O Laboratório Virtual de Pesquisa em Educação Matemática (LaPEM-v) é um espaço de desenvolvimento de pesquisas, atividades com materiais manipuláveis virtualmente, jogos e conteúdos para a formação continuada de professores. O projeto, lançado na última sexta-feira, 22, têm o intuito de unificar as potencialidades da tecnologia da informação e da comunicação em benefício do processo de aprendizagem matemática. O site é resultado da dissertação realizada pela mestranda Beatriz Oliveira dos Santos, com orientação do docente Marco Escher.

Os materiais disponíveis foram inspirados no Laboratório de Ciências e Educação Matemática (LaCEM), instalado no Centro de Ciências da UFJF. O projeto simula ações feitas em materiais didáticos conhecidos e em objetos concretos; além de proporcionar experiências inviáveis para ambiente físico. O estudo fez uso de softwares, como o Geogebra, para desenvolver os conteúdos manipuláveis. Para realização prática, o site contou com suporte da equipe de NCR do Instituto de Ciências Exatas (ICE) e Centro de Gestão do Conhecimento Organizacional (CGCO). 

O LaPEM-v pretende contribuir com escolas, professores e alunos que não dispõem de laboratórios físicos estruturados. A iniciativa cria condições para que pessoas, mesmo separadas fisicamente e em tempos diferentes, possam ter acesso ao ambiente educacional virtual. O projeto conta com espaço para compartilhamento de ideias e manipulação de materiais e jogos virtuais para auxiliar no processo de ensino e aprendizagem da matemática.

Aplicações

O laboratório virtual surge como alternativa a demandas reais observadas por professores em sala de aula, explica Escher, orientador do estudo. Com a mesma perspectiva, a pesquisadora Beatriz diz que há uma tendência que indica o uso de materiais manipuláveis no processo de ensino e aprendizagem. “Como professora, gosto de discutir alguns conteúdos de matemática a partir do manuseio destes materiais, o mesmo sinto ao preparar as aulas, principalmente geometria e trigonometria. A oportunidade da experiência antes da aula permite identificar as limitações dos materiais e as competências que podem ser desenvolvidas no aluno”, complementa.

Escher explica que o LaPEM-v se configura como um produto educacional, preconizado como uma proposta de ação a partir do mestrado profissional. Esta ação faz parte das exigências para a formação como Mestre em Educação Matemática, no Programa de Pós-graduação em Educação Matemática (PPGEM). O docente avalia que laboratório pode ser um recurso educacional no atual cenário de pandemia: “O LaPEM-v não foi, inicialmente, criado com esse objetivo. Porém, ao deparar-nos com a atual situação pandêmica, o laboratório pode ser muito útil de várias maneiras. Dentro dele encontramos atividades que podem ser desenvolvidas pelos alunos,  supervisionadas quando necessário pelos professores, com orientações detalhadas, assim como ambientes que podem ser explorados pelo aluno, como mais uma forma de ‘visualizar’ as relações estudadas dentro e fora de sala da aula.”

Beatriz, que atua na rede pública, já está usando o laboratório como referência para o ensino sobre os objetos manipuláveis e como material de apoio. “Neste período de pandemia, eu e alguns colegas de mestrado utilizamos o LaPEM-v várias vezes com nossos alunos. Ao usar o compartilhamento de tela entre as pessoas envolvidas no Google Meet, por exemplo, é possível discutir conteúdos com os estudantes. Neste processo de ensino e aprendizagem a distância o professor vai conduzindo os alunos ao objetivo da aula”, afirma a professora.

O site conta, ainda, com biblioteca virtual e fóruns de discussões para as atividades. A biblioteca reúne textos de pesquisadores em educação matemática, contribuindo para a formação docente no que se refere ao uso, relevância e dificuldade com materiais (físicos ou virtuais), jogos e atividades no processo de aprendizagem; também com temas para a própria formação continuada de professores, explica Escher.

A coordenadora do PPG em Educação Matemática da UFJF, Maria Cristina Araújo de Oliveira, diz que o laboratório cria uma possibilidade diferenciada no fazer da matemática. “A partir da utilização de software como o Geogebra, é possível conjecturar, validar, produzir contra-exemplos, que são elementos fundamentais para uma boa aprendizagem matemática. Por ser um ambiente de livre acesso e gratuito, o LaPEM-v é um espaço democrático de aprendizagem e de formação para professores, que representa um importante resultado do trabalho científico produzido nas universidades públicas brasileiras, em particular, na UFJF”, considera.