Conforme Nota Técnica ao Protocolo de Infecção Humana pelo SARS-COV-2 divulgada na última segunda, 4, pelo Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES), os laudos dos testes de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR) realizados e emitidos pela UFJF poderão ser utilizados para efetuar o fechamento da investigação epidemiológica de Covid-19. Essa atualização dispensa a realização de análises adicionais e confirmação pelo Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais (LACENMG/FUNED). Com essa mudança, os resultados obtidos pelos testes realizados no campus serão contabilizados e entrarão para as estatísticas do estado. A atualização tem como objetivo mudar o quadro de subnotificação da doença no município.

Resultados obtidos pelos testes realizados na UFJF passam a ser contabilizados e a fazer parte da estatísticas do estado.

Testes para Covid-19 realizados na UFJF

Desde 17 de abril, a UFJF, em parceria com a Prefeitura de Juiz de Fora, recebe amostras para realizar testes para o diagnóstico de Covid-19. São dois laboratórios, localizados no campus qualificados para efetuar os exames, um no Instituto de Ciências Biológicas e outro na Faculdade de Farmácia. Somada, a capacidade de ambos é de cem testes diários, com o resultado disponível em até 48 horas após o recebimento das amostras dos pacientes. Os laboratórios passaram por uma inspeção da Vigilância Sanitária e foram devidamente credenciados, recebendo alvará para o funcionamento e efetivação dos testes.

Com a atualização trazida pela Nota Técnica, a divulgação de dados e a investigação epidemiológica da Covid-19 serão otimizadas. “Os exames trazem dados em tempo real. Uma vez que não são enviados para Belo Horizonte, esses dados são computados de forma mais rápida”, afirma Sandra Tibiriçá, professora da Faculdade de Medicina da UFJF. “Antes os resultados obtidos nos laboratórios da UFJF e em laboratórios privados eram contabilizados só para os dados do município. Com a Nota Técnica serão contabilizados também para o estado.” 

“As UBSs enviam a notificação para a Prefeitura e então os casos são encaminhados para a nossa equipe e, a partir disso, traçamos a nossa rota”, reforça Érika Andrade.

De acordo com a professora, os exames PCR realizados pela UFJF serão coletados em pacientes sintomáticos entre o terceiro e décimo dias de sintomas, seguindo critérios técnico-científicos. “A população alvo são profissionais de saúde que atendem no SUS do município de Juiz de Fora, pacientes  internados em  instituições municipais e naquelas com leitos Covid-19 pactuados”, esclarece Sandra. Também fazem parte do grupo-alvo pacientes sintomáticos da Atenção Primária à Saúde (APS), que foram atendidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e fazem parte do  grupo de vulneráveis, conforme critérios preestabelecidos e avaliação da equipe da Estratégia de Saúde da Família.

Grupo da Faculdade de Enfermagem se prepara para iniciar coleta de amostras para análise nos laboratórios da UFJF. (Foto: Alexandre Dornelas)

Coleta residencial de pacientes sintomáticos

Nesta quarta, 6, três equipes, reunindo professores e alunos da Faculdade de Enfermagem, uma enfermeira do Hospital Universitário e funcionários da Prefeitura, foram formadas para a coleta de amostras para exame dos casos suspeitos de coronavírus no município. A cidade foi dividida em quatro áreas e cada uma das equipes é responsável por uma das áreas. Inicialmente serão analisados os casos sintomáticos de profissionais de saúde, idosos acima de 65 anos e portadores de doenças crônicas. “Vamos até os domicílios, coletamos o exame e depois levamos para o laboratório da Universidade para fazer as análises. As UBSs enviam a notificação para a Prefeitura e então os casos são encaminhados para a nossa equipe e, a partir disso, traçamos a nossa rota. Montamos na Faculdade de Enfermagem uma estrutura de apoio para preparo e limpeza de material, paramentação e desparamentação”, esclarece Érika Andrade, professora da Faculdade de Enfermagem da UFJF. Os resultados dos testes serão encaminhados para o paciente pelo serviço de vigilância epidemiológica do município. 

Os pacientes passam por consultas na Atenção Primária e aqueles que se enquadrarem nos critérios utilizados – entre o 3º e 10º dia de início dos sintomas – são selecionados e então os dados são enviados para a equipe de coleta. Em parceria com a Prefeitura, “a UFJF ofereceu três equipes de coleta, transporte, capacitação técnica e parte dos equipamentos de proteção individual (EPI)”, aponta Sandra Tibiriçá. 

A coleta residencial é uma das ferramentas para a manutenção do isolamento social. De acordo com estudo do Programa de Pós-Graduação em Modelagem Computacional da UFJF, Juiz de Fora precisa aumentar em 50% o isolamento social para auxiliar na prevenção do contágio de Covid-19. Segundo Sandra, essas equipes foram desenvolvidas para garantir que a pessoa com sintomas não circule pelo município e para assegurar que faça o exame no melhor momento, sem custos e dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). “Este projeto é um exemplo claro de como o SUS pode funcionar bem, com a articulação dos três níveis de atenção e utilizando a expertise e força de trabalho acumulada ao longo de décadas dos docentes e pesquisadores da UFJF a serviço da população e dos profissionais de saúde, muitos deles, nossos egressos”, conclui Sandra.