Da esquerda para a direita: Igor Rosa Meurer, professora Ana Cláudia Chagas de Paula Ladvocat, professora Chislene Pereira Vanelli, professor Fabiano Freire Costa, pesquisador João Batista Ribeiro, professor José Otávio do Amaral Corrêa e pesquisador Marcio Roberto Silva (foto: arquivo pessoal)

Um estudo pioneiro no Brasil voltado para a investigação da febre Q em pacientes com suspeita de dengue em Minas Gerais foi desenvolvido por Igor Rosa Meurer, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Segundo o pesquisador, a febre Q é uma doença negligenciada e pouco estudada no país, com alta infectividade que pode causar complicações graves e fatais em humanos. A tese foi realizada no Programa de Pós-Graduação em Saúde e constatou que o agente causador da febre Q apresenta circulação no Estado. 

Igor é Técnico em Farmácia no Hospital Universitário da UFJF onde também atua como orientador no Programa de Residência Integrada Multiprofissional em Atenção Hospitalar. Ele explica que a febre Q pode ser classificada em aguda, com sintomas parecidos com os da dengue e da influenza, e crônica. “Por apresentarem um quadro clínico semelhante ao de outras doenças febris agudas, associado ao seu desconhecimento por parte dos profissionais de saúde no Brasil, casos de febre Q podem não estar sendo diagnosticados e com isso, tratados de forma equivocada”, pontua. 

Distribuição geográfica dos pacientes que apresentaram amostras não reativas e amostras reativas para pelo menos uma classe de anticorpos anti-C. burnetii pelo método de Imunofluorescência Indireta (IFI) (foto: arquivo pessoal)

O pesquisador ressalta, ainda, que esta doença se classifica como uma zoonose, causada pela bactéria Coxiella burnetii. Segundo ele, além de apresentar resistência e estabilidade ambiental, uma única bactéria é capaz de causar infecção no ser humano. A principal forma de transmissão ocorre através da inalação de aerossóis (partículas muito pequenas que podem ser carregadas pelo ar e atingir longas distâncias) contaminados com restos placentários, lã ou fezes de animais infectados, como bovinos, caprinos e ovinos. 

Dessa forma, a tese revela que, entre os pacientes que fizeram parte do estudo, 5,72% apresentaram anticorpos anti-C. burnetii nas amostras de soro, o que significa que tiveram uma exposição prévia ao agente causador da febre Q. O estudo mostra também que os bovinos estão entre os principais animais relacionados à transmissão de C. burnetii aos seres humanos. Além disso, Igor destaca que 20 municípios de Minas Gerais, entre os 126 que fizeram parte da pesquisa, tiveram pelo menos um paciente com exposição prévia ao patógeno causador da doença, são eles: Arcos; Belo Horizonte; Belo Vale; Brumadinho; Campos Gerais; Cristina; Divinópolis; Igarapé; Lima Duarte; Mariana; Oliveira; Pedro Leopoldo; Rio Piracicaba; Sabará; Santa Bárbara; Santana do Deserto; São José da Barra; Sarzedo; Três Corações; e, Varginha.

Por esse motivo, Igor destaca a importância da inclusão da febre Q como uma doença de notificação compulsória em humanos e da atuação conjunta dos setores de saúde humana e de saúde animal no enfrentamento da enfermidade. “A confirmação de que o patógeno causador da febre Q apresenta circulação em humanos no Estado de Minas Gerais alerta a sociedade, principalmente autoridades sanitárias e profissionais de saúde, sobre a necessidade de serem realizadas medidas de investigação, monitoramento, controle e prevenção a essa doença, contribuindo assim, para evitar a ocorrência de surtos e possíveis complicações graves e fatais”, ressalta. 

O professor orientador, José Otávio do Amaral Corrêa, reafirma a importância do estudo. Segundo ele, o que mais chama a atenção sobre o assunto é o enorme desconhecimento por parte dos profissionais de saúde, o que aumenta os custos do sistema público de saúde e o risco da ocorrência da febre Q crônica. “Paralelo a esta falta de conhecimento, os resultados mostrando a circulação do patógeno em Minas Gerais devem alertar estes mesmos profissionais para o correto diagnóstico e manejo dos pacientes”, finaliza. 

A tese contou com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) e com a colaboração de profissionais da Fundação Ezequiel Dias (Funed), da Embrapa Gado de Leite e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Contatos:
Igor Rosa Meurer – (Doutor):
igor_meurer@hotmail.com 

José Otávio do Amaral Corrêa – (Orientador):
joseotavio.correa@ufjf.br 

Banca Examinadora:
Prof. Dr. José Otávio do Amaral Corrêa – Orientador (UFJF)
Pesquisador Dr. Marcio Roberto Silva – Coorientador (Embrapa Gado de Leite)
Profa. Dra. Ana Cláudia Chagas de Paula Ladvocat – (UFJF)
Prof. Dr. Fabiano Freire Costa – (UFJF) 
Profa. Dra. Chislene Pereira Vanelli – (Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde de Juiz de Fora)
Pesquisador Dr. João Batista Ribeiro – (Embrapa Gado de Leite)

Outras informações:  (32) 2102-3830 – Programa de Pós-Graduação em Saúde