Pesquisador é fundador da Sociedade Brasileira de Malacologia, que comemora 50 anos de atuação (Foto: Museu de Malacologia da UFJF)

A UFJF abriga o maior acervo de malacologia das américas do Sul e Central. A coleção conta com mais de 10 mil lotes – aproximadamente 200 mil espécimes – a maioria composta por conchas e animais conservados em álcool. No Museu podem ser encontradas peças raras coletadas em diversos países, como Japão, Cuba, Filipinas e Estados Unidos, entre outros. O acervo representa o resultado do trabalho pioneiro de um abnegado pesquisador. 

Médico e especialista em Administração Hospitalar, o professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Maury Pinto de Oliveira, construiu trajetória intelectual que impactou diretamente a produção científica brasileira no Séc. XX, especialmente aquela ligada à Malacologia, o ramo da biologia que estuda os moluscos. 

Sempre com grande interesse e afinidade pelas ciências naturais, o professor organizou o 1º Encontro Brasileiro de Malacologia, durante o qual foi fundada a Sociedade Brasileira de Malacologia (SBMa), em 1969, e que celebra agora seus 50 anos. Ele também foi o primeiro presidente da SBMa, uma das mais antigas sociedades zoológicas do Brasil. Oliveira publicou diversos artigos científicos e livros na área e criou um projeto de extensão de visitas programadas ao Museu de Malacologia da UFJF, considerado inédito na ideia de popularização da ciência.

Paixão pela pesquisa

Professora lembra de Maury como um pesquisador cheio de ideias e projetos, especialmente voltados para a divulgação e popularização da ciência (Foto: Caíque Cahon/UFJF)

A professora e pesquisadora do Departamento de Zoologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da UFJF, Sthefane D’ávila, conta que conheceu o professor em 1996, quando ingressou no curso de Ciências Biológicas da Universidade. O pesquisador ajudou a criar o curso e, após se aposentar, permaneceu atuando no Museu de Malacologia até sua morte, em 2004, recebendo, mais tarde, o título de professor emérito.

Já no primeiro período, iniciei um estágio no Museu de Malacologia, sob a orientação do professor, e permaneci como estagiária durante toda a graduação, tendo, assim, a grande oportunidade de conviver com ele diariamente. Era cheio de ideias e projetos, especialmente voltados para a divulgação e popularização da ciência”, lembra. “O professor Maury faz parte de uma geração de pesquisadores que contribuiu imensamente para a formação de novas coleções científicas no Brasil, ou ampliação das coleções já existentes, as quais representam um patrimônio inestimável. Essa mesma geração contribuiu grandemente para o conhecimento da biodiversidade brasileira, com o depósito de material biológico em instituições nacionais.”

Museu de Malacologia

Professor criou a primeira coleção zoológica da UFJF, que hoje figura entre as mais representativas no ramo da malacologia no Brasil (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

O professor criou a coleção malacológica – a primeira coleção zoológica da UFJF – abrigada no Museu de Malacologia, no Centro de Biologia da Reprodução (CBR) da Universidade. O museu recebe o seu nome e sua coleção figura entre as coleções malacológicas mais representativas do Brasil, um patrimônio científico e histórico que fornece importantes dados para diversas pesquisas científicas.

Segundo Sthefane, o trabalho do professor e de seus colegas trouxe avanços à ciência brasileira que possibilitaram um salto enorme de produtividade e autonomia para as pesquisas nacionais. “Vale destacar que as primeiras iniciativas de investigação e descrição da biodiversidade no Brasil foram realizadas por naturalistas europeus e os espécimes coletados nesse período foram depositados, em sua maior parte, em museus da Europa. Assim, as iniciativas de criação de coleções e de estudo da biodiversidade por pesquisadores brasileiros, ao longo do tempo, constituem marcos importantíssimos para a ciência no país.”