Congresso da Andes em 1988, realizado em Juiz de Fora

Nesses 60 anos de história da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), as três entidades representativas dos segmentos docente, técnico-administrativo em educação e discente tiveram e ainda têm papel fundamental para a garantia de melhores condições de trabalho, dos direitos estudantis e do respeito aos processos democráticos no âmbito da instituição. 

A gente constrói a Universidade. O DCE está ali todos os dias construindo as lutas estudantis, as mobilizações, construindo as pautas junto com os estudantes – Débora Paulino

As trajetórias da Associação dos Professores do Ensino Superior (Apes), do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação (Sintufejuf) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE) são parte inerente à própria constituição da UFJF. A mobilização política desses atores, por meio das inúmeras manifestações, assembleias, debates, votações e eventos diversos são a garantia de uma instituição forte, pautada pela educação pública, de qualidade e socialmente referenciada.  

Para a presidente do DCE, Débora Paulino, a entrada na Universidade marca a trajetória das pessoas, ‘é uma parte da sua vida que te muda completamente para sempre’

“A gente constrói a Universidade. O DCE está ali todos os dias construindo as lutas estudantis, as mobilizações, construindo as pautas junto com os estudantes. Nesses 60 anos, muita coisa aconteceu e o movimento estudantil se colocou presente em vários momentos onde a nossa Universidade precisou ser defendida, onde os nossos estudantes precisaram ser ouvidos”, aponta a coordenadora geral do DCE e estudante do curso de Pedagogia, Débora Paulino.

A avaliação é compartilhada pelo coordenador geral do Sintufejuf e técnico-administrativo em educação, Flávio Sereno, que recorda: a primeira associação de TAEs da UFJF foi fundada em 1963. Os diretórios estudantis e os sindicatos são personagens imprescindíveis que ajudaram a garantir o caráter público da UFJF. E isso não é pouco. É algo de extrema relevância que pode e deve ser reconhecido! Sessenta anos são seis décadas a favor da educação pública brasileira. Um marco que devemos celebrar.”

Sessenta anos são seis décadas a favor da Educação Pública brasileira. Um marco que devemos celebrar – Flávio Sereno

A presidente da Apes e professora aposentada da Faculdade de Serviço Social, Marina Barbosa, enfatiza a relevância das entidades sindicais para que de fato a Universidade esteja inserida na sua comunidade, respondendo ao que a sociedade demanda de uma instituição pública. A Associação foi criada em 1978. E, de lá até os dias atuais, seus integrantes empreenderam muitos movimentos fundamentais para garantir o protagonismo atual das instituições federais de ensino do país.  

Para Marina Barbosa, da Apes, as entidades sindicais reforçam o diálogo da Universidade com as demandas sociais

Além da luta pelas “Diretas Já”,  na defesa pela redemocratização, as entidades representativas da UFJF  exerceram e ainda exercem importante pressão para que os gestores da instituição sejam escolhidos pela comunidade acadêmica, ou seja, para que internamente os processos democráticos sejam respeitados.  

Nesse sentido, um dos marcos mais relevantes da atuação das entidades foi a reivindicação de que o Conselho Superior (Consu) acatasse as escolhas da comunidade acadêmica sobre o exercício do cargo de reitor, sendo a consulta pública realizada de forma paritária, ou seja, com mesmo peso de 33% para as três categorias. Desde 1988, o Consu mantém a referida tradição de respeito à consulta democrática.

As entidades representativas são a voz daqueles que efetivamente constroem a Universidade no seu cotidiano – Marina Barbosa

“As entidades representativas são a voz daqueles que efetivamente constroem a Universidade no seu cotidiano. São professores, são técnico-administrativos, são estudantes que vão fazer a universidade ser o que ela é: a produção de conhecimento, as relações entre esses segmentos, entre as pessoas, os projetos, os avanços nos processos administrativos, a interseção com o poder local, com os Ministérios que têm relações com o desenvolvimento das ações de pesquisa e de ensino”, defende a representante da Apes, Marina Barbosa. 

Flávio Sereno celebra a contribuição da Universidade em sua formação, e a defesa das entidades representativas pelos direitos dos trabalhadores e pela educação pública

Trajetórias políticas, conquistas pessoais e profissionais

As memórias dos coordenadores gerais das três entidades representativas da Universidade entrelaçam lutas políticas, crescimento pessoal e conquistas acadêmicas e profissionais realizadas na instituição.  A quase sexagenária UFJF recebeu a professora Marina Barbosa em 2011, na Faculdade de Serviço Social, vinda redistribuída da Universidade Federal Fluminense.

“Ao vir para a UFJF depois de 20 anos trabalhando em uma universidade com características distintas, a minha trajetória acadêmica aqui foi consolidada no que se refere à interseção da pesquisa, do ensino e da extensão e, fundamentalmente, a interseção com outras áreas de conhecimento, na medida em que se deu o processo de um núcleo de pesquisa interdisciplinar. Além de trazer a relação de trabalho e amplitude das relações de amizade, e de construções coletivas nesse processo”, destaca Marina.

Sereno, por sua vez, recorda os aprendizados das experiências como ex-aluno de graduação e pós-graduação da Universidade, nos anos 1990 e 2000, assim como à época na qual atuava no Diretório Central dos Estudantes.

“Como morador de Juiz de Fora, nascido em outra cidade da região, Cataguases, sou beneficiado pela produção e reprodução do conhecimento científico que a UFJF é responsável. Como estudante de graduação e pós-graduação, tive também experiências muito enriquecedoras com a UFJF. Tanto no âmbito acadêmico quanto de formação para a vida!”

Deflagração da greve de professores em 2015 (Foto: assessoria da Apes)

“Não é só a questão acadêmica”

Para Débora Paulino, o ingresso como estudante na graduação em Pedagogia na UFJF, no ano de 2015, representa um constante e profundo processo de amadurecimento e transformação.  “Um marco na minha trajetória pessoal, como cidadã, como um ser em transformação, como um ser que quer transformar a sociedade. Entrar na UFJF foi um evento importantíssimo. Desde então, me vejo em constante mudança, aprendizado, como um ser acadêmico, mas também como pessoa, amadurecendo meu olhar para o mundo, para as pessoas. Você não entra só pensando: vou estudar e pronto. Não é só a questão acadêmica. É um processo, uma trajetória, uma parte da sua vida que te muda completamente para sempre.” 

Outras informações: imprensa@comunicacao.ufjf.br