Um convite a colocar-se no lugar do outro, tentando compreender seus sentimentos, emoções e realidade. Esta é uma das mensagens do vídeo, elaborado pelo Centro de Referência e Promoção da Cidadania LGBTQI+ (CeR-LGBTQI+) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), para impulsionar a Campanha TranSolidariedade.

O material em audiovisual foi divulgado esta semana, e tem por objetivo, como o próprio nome da ação aponta, incentivar a solidariedade às pessoas travestis e transexuais em situação de rua e/ou prostituição, especialmente durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus. 

Ao todo, dez depoimentos convidam a comunidade de Juiz de Fora a colaborar com a subsistência de um grupo populacional historicamente vulnerável pelas discriminações as quais está submetido.  “O objetivo é atender, apoiar e articular as mulheres transexuais e travestis trabalhadoras do sexo que neste momento da pandemia não podem correr risco no seu ofício nas ruas”, afirma o coordenador do CeR-LGBTQI+ e professor da Faculdade de Serviço Social da UFJF,  Marco José Duarte.  

A iniciativa é uma parceria do CeR-LGBTQI+ com o Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH) e o Grupo Força Trans. “Em meio à pandemia, algumas parcelas da população se tornaram ainda mais vulneráveis, o que é o caso de travestis e pessoas transgênero. A expectativa de vida de uma pessoa trans no Brasil é de 35 anos de idade, metade da expectativa de vida do brasileiro em geral. A situação é mais alarmante ainda quando levamos em consideração que o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo”, ressalta a coordenadora do Grupo Força Trans, Alice Prado. 

O vídeo da Campanha TranSolidariedade recorda que o acesso de travestis, transexuais e transgêneros ao mercado de trabalho formal está distante de ser uma realidade no Brasil.  “Cerca de 90% das travestis e mulheres trans estão na prostituição. Essa população vive uma significativa vulnerabilidade. Neste contexto de pandemia, elas precisam ‘escolher’ entre o provável risco de contaminação por uma doença que pode ser letal ou a perda de sua única fonte de renda”, acrescenta a psicóloga do CRDH, Maria José Figueira Pereira.      

A mestranda em Serviço Social na UFJF e técnica em saúde do Hospital Universitário, Dandara Oliveira, alerta sobre as dificuldades de acesso à saúde devido à transfobia. “O acesso à saúde e os estudos sobre a saúde da população trans são ínfimos. Numa cidade como Juiz de Fora que tem tão poucas políticas públicas para essa população, o problema fica ainda mais grave. Além dos casos de hormonização por conta própria, que oferecem risco físico e danos significativos à saúde, temos o problema da falta de formação do profissional e às vezes da recusa em atender a população trans, fazendo com que tudo fique mais grave se essa pessoa for infectada pela Covid-19.”

A avaliação é compartilhada pela cantora e compositora Mc Xuxu. “Nós entendemos a importância desta campanha estar sendo organizada e apresentada principalmente por pessoas transexuais, precisamos ajudar as nossas da forma que podemos, nos unir e ocupar os nossos locais de fala. Só assim poderemos avançar nos nossos direitos, apesar de as circunstância não ajudarem. Juntas somos muitas e mais fortes”, conclui.

A participação na ‘Campanha TranSolidariedade’ pode ser feita pelos meios virtual e presencial.  

Colabore  com a “Campanha TranSolidariedade”.

Já as doações presenciais de mantimentos, materiais de higiene pessoal e limpeza podem ser realizadas de segunda a sexta-feira, das 11h30 às 14h30, no Centro de Referência em Direitos Humanos (CRDH), na Rua Vitorino Braga, 126 B, bairro Vitorino Braga. 

Saiba mais:

Centro de Referência LGBTQI+ arrecada mantimentos e material de higiene pessoal

Vidas Precárias e LGBTQIfobia no contexto da pandemia: a necropolítica das sexualidades dissidentes

Outras informações: imprensa@comunicacao.ufjf.br