Evento tem como debatedores a doutora em Ciência da Religião, pela UFJF, Maria Luiza Igino, e do doutorando em Psicologia Social, pela Uerj, André Sant´Anna (Foto: Stefânia Sangi/UFJF)

O Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião (PPCir) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realiza, nesta sexta-feira, 19, a live “Religião, subjetividade e a questão racial no Brasil”. A iniciativa faz parte do projeto “Religando: Ciência da Religião on-line”, que visa promover o debate de forma didática sobre temas relacionados a religião, pandemia e atualidade. A transmissão ao vivo acontece, a partir das 16h, no canal do grupo no YouTube.

A live tem participação do doutorando em Psicologia Social, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), André Sant’Anna, e da doutora em Ciência da Religião, pela UFJF, e integrante do grupo teatral “As Ruths”, Maria Luiza Igino, com mediação do doutorando Bruno Oliveira.

Para o professor do Departamento de Ciência da Religião e idealizador do projeto,  Frederico Pieper, a iniciativa surgiu da necessidade de levar o conhecimento para além dos muros da Universidade. “A pandemia acentuou várias crises e o lugar incontornável da religião no mundo contemporâneo. Já a familiaridade das pessoas com as ferramentas tecnológicas facilitou a proposição de cursos em formato on-line. As lives são desdobramentos do projeto inicial, com uma dinâmica de interação diferente dos cursos”.

De acordo com Pieper, a escolha do tema se dá através da demanda dos inscritos.  “A abordagem do encontro foi feita a partir da necessidade que muitos inscritos expressaram de se discutir a questão racial na interface religiosa. A sensibilidade ao tema se torna mais aguçada devido aos acontecimentos recentes no Brasil e no mundo. Queremos fazer uma série de lives.”

O Debate

Objetivo de discussões permanentes sobre o tema é falar para além dos muros da academia, e alcançar quem está nas periferias e sente primeiro a opressão racial (Imagem: Pixabay)

De acordo com Maria Luiza, a transmissão buscará abordar como os negros da periferia se integram às questões religiosas. Desta forma, serão trabalhadas o trânsito religioso, a pandemia e o comportamento dos grupos em função de suas denominações e escolhas. 

Essa luta não é recente; resistimos desde que nos vimos em diáfora. No entanto, para os brancos é difícil perceber seus privilégios, ou abrir mãos dele. O debate e as ações sobre o racismo não devem se restringir a nós, pretos, mas a toda a população. A Lei 10.639, que versa sobre o ensino da cultura africana e afrobrasileira, tem o intuito de desmistificar que negros são preguiçosos, que não são capazes de aprender. Com esta abordagem, será possível mostrar quantas são as contribuições dos africanos e dos afro-brasileiros, não restringindo somente à arte e à culinária”, destaca.

Maria Luiza ressalta ainda a questão racial no Brasil e os últimos acontecimentos marcados por manifestações em todo o mundo. “Nossas crianças pretas estão sendo dizimadas diariamente, tentam incessantemente nos aniquilar e nós, pretos, estamos gritando há centenas de anos aqui no Brasil. No entanto, não devemos deixar que, quando essa onda passar, a questão racial no país seja novamente jogada em plano secundário. Precisamos fazer com que esse debate permaneça em voga e, para isso, precisamos falar não só para quem está dentro da academia, mas tem que ser um debate pra quem está nas periferias e sente primeiro a opressão.”

A live é aberta e terá duração de uma hora, sendo dividida em desenvolvimento do tema, observações e questionamentos do público. 

Outras informações
Canal – Religando: Ciência da Religião online

Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião