A Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foi uma das instituições que marcou presença no 9º Congresso Brasileiro de Extensão Universitária (Cbeu). Promovido pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pela Universidade Federal de Alfenas (Unifal), contou com a parceria de uma rede de instituições de ensino superior da região Sudeste do país. O evento teve como tema “Redes para promover e defender os direitos humanos”. 

A pró-reitora de Extensão, Ana Lívia Coimbra, explica que o Cbeu representou um momento muito importante para a troca de experiências na realização de ações extensionistas, debates de metodologias e dos impasses e desafios encarados pela extensão universitária neste contexto emergencial causado pela pandemia. “Também tratou questões pedagógicas referentes a extensão, como, por exemplo, a inserção dessas ações nos currículos de graduação. O tema foi muito debatido e faz que nós analisemos o que está sendo realizado em outras universidades para que possamos trazer essas reflexões, acerca dessa curricularização, para os cursos de graduação da nossa instituição.”

A pró-reitora aponta que a via remota, dentro das condições de biossegurança, possibilita uma nova forma de presencialidade e de contato com o outro. Além disso, reitera que o evento teve uma intensa participação, com uma apresentação recorde de trabalhos e que possibilitará um olhar diferenciado para os próximos congressos por possibilitar uma maior participação das diversas comunidades acadêmicas. “Um outro ponto importante é que a nossa Universidade foi apoiadora do Cbeu. Quando nos foi solicitado a participação de coordenadores de projetos, para compor a comissão científica, nós fizemos um chamamento e a resposta foi muito positiva”.

Trabalho intenso

A pró-reitora destaca que foi uma semana de trabalho intenso para a realização do congresso, mas que veio se desenvolvendo muito antes. “Isso demonstra o compromisso dos nossos estudantes, técnico-administrativos em educação (TAEs) e docentes, não somente com a execução de projetos em Juiz de Fora, Governador Valadares e nas regiões atendidas, mas também sobre a prática da extensão em nível nacional, provando de forma objetiva a presença das universidades públicas junto a diversos setores sociais do país.”

Entre as participações da UFJF, a professora Ana Rosa Costa Picanço Moreira, compôs a comissão científica do Cbeu e ressalta que o evento teve a participação de mais de 14 mil inscritos, que puderam se envolver em redes de conversas, mesas redondas e ações culturais. Segundo a professora, durante os quatro dias de atividades remotas foram disponibilizadas 74 salas virtuais para a apresentação de trabalhos de extensão. “Eu participei de duas salas e fiz a apresentação de dois projetos, sendo um deles coordenado por mim, na Faculdade de Educação (Faced), e outro coordenado junto à docente Mariana Cury da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). Além disso, a nossa Universidade teve dois professores mediadores, a Ana Lívia Coimbra e o Alexandre Cadilhe.”

Ana Rosa reconhece a importância dos projetos de extensão desenvolvidos no campus sede e em Governador Valadares. E comenta que todos eles contaram com a participação da comunidade acadêmica e com o protagonismo de bolsistas e estudantes envolvidos. “Houve um envolvimento bastante significativo e apresentamos como os nossos projetos são de qualidade. Nós tivemos, no total, 18 docentes envolvidos, de departamentos diferentes dos dois campi, na avaliação de trabalhos e eu representei a UFJF na comissão científica.”

Descolonialismo

Para o professor Alexandre Cadilhe, o evento cumpre um papel significativo ao olhar para as atividades de extensão desenvolvidas pelas universidades públicas do país e ao criar uma projeção de agendas e demandas em diálogo intenso entre as instituições e o mundo social. “A mesa que eu participei teve como tema as relações étnico-raciais e a descolonialidade. Fiquei muito feliz pelo convite, pois as ações extensionistas nas quais me engajo na UFJF, tem uma implicação muito forte com a temática e age como uma crítica a todo um projeto social colonialista, racista, capitalista, no modo de pensar as produções de ser, saber e poder.”

Cadilhe reitera que a mesa teve um papel significativo de reunir um conjunto de reflexões, críticas em relação ao modo que as universidades encaram o assunto, não apenas nas ações de extensão, mas também no ensino e na pesquisa.  “O impacto que esse diálogo traz nas minhas ações de extensão tem uma relação muito forte com o enquadramento epistêmico de pensar as relações extensionistas a partir de uma crítica ao colonialismo. Inclusive, estamos com um curso que está com as inscrições abertas, que se propõe a construir uma reflexão sobre linguagens e direitos humanos a partir da linguagem descolonial na sala de aula.

Criação de elos

Uma das apresentações realizadas no CBEU foi a do projeto “Encontro Temático da Comunidade Negra de Juiz de Fora”, coordenada pelo professor do departamento de Matemática, Willian José da Cruz. O professor afirma que o grupo fez um relato dos encontros realizados ao longo do ano de 2020 e sobre os que estão sendo programados para 2021.  “A apresentação foi feita pelos nossos bolsistas, Yago Bebiano e Andressa Borges, com a minha supervisão e a do professor Julvan Moreira. Os professores Francione, Fernanda e Zélia também contribuíram, mas não puderam participar do evento. Acredito que abrimos uma porta para mostrar como é possível, numa ação ativa, envolvermos diversos atores negros e negras da nossa sociedade brasileira, na discussão e apresentação de propostas no ensino, na pesquisa, nas artes, na cultura, etc, cuja temática está no papel do negro na construção social, política, científica, dentre outras. Esta foi a grande contribuição para este evento dado por nosso trabalho.”

Cruz também aponta que o evento representou uma oportunidade para a criação de elos, discussões e contatos para diversas outras demandas que se associam a luta por um país que promova práticas verdadeiramente antirracistas. “Claro que o tempo de apresentação foi de dez minutos, mas a discussão após as apresentações na nossa sala, foi de grande valor para todos. Criamos uma rede de contatos, acredito, que vamos poder construir mais e mais linhas de conexões com pessoas, que muitas vezes estão perto de nós, mas que por motivos diversos não tivemos a chance de trabalharmos juntos, como no caso da professora Cátia Pereira Duarte da Educação Física aqui da UFJF, que também apresentou um trabalho neste mesmo evento, mostrando suas preocupações sobre o tema.”

As apresentações do 9º CBEU, realizadas entre os dias 8 e 11 de março, podem ser conferidas no canal Extensão UFMG.

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Outras informações: Pró-reitoria de Extensão (Proex)

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