Começa nesta terça-feira, 1º, e vai até 11 de fevereiro, o prazo para inscrições no curso de extensão “Se Liga nas Cotas”. A iniciativa é do Núcleo de Geografia, Espaço e Ação (NuGea), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), e tem como público-alvo gestores e professores do ensino médio da rede pública. São oferecidas 20 vagas. Entre as temáticas abordadas estão: raça e racismo no Brasil; desigualdade social e racial e direito à educação; política de ação afirmativa como direito; política de ação afirmativa na UFJF; e ensino superior no Brasil.

O objetivo é ampliar e aprofundar o debate acerca da relevância das ações afirmativas para o ingresso de alunos oriundos de escolas públicas no ensino superior público. Ações Afirmativas são políticas públicas que têm por objetivo corrigir desigualdades históricas presentes na sociedade e, desse modo, oferecer igualdade de oportunidades, revertendo e combatendo preconceitos e discriminações. “Entendemos que o curso pode colaborar para que  docentes e gestores da rede básica se tornem multiplicadores dessas informações, contribuindo, assim, para ampliar e enraizar o entendimento da imprescindibilidade da política de cotas na sociedade brasileira”, explica a professora do Departamento de Geociências da UFJF e coordenadora do curso, Clarice Cassab

Interessados em participar devem preencher formulário eletrônico e enviar à coordenação, além de anexar documentação que comprove o vínculo  profissional com uma escola de nível médio da rede pública.

Aulas remotas
A atividade é ofertada de modo integralmente remoto, com encontros mensais síncronos (ao vivo) e assíncronos (gravados), no período de 26 de março a 6 de agosto. Também são disponibilizados aos participantes materiais didáticos, como cartilhas, animações, podcasts e artigos, dentre outros, que possam ser trabalhados nas escolas. Ao término do curso, será emitido certificado pela Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da UFJF.

“Jovens cotistas e suas mediações espaço-temporais na cidade”
Clarice conta que o curso surgiu através do projeto de pesquisa “Jovens cotistas e suas mediações espaço-temporais na cidade”. Conforme a docente, durante a pesquisa foi possível notar que a escola não constitui um espaço de debate em torno da Política de Ações Afirmativas, instituída pela Lei Federal nº  12.711/12, para ingresso no ensino superior federal.

“Quando os estudantes pesquisados tiveram algum contato com a Política de Ações Afirmativas foi através de ações individuais e pontuais de determinados docentes, nunca como uma política da escola. Não havia uma reflexão sobre os princípios e os temas que orientam a política, sua necessidade e mesmo os motivos quanto à escolha de seu público-alvo. Ou seja, não estava associado ao debate do racismo estrutural ou da ideia de reparação histórica, por exemplo.”

A coordenadora ressalta que, neste ano, a Lei 12.711/12, conhecida como “Lei de Cotas”,  deve ser revista. “A revisão se dará em momento no qual essas políticas públicas são frequentemente atacadas, entre outros motivos, justamente pela falta de informação. É  urgente e necessário que possamos ampliar e aprofundar o debate sobre as cotas, buscando afirmar essa política como um importante direito conquistado pela luta dos movimentos sociais. Na medida em que a compreendemos como direito, poderemos desconstruir mitos, como o da meritocracia, trazendo-a para o campo do direito”,  conclui.

Outras informações
“Se Liga nas Cotas” no Instagram
Núcleo de Pesquisa Geografia, Espaço e Ação
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