O reitor Marcus David (ao centro) destaca a importância de receber o Fórum Técnico Minas pela Ciência (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)

Em preparação para o primeiro encontro regional do Fórum Técnico Minas Gerais pela Ciência - Por um desenvolvimento inclusivo e sustentável, a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) realizou uma reunião nesta segunda-feira, 17 de fevereiro, no Centro de Ciências, que contou com a presença de diversos representantes - principalmente de instituições de pesquisa - de toda a região mineira da Zona da Mata e Campo das Vertentes. A convenção serviu como espaço para a apresentação de detalhes do fórum técnico, a apresentação da programação do mesmo e a discussão de estratégias de mobilização dos diversos setores da sociedade. O evento, aberto a todos interessados, acontece no dia 9 de março, com inscrições gratuitas para participação já disponíveis.

“Temos que mobilizar todos que interessam pelo bem estar da espécie humana e sua relação com os outros seres vivos” (Luciano Mendes, SBPC)

O secretário regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Luciano Mendes, fez um balanço positivo da reunião, apontando a variedade de sugestões feitas pelos participantes. Para Mendes, a preparação é um passo importante não apenas para o encontro em Juiz de Fora, como para futuras mobilizações. “Nós discutimos uma série de ideias e possibilidades de mobilização e a importância disso para o Fórum, mas algumas delas também podem impactar eventos futuros. A possibilidade de construirmos coletivamente instrumentos que possibilitem a maior participação da população é muito importante.

O Fórum Técnico tem como objetivo geral a criação do Plano Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, documento que embasa ações legislativas e do governo para essas áreas. Ele deve ser criado de forma colaborativa, por meio dos debates regionais que acontecem em nove cidades do estado, culminando na etapa final em Belo Horizonte, junto à Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O Centro de Ciências da UFJF recebe a primeira etapa do fórum, o que, de acordo com o reitor da instituição, Marcus David, é motivo de grande satisfação para a Universidade. “Essa é uma oportunidade de cumprirmos um papel de integrar os poderes públicos municipais, o setor empresarial e toda a área acadêmica, em um esforço de buscar as melhores proposições para a elaboração de uma política de ciência e tecnologia para o estado. Essa construção vai garantir que essas políticas sejam mais consistentes, sólidas, e possam levar Minas Gerais para um caminho de desenvolvimento sustentável”, defende.

O secretário de desenvolvimento tecnológico da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), Rômulo Veiga, afirma que é fundamental para o município receber uma das etapas desse processo, já que, segundo ele, cada região possui um nível diferenciado de maturidade gestiva e tecnológica, garantindo que necessidades locais possam ser discutidas no âmbito geral do estado. O secretário ainda reconhece que a Prefeitura deve contribuir para conformação dos indicadores base para as primeiras análises. “É muito importante termos um retrato do cenário atual para sabermos onde queremos chegar e o que pode ser mudado e priorizado dentro do que vai ser apresentado neste plano”, conclui.

Luciano Mendes (à direita) destaca a necessidade da participação de todos os setores da sociedade (Foto: Gustavo Tempone/UFJF)

O secretário regional da SBPC destaca que a participação de todos os setores - movimentos sociais, sindicais, estudantil, empresários, profissionais de saúde e, não somente, os cientistas - é de extrema necessidade para que as proposições contemplem os anseios de toda a sociedade. “Esse é um tema que deve ser de interesse de toda a população. Claro, interessa muito diretamente aos acadêmicos, nós que trabalhamos nas instituições de pesquisa, ciência e tecnologia, mas atinge diretamente o conjunto da população. Todos devem pensar o que a ciência representa na sociedade contemporânea, o que ela impacta no dia a dia. A qualidade do ar que nós respiramos, por exemplo, tem muito a ver com essas áreas, por isso esse é um problema de todos e não pode ficar só para os cientistas. Temos que mobilizar todos que interessam pelo bem estar da espécie humana e sua relação com os outros seres vivos”, defende Luciano Mendes.

A participação de toda a população contribui também para que aconteça uma aproximação entre o que é estudado nos centros de pesquisa e a sociedade. “Nós teremos uma visão mais clara dos anseios da sociedade, e isso vai impactar no direcionamento das pesquisas que realizamos. Cada vez mais, nós estamos tentando encurtar esses espaços, conhecer o que sociedade brasileira necessita, entregar o que ela precisa”, explica Mônica Oliveira, Pró-Reitora de Pós-Graduação e Pesquisa da UFJF. O diretor do Centro de Ciências, Elói Teixeira, corrobora que o encontro contribui para destacar o papel da ciência para o estado e país: “o conhecimento científico vem sendo atacado e levado para um patamar mais baixo nesse atual momento. Nós devemos evidenciar a importância que a ciência tem para a sociedade, permitir que a população, em especial as universidades e os centros de pesquisa, possam entrar nesse debate para que ela realmente volte a ocupar o local de destaque que ela sempre teve no nosso país”.

“É uma oportunidade da UFJF cumprir um papel de integrar o poder público, o setor empresarial e a área acadêmica” (Marcus David, reitor da UFJF)

O debate regional para a elaboração do Plano Estadual, segundo o diretor de inovação da UFJF, Ignácio Delgado, também deve contribuir para o desenvolvimento econômico da região: “as instituições de pesquisa, em articulação com o setor produtivo, é quem têm condições de recuperar, incorporando tecnologias, diferenciando produtos, fixando marcas, a nossa produção convencional – têxtil, confeccionista e de alimentos – e dar materialidade às potencialidades latentes, como a produção de medicamentos, equipamentos médicos e energia”.

O reitor da UFJF, Marcus David, conclui que a discussão sobre ciência e tecnologia no estado, para elaboração das proposições a serem apresentadas para a Assembleia Legislativa, gera um trabalho em rede para que Minas Gerais possa contribuir para o desenvolvimento social e econômico brasileiro: “a redução de investimentos em ciência e tecnologia não é caminho para o desenvolvimento do país. O Fórum Técnico Minas Gerais pela Ciência é um momento que reforça a importância desse investimento e demonstra um trabalho em conjunto para o estado trilhe um caminho junto ao desenvolvimento”.

Outras informações:
Inscrições para o Fórum Técnico Minas Gerais pela Ciência - Por um desenvolvimento inclusivo e sustentável