Pela primeira vez em sua história, o Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga terá excepcionalmente uma edição virtual. Como vários eventos culturais ao redor do mundo, atingidos pelas medidas de contenção da pandemia, o Festival juiz-forano teve de se adaptar para não passar em branco em 2020. Com a suspensão da edição presencial, antes prevista para julho, a Pró-reitoria de Cultura (Procult) anunciou a 31ª edição para o período de 21 a 30 de novembro. 

Cuarteto Alicerce, de Santiago de Compostela, Espanha, é uma das atrações da 31ª edição do evento (Foto: Xaime Cortizo)

“Nossa ideia é a de uma edição virtual capaz de contemplar o público com apresentações de peso em plataformas on-line, nas quais incluímos uma série de concertos gravados, painéis digitais e palestras”, afirma a pró-reitora de Cultura, Valéria Faria. 

Realizado a cada dois anos, o Encontro de Musicologia Histórica chega à sua 13ª edição também em formato remoto, com painéis on-line de pesquisadores da área, que tratarão de temas a serem definidos pela comissão científica do evento. Igualmente, o tradicional livro resultante do Encontro também vai ganhar formato digital, tendo pesquisadores da área como convidados, como informa o supervisor do Centro Cultural Pró-Música, Marcus Medeiros.  

Parceria
A programação inclui dez concertos gravados para o festival, com artistas nacionais e estrangeiros. Também está confirmada parceria com o Festival Internacional de Órgão de Vila Nova de Famalicão e Santo Tirso, de Portugal, que irá ceder as gravações de dois concertos de sua sexta edição, que acontece em outubro. Essa será uma rara oportunidade de o público brasileiro conferir as apresentações desse evento, realizado em igrejas portuguesas, que contam com órgãos de tubos históricos e modernos. 

Dupla da Bélgica, Giulio Quirici e Isabel Favilla, apresentam concerto de alaúde e flauta doce (Foto: Divulgação)

Oficinas
Pela excepcionalidade do formato da 31ª edição, o Festival não poderá oferecer as tradicionais oficinas que anualmente atraem alunos de várias partes do país a Juiz de Fora. “Consideramos a precariedade da internet no Brasil e questões como a qualidade de som. Optamos então por focar nos concertos e nas mesas redondas”, explica Medeiros. 

FIO
O FIO – Festival Internacional de Órgão de Vila Nova de Famalicão e Santo Tirso, duas localidades vizinhas entre os distritos de Braga e Porto, é um evento dedicado à valorização do patrimônio orgânico custodiado por essas cidades, por meio da formação de público e da democratização da música organística de excelência. O FIO conta com a direção artística do cravista brasileiro Marco Brescia, radicado em Portugal, que já contribuiu também com algumas edições do festival juiz-forano. 

Em 2020, o FIO chega a sua sexta edição, a partir da qual passa a ser realizado em quatro etapas. A primeira delas, que estava prevista para junho, teve que ser adiada por causa da pandemia e passará a incorporar a programação de 2021. 

De sua semana principal de concertos, a parceria com o FIO inclui na programação do 31º Festival as apresentações do organista italiano Giulio Mercati, na Igreja Matriz de São Mamede de Ribeirão, e do também organista Marco Brescia, acompanhado do Cuarteto Alicerce, de Santiago de Compostela, que interpretarão concertos setecentistas para órgão e cordas na Igreja Matriz de São Martinho do Campo. 

Brasileiro radicado em Portugal, organista Marco Brescia interpreta concertos setecentistas para órgão e cordas, ao lado do Cuarteto Alicerce, da Espanha (Foto: Divulgação)

Contextualização
As apresentações gravadas dos concertos do 31º Festival também contarão com a contextualização histórica, realizada pelo professor de Música da UFJF, Rodolfo Valverde, antes de cada uma delas. A ação já se tornou um diferencial do tradicional evento juiz-forano. 

A programação completa da edição virtual, com os painéis do Encontro de Musicologia Histórica, depende ainda de algumas participações a serem confirmadas. A organização do Festival ainda vai definir as plataformas em que os concertos e debates serão apresentados.

Edição Virtual
Programação confirmada (Datas ainda serão definidas):

  • Concerto de Fortepiano: Edmundo Hora (Campinas/SP)
  • Concerto de Alaúde, Viola da Gamba e Oboé Barroco: Cristián Gutiérrez, Luciano Taulis e Antonia Sanchez (Chile)
  • Concerto de Cravo e Flauta Doce: Cláudio Ribeiro e Inês d’Avena (Holanda)
  • Le Concert d’Apolon (Cravo, Viola da Gamba e Alaúde): João Rival, Alon Portal e Beto Caserio (Holanda);
  • Concerto de Alaúde e Flauta Doce: Giulio Quirici e Isabel Favilla (Bélgica);
  • Concerto do Trio de Flautas Doces: Cesar Villavicencio, Paula Callegari e Guilherme dos Anjos (Uberlândia/MG);
  • Apresentação didática de danças barrocas: Passos do Barroco, com Clara Couto, Maíra Alvez, Osny Fonseca e Raquel Aranha (SP);
  • Concerto de Canto e Cravo: Rosana Orsini (Portugal/Brasil) e Marco Brescia (Itália/Portugal/Brasil).

Concertos do FIO

  • Recital de Órgão – Igreja Matriz de Ribeirão – Giulio Mercati (Itália)
  • Recital de Órgão e Quarteto de Cordas – Igreja Matriz de São Martinho do Campo – Marco Brescia (Itália/Portugal) e Cuarteto Alicerce (Espanha)

Outras informações
Pró-reitoria de Cultura – cultura.ufjf@gmail.com