Diante das recentes notícias concernentes ao destino da Casa d´Italia em Juiz de Fora, instituição que em 81 anos se tornou parte significativa da cultura local, vimos por meio deste manifesto expressar a mais profunda tristeza e preocupação com a possibilidade da venda deste estabelecimento e propor um diálogo entre as partes, com o objetivo de unir esforços em busca de uma alternativa que preserve essa que é uma referência cultural das mais importantes de nosso município.

Como órgão responsável pela política de acervos da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), cujo objetivo primordial é a preservação da memória social, o Centro de Conservação da Memória (Cecom), vinculado à Pró-reitoria de Cultura (Procult), não poderia se furtar ao clamor não só dos descendentes da coletividade italiana e das famílias que se uniram para construir esse espaço de cultura para sua comunidade, representada pela Associação Ítalo Brasileira San Francesco di Paola. Trata-se de um bem que hoje é patrimônio de toda Juiz de Fora, relevante não só por sua arquitetura única – verdadeiro documento de um período histórico mundial –, mas pelos vínculos afetivos e culturais que se estabeleceram com a cidade como um todo.

Com a responsabilidade que sua inserção social lhe impõe, a UFJF tem sido, ao longo de seus 60 anos de história, uma instância que tem acolhido, na medida de suas possibilidades, os anseios da população juiz-forana no que tange  à preservação de suas referências culturais. Portanto, é com essa perspectiva que a Universidade, por meio do Cecom e da Procult, se coloca à disposição para mediar o diálogo proposto, a fim de que os interesses sociais possam ser considerados pari passu com aqueles que por ventura tenham motivado a decisão do Consulado.

Nossa disposição se deve exclusivamente à preocupação com a preservação de um patrimônio cultural e afetivo que guarda parte relevante da história de Juiz de Fora e que abriga até hoje grupos, ações e iniciativas sociais e culturais fundamentais tanto para a memória e a história dos descendentes dos imigrantes italianos quanto para a sociedade juiz-forana como um todo.

Acreditamos que a longa tradição de relacionamento entre Brasil e Itália, assim como as afinidades culturais, o histórico de amizade entre nossos povos e a memória partilhada sejam pontos de partida para estabelecimento de um possível diálogo, em nome de uma franca e transparente discussão que possa contribuir para que a comunidade de descendentes italianos da cidade e a coletividade de Juiz de Fora continuem a poder contar com a Casa d´Italia como um importante centro de referência sociocultural.

Valéria de Faria Cristofaro – Pró-reitora de Cultura

Marcos Olender- Diretor do Centro de Conservação da Memória