Jornada Música e Afetos é aberta ao público e reúne pesquisadores de instituições de Ensino Superior de Minas e do Rio de Janeiro (Imagem: Pixabay)

Em uma cultura obcecada com ideais de positividade e bem-estar, ainda se encontra espaço para ouvir e apreciar músicas tristes: por quê? Pesquisa recente indica o aumento da venda de discos de vinil em 9,6% em 2019 em relação a 2018. Qual seria a razão da renovação do interesse pelas antigas “bolachas”? Quais são os processos que fazem com que algumas músicas sejam amadas e outras sejam esquecidas? Como diferentes performances de uma mesma canção podem produzir diferentes efeitos percebidos por um ouvinte e modular seus afetos? Como pensar em um resgate da noção de delicadeza na música produzida por novos artistas brasileiros? O que define a performance do público que canta, com os braços abertos, com um sorriso no rosto e a plenos pulmões, o samba “Ai, se eu fosse feliz”, cuja letra descreve uma desilusão amorosa (“sou a tristeza em pessoa/eu vou chorando a minha dor”)?

Estas (e muitas outras) questões serão discutidas pelo Grupo “Ressonâncias”, de pesquisa em Música, Mídia e Literatura, nesta quarta-feira, 6, a partir das 17h, no Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm). A jornada “Música e Afetos” é aberta ao público e reúne pesquisadores do Centro de Ensino Superior (CES-JF), das universidades federais de Juiz de Fora (UFJF), de Viçosa (UFV), Fluminense (UFF) e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Dividido em três mesas-redondas  (”Emoções”, “Gosto/Sensibilidades”, “Performance”), o evento conta também com as participações musicais dos artistas Mamão, Dudu Costa, Édimo de Almeida Pereira, Laura Conceição, Renato da Lapa e DJ Lagartixa.

Conformismo x resistência

Grupo propõe compartilhar com o público suas reflexões sobre as implicações das diversas formas em que a música afeta as pessoas hoje (Imagem: Pixabay)

A proliferação de novos meios de produção, circulação e audição da música, no mundo atual, vem provocando profundas mudanças nas formas como as canções estão presentes em nosso dia a dia”, observam os integrantes do grupo. O desafio a que se propõem é o de compartilhar com o público suas reflexões sobre as implicações das diversas formas em que a música afeta as pessoas hoje. “Entre a alegria e a tristeza; as playlists e os discos de vinil; a renovação e a nostalgia; o conformismo e a resistência; nossa inquietação é pensar como as canções e o modo como as escutamos afetam as nossas emoções, nossa sensibilidade, a formação do nosso gosto musical e as performances que realizamos quando as ouvimos ou as tocamos”.

A primeira mesa-redonda gira em torno do tema “Emoções” e conta com os pesquisadores Henrique Mazetti (UFV) e Rodrigo Barbosa (UFJF), além de participação do sambista Armando Aguiar (Mamão). A seguinte, sobre “Gosto e Sensibilidades”, é desenvolvida por Alex Martoni (CES-JF) e Rafael Saldanha (UERJ). E a terceira mesa tem as apresentações de Leonardo da Silva (UFF), Pedro Teixeira (UFJF) e Edmon Neto (CES-JF), com a presença musical de Laura Conceição. A jornada será encerrada com a música de Dudu Costa, Édimo de Almeida Pereira e Renato da Lapa.

“Música e Afetos”, evento do Grupo de Pesquisa Ressonâncias, tem ainda a discotecagem do DJ Lagartixa e coffee-break assinado por professores e alunos do curso de Gastronomia do CES-JF. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo link. Há emissão de certificados.