A plataforma JF Salvando Todos, lançou uma série de artigos explicativos intitulada “Descreve, demonstra, instrui”. O objetivo é explicar para o público leigo conceitos estatísticos diretamente relacionados às pesquisas sobre a evolução da pandemia de Covid-19. “Os artigos da série foram uma iniciativa do aluno do Curso de Estatística, Pedro Pacheco, com quem venho desenvolvendo a plataforma. Surgiram da necessidade de esclarecer de forma simples conceitos da Estatística e da Epidemiologia que podem ser muito complexos para o público não especialista e até mesmo para os gestores da saúde”, esclarece Marcel Vieira, um dos desenvolvedores. Nesta primeira edição, o foco foi o esclarecimento do que é o Número Efetivo de Reprodução (Rt) e qual a seu papel nos estudos relacionados à doença.
Número Efetivo de Reprodução (Rt) – Quem infectou quem?
De acordo com o artigo, em epidemiologia, uma das medidas mais importantes ao se estudar uma doença é o número básico de reprodução (R0). Essa medida indica o número médio de casos secundários produzidos por um único indivíduo infectado em uma população totalmente suscetível. É através deste número que é possível determinar se uma epidemia está crescendo fora do controle ou não. Por exemplo, se R0 = 2, então é esperado que um indivíduo típico infectado por essa doença infecte outras duas pessoas. Porém, o R0 é considerado ser apenas uma medida teórica, porque a população precisa ser totalmente suscetível, ou seja, todo mundo deve ter probabilidade maior que zero de contrair a doença.
O problema é que as epidemias em geral não afetam populações com tal característica. Com a propagação de doenças infecciosas com altas taxas de transmissibilidade, muitas pessoas se infectam e, em diversos casos, indivíduos que já foram infectados podem tornar-se resistentes, não pertencendo mais ao grupo de suscetíveis. Para contornar o problema, foi proposto o número efetivo de reprodução, Rt . Essa medida indica o número de casos secundários produzidos em média por um indivíduo infeccioso em uma população onde nem todos são suscetíveis. Diferentemente do R0, o Rt é mais realista e muito importante no estudo da evolução de pandemias. “Considera-se, quando combinado com outros indicadores como o número de casos, número de óbitos, taxa de ocupação de leitos, por exemplo, que uma pandemia está sob controle quando o Rt é menor do que 1 de forma persistente”, explica Vieira.
O pesquisador destaca que o acesso às informações sobre a pandemia no que diz respeito aos dados, às análises produzidas e aos conceitos por trás dos indicadores calculados são elementos essenciais para conter a epidemia. “Com o acesso às informações e uma maior compreensão sobre a evolução da pandemia os cidadãos terão maiores e melhores condições para enfrentarem os grandes desafios atuais. Esse acesso pode realmente salvar vidas.”
A Plataforma JF Salvado Todos
Desenvolvida e alimentada por pesquisadores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), a plataforma JF Salvando Todos apresenta números e gráficos atualizados sobre a pandemia do novo coronavírus. Os dados são referentes a todo território nacional brasileiro e é possível pesquisá-los por Regiões de Saúde ou Regiões do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além de disponibilizar as informações publicamente, o grupo de pesquisadores divulga boletins informativos quinzenalmente, apresentando uma leitura clara e acessível sobre os dados acerca da Covid-19.
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