A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) informa a suspensão das atividades relacionadas aos testes de Covid-19 realizados no laboratório do Instituto de Ciências Biológicas (Cemic-ICB), em decorrência do retorno das atividades presenciais, redução do número de amostras recebidas e otimização dos recursos. O fluxo dos exames de diagnóstico passa a ser concentrado no laboratório da Faculdade de Farmácia. Desde o início do projeto, em 17 de abril de 2020, até a última sexta-feira, 3 de setembro, foram realizados 34.382 testes em ambos os laboratórios.

A ação, em parceria com a Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) e com a Fundação Ezequiel Dias  (Funed), foi desenvolvida para atender não apenas os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) da regional de saúde de Juiz de Fora, mas também das regionais de saúde de Leopoldina e Ubá. “Participar desse projeto foi uma enorme oportunidade de servir. Um aprendizado, acima de tudo. Trabalhamos por longos meses sem vacina, sob o risco de falta de insumos e a grande demanda de amostras, além da importância de emissão de laudos com agilidade. Tudo isso somente foi possível devido a uma equipe séria, dedicada, competente, harmônica e com muito compromisso público”, afirma o diretor do ICB, Lyderson Viccini.

Parte da equipe do laboratório do ICB (Foto: Arquivo pessoal)

A decisão foi tomada tendo em vista o retorno das atividades presenciais do semestre suplementar e de pesquisa, uma vez que tais atividades mobilizam o mesmo espaço do laboratório e a equipe dedicada aos testes. Aliado a isso, também foi levado em conta a redução significativa do número de amostras recebidas para análise e a necessidade de otimização do uso de recursos públicos reduzidos. Frente a esses fatores, foi possível manter o trabalho concentrando o fluxo dos exames no laboratório da Faculdade de Farmácia, respeitando a capacidade máxima de produção diária da equipe.

“Reconhecer o que essa equipe fez é o mínimo. Foi uma ação marcada pelo zelo, dedicação, compromisso e sabedoria. Em momento algum, se permitiram ficar em uma zona de conforto. Todos se envolveram nessa atividade fundamental para o enfrentamento da pandemia. Em nome da UFJF, faço um agradecimento muito especial e destaco que se o município precisar, a instituição continua disponível para atuar no combate a Covid-19”, reconhece a vice-reitora da Universidade, Girlene Alves.

Continuidade no laboratório da Farmácia
De acordo o diretor da faculdade de Farmácia, Marcelo Silvério, a equipe do laboratório da Farmácia trabalhará para que não haja mudança significativa na realização dos testes de PCR em Tempo Real e no recebimento de amostras – o que será possível em decorrência de um quantitativo menor de exames recebidos. “A nossa Faculdade vai absorver a demanda até a capacidade máxima de análise diária do laboratório, o que equivale a realização de aproximadamente 100 exames diários vindos da rede pública de saúde, incluindo as amostras de pacientes com síndrome respiratória aguda provenientes das regionais de Juiz de Fora, Leopoldina e Ubá”.

Parte da equipe do laboratório do ICB; confira a galera de fotos ao final da matéria (Imagem: Arquivo pessoal)

Cooperação e serviço à comunidade
Para o sucesso do projeto, fez-se necessário uma atuação conjunta para atender as demandas da comunidade. “Quando iniciamos este trabalho, ainda não havia vacinas e conseguimos uma equipe fixa de 15 pessoas durante o decorrer de 17 meses. É muito importante que a Universidade tenha um olhar atencioso para esses trabalhadores, não apenas no intuito de agradecer, mas de valorizar a todos que estiveram envolvidos nessa ação. Muito bom ter podido ajudar milhares de pessoas que precisavam de diagnóstico rápido e não tinham condições de pagar pelo exame. Colecionamos dias de trabalho intenso e exaustivo. Certamente valeu a pena”, afirma a ex-coordenadora do laboratório do ICB, Vanessa Cordeiro Dias.

Segundo o professor Carlos Maranduba, o projeto agregou valor ao trabalho realizado, mesmo em um período de dificuldade e sofrimento: “nos surge um sentimento de gratificação quando sentimos que demos o nosso melhor”. A sensação é compartilhada pela professora Michele Munk, que aponta os medos e incertezas sobre a transmissão do vírus e as consequências da Covid-19 para a sociedade. “Mesmo assim, me senti motivada a colaborar de algum modo com o enfrentamento de uma doença tão terrível, responsável por ceifar várias vidas humanas. Não poderia deixar de atuar sabendo que, como servidora pública, minha vocação é servir à população”, destaca Michele.

