Uma forma de manter a rotina de estudos sem se sobrecarregar apenas com os conteúdos acadêmicos é recorrer à literatura geral. Para quem já tem o hábito de ler ou apenas precisa espairecer e viver novas aventuras, professores da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e do Colégio de Aplicação João XXIII dão dicas literárias ao alcance de todos.
Há poesias, obras clássicas e contemporâneas, entre elas, sugestões que podem levar à reflexão sobre o isolamento social. Também há indicações de livros infantis para ler em família e aproveitar o tempo para conhecer novas narrativas.
Clássicos e grandes apostas
Estudioso das áreas de Literatura Portuguesa e Literaturas Africanas em Língua Portuguesa, o professor da Faculdade de Letras, Edimilson de Almeida Pereira, acredita que é sempre hora de conviver com bons livros e textos. Poeta e ensaísta, seus títulos estão entre as principais referências da poesia brasileira contemporânea – um dos últimos é Qvasi (2017), finalista do prêmio Jabuti. No ano passado, lançou a antologia “Poesia +”, que reúne quase 200 poemas. Pereira indica os seguintes livros para a quarentena:
Clássicos nacionais e internacionais:
– Dom Casmurro, de Machado de Assis;
– Grande Sertão Veredas, de Guimarães Rosa;
– A paixão segundo G.H, de Clarice Lispector;
– A montanha mágica, de Thomas Man;
– O lobo da estepe, de Herman Hesse;
– A peste, de Albert Camus.
Obras de autores contemporâneos promissores
– Outros cantos, de Maria Valéria Rezende;
– Torto arado, de Itamar Vieira Júnior;
– Marrom e amarelo, de Paulo Scott.
Shakespeare e além
Com uma atuação profissional voltada para o teatro, a professora da Faculdade de Comunicação (Facom), Márcia Falabella, acredita que ler, assim como consumir qualquer arte, faz bem para o corpo, mente e alma, podendo tornar a vida mais leve. Sobre a sugestão de leituras clássicas, é enfática: “Shakespeare sempre!”. Já em relação à literatura contemporânea, lista cinco delas:
– Introdução à História da Comunicação, de Pablo Laignier e Rafael Fortes (orgs);
– Arte y Ofício del Teatro: Un manual inspirador y riguroso para dramaturgos, directores y actores de teatro, de Alan Ayckbourn;
– Prólogo, ato, epílogo: memórias , de Fernanda Montenegro;
– Zen: a arte de viver com simplicidade, de Shunmyo Masuno;
– Eu sobrevivi ao Holocausto, de Blitz Konig.
Para refletir sobre crise, emoções e isolamento
Com uma proposta reflexiva, voltada para as dinâmicas da solidão, do envelhecimento e do sofrimento, o professor do Departamento de Ciências Sociais do Instituto de Ciências Humanas (ICH), Raphael Bispo, sugere, entre textos clássicos e contemporâneos, narrativas que ajudem a pensar nas dinâmicas das subjetividades em contextos sociais de crise. As escolhas foram baseadas em trabalhos empíricos que abordam o dia a dia de idosos, médicos e como lidamos com as emoções diárias diante da dor e do sofrimento dos outros. Ele próprio é autor de “Tempos e silêncios em narrativas: etnografia da solidão e do envelhecimento nas margens do dizível”. As obras indicadas são:
– Da solidão, de Michel Montaigne;
– A solidão dos moribundos, de Norbert Elias;
– Banalidade do mal, de Hannah Arendt;
– Reflexões sobre crueldade e tortura, de Talal Asad;
– Vida precária, de Judith Butler ;
– Difíceis Decisões: etnografia de um Centro de Tratamento Intensivo, de Rachel Aisengart Menezes;
– Necropolítica – Achille Mbembe.
Para crianças, jovens e adultos
Para adolescentes e adultos, a professora do Colégio de Aplicação João XXIII, e também escritora de livros de formação na área pedagógica e da série infanto-juvenil Diários da Professora Bela, Lauriana Paiva, percebe que o contato com autores como Machado de Assis, Guimarães Rosa, Mario Quintana e Cecília Meireles são sempre boas leituras. Na sua lista, estão dois autores importantes para entender o momento: José Saramago, com as obras “O conto da ilha desconhecida”, “Ensaio sobre a cegueira” e “Ensaio sobre a lucidez” e George Orwell, com “A Revolução dos Bichos” e “1984”.
Para entreter os pequenos, Lauriana aponta obras e autores clássicos. Entre eles, “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint-Exupéry; “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, e as obras de Monteiro Lobato. “Ele é um dos principais escritores brasileiros e foi o primeiro a criar histórias enriquecidas pelo nosso folclore, natureza e comportamentos, direcionadas a crianças, entre outras questões”, comenta.
Além disso, ela recomenda a leitura em família, numa volta ao tempo, como no tempo dos nossos avôs, bisavôs, reunidos na sala no final do dia. “Da sala da Dona Benta às salas das nossas casas, dialogando sobre as histórias, sobre o tempo histórico no qual a obra foi escrita, o quanto as questões sociais se modificaram, assim como a própria infância. É tempo de nos reinventarmos e assim fortalecermos nossos laços também como família leitora”, explica.
Bibliotecas da UFJF
As bibliotecas da UFJF possuem acervo on-line com mais de 21 mil e-books, que podem ser acessados, por estudantes e servidores, pelo Sistema Integrado de Gestão Acadêmica (Siga). A utilização desse recurso permite que, durante os dias de suspensão de aulas, os estudantes tenham acesso prático e rápido aos conteúdos acadêmicos, podendo adiantar a leitura de matérias ou revisar conteúdo teórico. São oferecidas 16 plataformas, on-line, entre pagas e gratuitas, nas quais os alunos encontram periódicos, publicações e artigos.
Ao entrar no Siga 3, basta clicar em “Biblioteca” e o aluno já encontra não só o acervo físico, mas a versão digital de livros que estão disponíveis. Outras informações sobre como acessar o acervo digital são encontradas no site da própria Biblioteca.
Plataformas On-line
Algumas empresas estão disponibilizando acesso gratuito a determinados conteúdos. A Amazon liberou livros gratuitamente sobre diversos temas na plataforma Kindle, assim como revistas e jornais.
E você? O que tem lido?
A UFJF quer saber o que a comunidade acadêmica tem lido durante a quarentena. Se você é estudante, professor, técnico-administrativo em Educação ou trabalhador terceirizado, tire uma foto do livro que está lendo, poste no seus stories e não se esqueça de nos marcar no instagram @UFJF .
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