histórias.
Estratégia da Editora UFJF
Lançados no fim de 2021, os e-books foram produzidos a partir de trabalhos de docentes e pesquisadores de nove programas de pós-graduação (PPGs) da UFJF. Os livros de acesso gratuito contemplam, portanto, a produção acadêmica e científica da Universidade. A iniciativa faz parte de uma estratégia da Editora UFJF que pretende consolidar a organização dos selos editoriais dos PPGs.
A Editora UFJF tem a missão de estimular e promover o desenvolvimento do ensino e da pesquisa na instituição. Como um importante instrumento de divulgação científica, dedica-se à publicação e distribuição de produções resultantes da pesquisa e da extensão da própria Universidade e também de pesquisadores de outras instituições.
Série
A Diretoria de Imagem Institucional apresenta a cada semana detalhes sobre os e-books por PPG. Confira as matérias já publicadas:
Livros digitais da área da Educação contemplam temáticas diversas
Pós-Graduação em Letras totaliza oito e-books publicados pela Editora UFJF
Editora UFJF lança 36 livros digitais de acesso gratuito
Outras informações: Editora UFJF