Dois projetos coordenados por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foram aprovados pelo Programa de Pesquisa para o SUS (PPSUS), organizado por meio de edital pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig). Somados, os orçamentos de ambos os projetos contabilizam cerca de R$ 60 mil. Voltado para a gestão compartilhada em saúde, o PPSUS promove o desenvolvimento científico e tecnológico baseado nas características de cada estado brasileiro. O resultado do edital está disponível on-line.
As pesquisas aprovadas são intituladas “Algoritmo para manejo clínico da Covid-19 nos três níveis de atenção à saúde no SUS”, coordenada pelo pesquisador Maurílio de Souza Cazarim, professor da Faculdade de Farmácia; e “Desenvolvimento e validação de sistema inteligente para avaliação multidimensional de pessoas idosas”, coordenada pelo pesquisador Ricardo Bezerra Cavalcanti, professor da Faculdade de Enfermagem.
Tratamento de pacientes com Covid-19
De acordo com o pesquisador Maurílio Cazarim, o projeto coordenado por ele partiu da seguinte questão: porque determinados indivíduos infectados pelo coronavírus, sem apresentar fatores de risco, evoluem para um quadro clínico severo da doença? “Nosso objetivo é auxiliar o sistema de saúde a entender os principais pontos críticos relacionados ao cuidado do paciente com Covid-19 e ponderá-los de forma clínica e humanística para melhorar os resultados das condutas de tratamento adotadas na atenção básica e hospitalar do SUS.”
Cazarim destaca que o impacto imediato da pesquisa são as vidas salvas e as melhores perspectivas de sobrevida para pacientes contaminados pelo coronavírus. Já a longo prazo, os resultados do projeto podem fomentar uma construção mais robusta de protocolos e diretrizes clínicas – o que impactaria não somente a eficiência da assistência em relação à Covid-19, mas também a outras doenças prevalentes na população. “Por meio dessa pesquisa, o SUS pode se destacar mundialmente como modelo de sistema de saúde para o enfrentamento da pandemia”, ressalta o coordenador.
O pesquisador Frederico Pittela Silva, integrante do projeto liderado por Cazarim, destaca como é fundamental contar com os dados obtidos pelos testes de diagnósticos de Covid-19 feitos na UFJF. Em parceria com a Prefeitura de Juiz de Fora, a Universidade é a responsável por realizar todos os exames de Covid-19 oriundos do Sistema Único de Saúde de 52 municípios das regionais de saúde de Juiz de Fora e Leopoldina. Silva é coordenador do Laboratório de Biologia Molecular da Faculdade de Farmácia, um dos dois espaços mobilizados para a tarefa.
Os pesquisadores explicam que, baseado nesses testes, será montado um banco de dados dos pacientes diagnosticados, registrando informações como idade, sexo, perfil socioecômico e se há a presença de comorbidades. “O objetivo é criar um algoritmo para realizar um manejo mais eficiente de futuros pacientes, auxiliando os profissionais de saúde nos três níveis de atuação do SUS, abarcando desde as Unidades Básicas de Saúde até hospitais de grande porte”, afirma Silva.
Avaliação de pessoas idosas
O projeto coordenado pelo professor Ricardo Cavalcante é voltado para o desenvolvimento de um sistema inteligente para a avaliação multidimensional de pessoas idosas. “Baseado em algoritmos de inteligência artificial, nosso sistema será capaz de fazer diferentes tipos de avaliação: a clínica, a psicossocial e a funcional. Dessa forma, será possível avaliar, de forma ainda mais completa, as condições de saúde dos idosos em uma visão mais integrada e com predição de riscos.”
Munidos dessa tecnologia, os profissionais de saúde terão suporte para definir atividades de prevenção, promoção e assistência às pessoas idosas, visando melhorar a qualidade de vida dos pacientes e prevenir situações potencialmente perigosas. “Hoje, na atenção primária à saúde e nas instituições de longa permanência, há uma deficiência de tecnologias da informação capazes de sistematizar as informações clínicas relacionadas à avaliação multidimensional de pessoas idosas”, informa Cavalcante.
Além da equipe da Faculdade de Enfermagem da UFJF, a pesquisa também conta com a participação de pesquisadores da Universidade de Viçosa (UFV) e da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). O coordenador Ricardo Cavalcante ressalta o mérito do projeto e o reconhecimento concedido, tanto pelas instituições parceiras quanto pela Fapemig, agência de fomento que viabilizou o edital do PPSUS em Minas Gerais. “Ter esse projeto aprovado em tempos tão difíceis como os atuais, onde os recursos financeiros para a ciência são cada vez mais exíguos, é ter condições de desenvolver uma tecnologia passível de ser aplicada e devolvida ao SUS, diretamente à população. É importante ver que há esse reconhecimento de que a ciência é necessária ao desenvolvimento da assistência à saúde, da prevenção de doenças e riscos, bem como a promoção a saúde da população idosa em Minas Gerais.”