As condições como os agentes privados formam suas expectativas para a inflação futura ao conhecerem os anseios do Banco Central do Brasil (BCB) diante da conjuntura do país pautaram a tese da acadêmica Vanessa Castro Abreu. O estudo de doutorado foi desenvolvido e apresentado no Programa de Pós-graduação em Economia (PPGE), da Universidade Federal de Juiz de Fora. 

 De acordo com a pesquisadora, o BCB observa os movimentos de variáveis a fim de promover políticas econômicas que garantam o bem estar da população, como a busca pela redução da taxa de juros, pela queda dos preços, pelo aumento do emprego, entre outros fatores relacionados à qualidade de vida. “Nesse sentido, esses agentes preveem como os preços, os juros, a produção, serão no futuro e, assim, podem tomar suas decisões de consumo, investimento ou política”, explica Vanessa. 

Ainda segundo ela, o BCB publica, trimestralmente, no seu site, os Relatórios de Inflação, além de possuir o chamado Sistema de Expectativas de Mercado, que permite que agentes privados (instituições bancárias, corretoras, consultorias, entre outros) divulguem suas expectativas para diversas variáveis econômicas, dentre elas, a inflação.  “Nós utilizamos as previsões de inflação do BCB publicadas nos Relatórios e as expectativas de inflação dos agentes de mercado divulgadas no Sistema para realizar esse trabalho. No primeiro momento, buscamos avaliar se a divulgação das previsões de inflação do BCB reduzia a discordância entre o que os agentes privados e o BCB esperavam para a inflação futura. De outro modo, se a publicação das previsões de inflação do BCB fazia com que as expectativas de inflação dos agentes privados fossem mais próximas das previsões de inflação do BCB.”

Para tanto, a acadêmica revela que foi utilizada uma medida de discordância entre as expectativas do público e as previsões do BCB e avaliado se a divergência aumentava ou reduzia a partir da publicação das previsões de inflação do BCB. “Avaliamos esse movimento no período entre o quarto trimestre de 2001 e o quarto trimestre de 2017 e consideramos diferentes horizontes de previsão.” 

Vanessa revela, ainda, que, a partir da análise, percebeu-se que a transparência econômica do BCB é importante para fornecer informações aos agentes privados sobre as perspectivas para a inflação futura. “Além de contribuir para reduzir a discordância entre o que o BCB e os agentes privados esperam para a inflação futura, a divulgação das previsões pode ajudar a reduzir a inflação esperada pelos agentes privados.” Nesse sentido, a pesquisadora avalia que a divulgação das previsões do BCB pode auxiliar na busca por uma inflação baixa e estável e, por conseguinte, no planejamento do futuro pelos agentes.

De acordo com o professor orientador da pesquisa, José Simão Filho, o estudo contribui muito para a literatura, uma vez que enfatiza os efeitos da transparência do Banco Central do Brasil sobre as expectativas de inflação. “Na prática, as publicações das previsões da inflação, no relatório de inflação do Banco Central, implicam redução da inflação, das taxas de juros e do desemprego.”

Contatos:
Vanessa Castro Abreu – (doutoranda)
vanessa.cabreu@gmail.com

José Simão Filho – (orientador)
simao.filho@ufjf.edu.br

Banca Examinadora:
Prof. Dr. José Simão Filho – (orientador – UFJF)
Prof. Dr. Wilson Luiz Rotatori Corrêa – (UFJF/Ministério da Economia)
Prof. Dr. Admir Antônio Betarelli – (UFJF)
Prof. Dr. Luiz Antônio Lima Júnior – (UFJF/GV)
Prof. Dr. Gabriel Caldas Montes – (UFF)
Prof. Dr. Helder Ferreira de Mendonça – (UFF)

Outras informações: (32) 2102 – 3533 – Programa de Pós-graduação em Economia (PPGE)