Evento conta com participação de Maria Leão, doutoranda em Saúde Coletiva do Instituto de Medicina Social da Uerj (Foto: Divulgação)

Em vista do mês da Celebração Bissexual e buscando debater temas que tratam de orientações sexuais que fogem da heterossexualidade compulsória e sua heteronormatividade, o Centro de Referência LGBTQI+, projeto da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) promove, nesta quarta-feira, 9, às 19h, a live “Bissexualidade Feminina: Identidade e Política”. O evento terá a participação da doutoranda em Saúde Coletiva do Instituto de Medicina Social da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Maria Leão, e será transmitido pelo Instagram do Centro (@cerlgbtqi). 

De acordo com o coordenador do projeto e professor da Faculdade de Serviço Social, Marco José de Oliveira Duarte, a importância de se tratar do tema no mês da celebração bissexual parte do princípio de que todas as identidades e expressões dos sujeitos e suas práticas sexuais e afetivas devem ser problematizadas e, com isso, virem a público a fim de serem debatidas.

“Tornar o tema da sexualidade, com foco nos direitos sexuais em contexto da “desdemocracia” que estamos vivendo é questionar a ideia de separação nítida entre as esferas pública e privada. É romper com a lógica do silenciamento, da invisibilidade e da intimidade privada, algo que historicamente e socialmente constrói estigmas, preconceitos e discriminações contra as pessoas que exercem suas sexualidades dissidentes da heterossexualidade compulsória. É afirmar a cidadania desses sujeitos que reivindicam direitos e políticas”. 

A escolha de Maria Leão para a live aconteceu, de acordo com Duarte, “por se tratar de uma bissexual ativista tanto na militância como na vida”. Sua tese tramita entre os temas da sexualidade, identidade e política, focados na bissexualidade feminina. 

Maria afirma que não havia um trabalho que focasse apenas nesta orientação. “Víamos, na perspectiva política, trabalhos que falavam sobre cultura, sobre prevenção do HIV, que pavimentaram o caminho para o que eu escrevi, mas que falavam sobre bissexuais muito mais incluído dentro de uma equação discursiva de lésbicas e bissexuais do que primordialmente sobre bissexuais e suas relações com outras identidades dentro da comunidade LGBT. Eu decidi fazer meu trabalho para expandir, aumentar a produção de memória, produção teórica para, assim, cobrir esse vácuo que a gente tinha”.

Maria considera de extrema relevância falar sobre política e identidade, no contexto sócio-político no qual o Brasil se encontra. “Nesse contexto que estamos vivendo, da ascensão de um neofascismo em escala global, a esquerda ainda sofre com esse mal de achar que a política anti-gênero seria uma cortina de fumaça para a retirada de direitos da classe trabalhadora. Acredito que seja importante para entender o que é identidade e como ela se constrói, e assim pensarmos como podemos nos organizar politicamente perante isso”. 

Outras informações: @cerlgbtqi