Identificar os impactos da implementação do chamado forward guidance na economia brasileira foi o que pautou a dissertação do acadêmico Pedro Henrique Santos Carvalho, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Economia, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). O objetivo do estudo foi avaliar se a ferramenta é eficaz na potencialização de mudanças na política monetária brasileira, além de analisar se haveria alguma desvantagem em seu uso.

Na prática, a ferramenta é utilizada pelo Banco Central para exercer seu poder na política monetária, a fim de influenciar, com suas próprias previsões, as expectativas do mercado quanto a níveis futuros de taxas de juros. A metodologia, segundo Pedro Henrique, apresentou como base um modelo Dinâmico Estocástico de Equilíbrio Geral (DSGE) para simular a economia brasileira, estabelecendo-o de forma a comparar dois cenários distintos: com e sem a antecipação dos agentes econômicos com relação à trajetória futura da taxa de juros. 

O pesquisador revela que, no cenário onde há a antecipação das ações do Banco Central, o forward guidance potencializou a redução sobre a inflação em 60%, o que, segundo ele, é positivo, e em 50% sobre o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), o que é negativo. Com isso, a pesquisa aponta que a utilização do forward guidance fez com que o aumento na taxa de juros intensificasse o efeito sobre inflação e PIB. “O  modelo foi calibrado com valores encontrados na literatura sobre o tema. O resultado reafirma essa literatura existente sobre o assunto, em que o forward guidance é capaz de potencializar os efeitos de mudanças na política monetária”, reforça Pedro Henrique. Ele aponta, ainda, que foi verificado um efeito negativo sobre a dívida pública de meio ponto percentual, uma desvantagem relevante que o acadêmico avalia que deve ser considerada em sua aplicação. 

O orientador do estudo, professor José Simão Filho, destaca que essa ferramenta de comunicação foi muito utilizada pelos principais bancos centrais do mundo, sobretudo no período relativo à crise subprime –  crise financeira desencadeada em 2007, a partir da queda do índice Dow Jones motivada pela concessão de empréstimos hipotecários de alto risco. “Naquele contexto, as autoridades monetárias tinham como objetivo mitigar os efeitos da crise sobre o Produto Interno Bruto (PIB) e, para tal, emitiram sinais relativos ao afrouxamento monetário.” Dessa forma, ele avalia que o uso do forward guidance pelo Banco Central é presença obrigatória na recuperação das economias pós-crise, “o que indica o uso da mesma na redução das incertezas e na retomada da economia brasileira, decorrente da pandemia do Coronavírus.”

Contatos:
Pedro Henrique Santos Carvalho – (Mestrando)
carvalho2405@hotmail.com

José Simão Filho – (Orientador)
simao.filho@ufjf.edu.br

Banca examinadora:
Prof. Dr. José Simão Filho (Orientador – UFJF)
Prof. Dr. Cláudio Roberto Fóffano Vasconcelos – (UFJF)
Prof. Dr. Eudésio Eduim da Silva – (FIEMG)

Outras informações: (32) 2102-  3533 – Programa de Pós-graduação em Economia