“Tudo isso somente foi possível devido a uma equipe séria, dedicada, competente, harmônica e com muito compromisso público” 

O servidor Anselmo Ribeiro faz coro ao misto de emoções dos colegas: “hoje, o sentimento que fica é de orgulho de fazer parte de uma equipe de extrema competência que ajudou tanto no combate a pandemia em Juiz de Fora”. O pensamento é compartilhado pela também técnica-administrativa em educação (TAE), Patrícia dos Santos: “foi uma honra fazer parte desse projeto e dessa equipe maravilhosa. Guardarei para sempre no meu coração”. Já a professora Vânia Lúcia da Silva destaca o envolvimento em um projeto significativo, tanto para a Universidade quanto para a cidade e região. “Foram dias exaustivos e, às vezes, noites, feriados, véspera de Natal. Entretanto, trabalhamos com a certeza de que estávamos dando esse retorno tão importante para a sociedade. O sentimento que fica é de dever cumprido.”

O pesquisador Cláudio Galuppo Diniz reforça a colega. “Seguimos cumprindo nossa vocação de transmitir conhecimento e atuar na pesquisa científica aplicada, contribuindo para formação de recursos humanos. Sentimento de dever cumprido em vários aspectos: por ter lutado e conseguido estruturar um centro de pesquisas adequado para estudos de ponta na área da microbiologia; pela trajetória técnica acadêmica que nos certificou na prestação do serviço de diagnóstico em um momento tão importante para a humanidade; por ter participado do projeto junto a uma equipe altamente qualificada voluntária e comprometida com a saúde pública; e por ter doado tempo e conhecimento técnico para a comunidade, ajudando as pessoas.”

Desafios superados
“No início, o sentimento era de medo e, apesar disso, como servidora pública, sabia que era o certo a se fazer. Foram muitos aprendizados, muitos perrengues, e um período marcado por muita saudade por estar longe da minha família”, relembra a TAE Isabela Reis. A também servidora da UFJF, Camila de Carvalho, reitera que atuar no projeto foi desafiador. “A formação em Biologia e a experiência em laboratório, unidas ao sentimento de contribuir com a sociedade, guiaram a decisão de me voluntariar. Uma vez na equipe, a melhor palavra que descreve o que senti foi o acolhimento. Estar ao lado desses profissionais, dedicando-me a algo tão importante e necessário para nossa cidade, foi realmente um privilégio.”

Profissionais destacam a importância da universidade pública (Foto: Arquivo pessoal)

O professor Rodrigo Hohl, por sua vez, destaca que a colaboração de assistência ao SUS só foi possível graças à formação plural da universidade pública brasileira. “Apesar da gravidade do contexto epidemiológico, as dificuldades foram superadas pelos amigos que fiz durante o trabalho em equipe. Um grupo unido pelo acaso e composto por verdadeiros servidores comprometidos com os valores mais altos da República”, destaca Hohl.

Serviço prestado com excelência
“Foi uma satisfação poder contribuir e ajudar em um momento tão dificil”, explica a servidora Suzane Fernandes da Silva. “O medo inicial em lidar com algo pouco conhecido foi atenuado, com o tempo, pelo trabalho harmonioso de uma equipe incrível e competente, e por poder usar nossa formação e conhecimentos adquiridos em prol da sociedade.”

Além das gratificações de um serviço prestado com excelência, a pandemia trouxe muitos desafios profissionais, segundo conta o professor Aripuanã Watanabe. “Os resultados do nosso projeto são muito gratificantes, principalmente porque foi possível devolver para a sociedade um pouco do investimento feito nas universidades públicas. Trabalhei com pessoas extremamente comprometidas, competentes e que não mediram esforços para auxiliar na diminuição do impacto desta doença na população juiz-forana.”

A sensação também é expressada pela professora Alessandra Machado. “Sinto-me feliz e realizada com todo o trabalho, fruto de um esforço coletivo de uma equipe comprometida, empenhada e alinhada. A servidora Ana Carolina Maia complementa: “O sucesso desse projeto, em relação ao atendimento a tantas pessoas da cidade de Juiz de Fora, realmente reflete nosso trabalho diário de qualidade, eficiência e cooperação mútua.”

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