Pesquisadores e alunos de diversas instituições além de representantes da sociedade civil organizada participaram ativamente da discussão para elaborar o Plano Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação para o desenvolvimento socioeconômico de Minas Gerais. (Foto: Gabriela Almeida)

O primeiro encontro regional do Fórum Técnico Minas Gerais pela Ciência foi marcado pelo debate sobre o investimento em ciência, tecnologia e inovação (CT&I) no estado e, especialmente, na Zona da Mata mineira. A reunião aconteceu no Centro de Ciências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), reunindo representantes de diversos setores, além de autoridades da cidade e do estado.

Deputada Beatriz Cerqueira é presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia e responsável pela proposta do Fórum Técnico. (Foto: Gustavo Tempone)

O encontro de Juiz de Fora é o primeiro de nove que vão acontecer até o final de abril. A deputada estadual Beatriz Cerqueira, presidente da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia, destaca a relevância da discussão para a composição do Plano Estadual na área e avalia essa primeira etapa: “É muito importante termos conseguido reunir tantas pessoas numa conjuntura tão adversa. Esse é um pontapé importante. Desejo que nós possamos ter todo esse acúmulo como uma agenda propositiva, no momento em que o país carece de agendas positivas, que discutam e que formulem”.

Na regional de Juiz de Fora, a maioria das propostas para discussão foram aprovadas sem destaques - intervenções no texto que serão discutidas na etapa final. Em cada grupo de trabalho, onze proposições receberam pedido de reestruturação. Outras oito novas propostas - duas para cada subeixo - foram apresentadas e selecionadas pelos participantes. A diretora do Centro de Pesquisas René Rachou da Fiocruz Minas, Zélia Maria Profeta da Luz, avalia que os grupos de trabalho foram muito produtivos. “Os grupos foram bastante participativos e as propostas que foram criadas vão enriquecer muito o documento. Também escolhemos os representantes que vão defender as propostas da Zona da Mata na etapa final, porque é muito importante que tenhamos, nessa fase, um número grande de pessoas participando”, reforça.

Na oportunidade, o reitor Marcus David evidenciou a importância para universidade de sediar um debate para o desenvolvimento de uma política de CT&I. (Foto: Gustavo Tempone)

O reitor da UFJF, Marcus David, evidencia a relevância para a universidade em receber esse encontro regional. “Isso se explica, em primeiro lugar, porque permite uma aproximação da universidade com diversos outros agentes para debater uma política de CT&I para o estado. Por outro lado, permite que a comunidade da própria UFJF também faça essa reflexão e esse debate sobre princípios fundamentais para essas áreas”, analisa.

O diretor do inovação do CRITT da UFJF, Ignácio Delgado, ressaltou, durante sua palestra de contextualização, a necessidade de uma conjunção entre investimentos governamentais e privados em CT&I para o desenvolvimento da Zona da Mata. “Durante o processo de geração de inovação, a incerteza é parte fundamental da atividade. As empresas, por si só, não vão fazer investimentos maciços em atividades cujos resultados sejam muito incertos. O smartphone, por exemplo, foi criado a partir da combinação de elementos criados a partir de pesquisas financiadas pelos governos dos EUA e da Inglaterra. Entretanto, é tão grande a incerteza com relação ao investimento nesses componentes, que não se fariam com recursos privados. Em todos os casos de sucesso, sem exceção, existe a combinação do investimento público em ciência e uma articulação entre academia e empresa privada que dá como resultado o desenvolvimento da atividade inovadora”.

A necessidade de uma aproximação das instituições de pesquisa com o poder legislativo é considerada fundamental pelo secretário regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Luciano Mendes: “Nós temos uma relação com o poder executivo muito forte e vivemos um momento ele tem, sistematicamente, voltado as costas para a CT&I. Esse processo [de criação e execução do Fórum Técnico] tem sido muito bom para nos aproximar do poder legislativo, que tem um papel central e uma força muito grande nas tomadas de decisões. É fundamental a sensibilidade e a decisão política desses membros da Assembleia de Minas em acolher esse tema, sem isso não estaríamos aqui hoje”, enfatiza.

O evento ainda contou com a participação do vice-presidente da Comissão de Ciência, Educação e Tecnologia, o deputado estadual Betão; da deputada federal Margarida Salomão; da vice-reitora da UFJF, Girlene Alves; do prefeito de Juiz de Fora, Antônio Almas; do vereador de Juiz de Fora, Wanderson Castelar; do vereador de Viçosa, Sávio José; do secretário de desenvolvimento econômico da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), Jackson Fernandes; e da representante da União Estadual dos Estudantes (UEE), Luiza Travassos. Na mesa de abertura, todos defenderam a importância do investimento em CT&I, da valorização da pesquisa no estado e no país e a necessidade da criação Plano Estadual para que essas áreas não sofram com a flutuação de interesses durante possíveis mudanças no governo estadual. 

Próximas etapas

As etapas regionais do Fórum Técnico Minas Gerais pela Ciência ainda passam pelas cidades de Varginha, Montes Claros, Araçuaí, Ipatinga, Uberlândia, Belo Horizonte, Divinópolis e Ouro Preto. Em seguida, em maio, acontece a etapa final na Assembleia Legislativa de Belo Horizonte, onde será consolidado o documento de propostas que será votado na plenária final e apresentado à comissão temática.

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