Juiz de Fora evitou cerca de 2281 infecções, 133 internações em leitos de enfermaria e 20 em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) por Covid-19 até o dia 14 de abril. É o que mostra a nota técnica elaborada por pesquisadores da UFJF, que traz como provável justificativa para isso o isolamento social recomendado pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) por meio de decreto lançado no dia 19 de março. Os números foram obtidos a partir da observação do “descolamento”, cerca de 12 dias após o decreto, dos dados oficiais da curva inicial prevista por meio de um modelo exponencial simples. 

“Os cenários mostram que se não tivesse acontecido uma intervenção com isolamento social na cidade a nossa situação seria muito pior. O que dá mais destaque é que, com o efeito da intervenção, houve uma desaceleração do contágio em Juiz de Fora”, explica um dos autores do documento e professor da Faculdade de Medicina da UFJF, Fernando Colugnati.

A nota se baseia nos dados oficiais sobre a Covid-19 no Brasil, na região Sudeste, no estado de Minas Gerais e na cidade de Juiz de Fora disponibilizados na plataforma JF Salvando Todos. O portal capitaneado por alunos e o professor do Departamento de Estatística da UFJF e, também, autor da publicação, Marcel Vieira, é alimentado pelos dados divulgados nos boletins epidemiológicos do Ministério da Saúde e secretarias estaduais.

A partir desses dados, a equipe consegue traçar, por meio de modelos de simulação, os cenários futuros para a cidade. “A estimativa é que comecemos a entrar numa exponencial mais forte a partir do mês de maio, o que coincide com as observações do Ministério da Saúde. Devemos atingir um pico maior em meados de agosto. Obviamente, se a população voltar para a rua, como está acontecendo, pode ser que aconteça mais cedo“, ressalta Colugnati. De acordo com as estimativas, a capacidade atual de leitos de UTI na cidade (183) deve estar totalmente ocupada em junho, enquanto o mesmo deve acontecer aos leitos de enfermaria (1349) no mês seguinte.

Os dados obtidos pelas projeções servem para validar as tomadas de decisões até agora e auxiliar nos planos de contingenciamento dos leitos, profissionais e equipamentos de saúde no decorrer do crescimento da infecção na cidade. “Os resultados deste modelo corroboram a hipótese de que as medidas de distanciamento social adotadas pela Prefeitura de Juiz de Fora até aqui tiveram um efeito de reduzir a curva de crescimento da epidemia e devem ser continuadas, pelo menos no curto prazo. As próximas atualizações do modelo poderão contar com dados ainda mais fidedignos e melhorar a acurácia das previsões”, aponta o professor da Faculdade de Medicina e autor da nota técnica, Mário Nogueira.

Confira a íntegra da nota técnica sobre a evolução da pandemia da Covid-19 em Juiz de Fora.

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