Em visita à escola, pesquisador da UFJF demonstrou para alunos diferentes formas de consumir alimentos (Foto: Maria Otávia Rezende)

Se alguém te oferecesse farinha com a garantia de que ela tem a mesma concentração proteica de um bife, mesmo sem gosto nenhum, você aceitaria? E se essa pessoa te contar que tal produto foi feito de grilos e baratas? Para muitos, pode parecer uma situação absurda – mas, com o crescimento populacional e fatores ambientais preocupantes, o consumo dessa especiaria é uma das alternativas possíveis.

Para falar sobre a oferta de alimentos no futuro, o pesquisador do Departamento de Química da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Rodrigo Stephani, visitou a Escola Estadual Clorindo Burnier na sexta-feira, dia 23. “Vai ter bife para todo mundo? Teremos que achar uma alternativa”, expôs o professor. E uma das possibilidades, já consumida em países orientais, envolve insetos. 

“Eu era vocês há trinta anos”, compartilhou Rodrigo Stephani (Foto: Maria Otávia Rezende)

Os alunos ficaram relutantes com a possibilidade de consumir os bichinhos que o professor mostrava e ele esclareceu que existe a preocupação em manter o prazer e transformá-los em opções saborosas. “Todo mundo, todos os dias, se envolve com comida. O que a gente tenta fazer na universidade é garantir que vocês continuem a comer”, explicou. 

Stephani propôs uma experiência para que os alunos entendessem a importância das interações químicas para saborear alimentos. Ele entregou para cada um dos presentes uma balinha e pediu que prendessem o nariz  durante um primeiro momento, enquanto mastigavam. Logo depois, ele pediu que voltassem a respirar pelo nariz e a surpresa foi coletiva. O sabor era mais forte e gostoso do que quando respiravam e mastigavam pela boca. O pesquisador explicou que o objetivo dos pesquisadores é manter o prazer em consumir o alimento, mesmo que ele seja atípico na cultura do nosso país. 

“Eu era vocês há trinta anos”
Stephani, que morava próximo a escola, contou de sua infância na região. “Fico feliz em poder voltar, não como estudante ou quem vem andar de bicicleta, mas como alguém que está aqui para conversar com vocês. Fizeram exatamente isso comigo, eu era vocês há trinta anos. E uma conversa pode mudar sua vida”, compartilhou. O pesquisador também contou que descobriu o que queria fazer quando um evento semelhante aconteceu em sua escola e ele se interessou pela pesquisa que o docente realizava. 

O pesquisador ressaltou a importância de jovens se interessem pela ciência no Brasil e que tenham interesse em descobrir novos temas de conhecimento. “Nós precisamos de pessoas na Universidade, que serão vocês, pensando nas próximas etapas”, concluiu. 

Ana Júlia Leite da Rocha procurou o professor após a conversa. “Eu não sabia que as pessoas comiam insetos, fiquei para perguntar para ele se, da mesma forma que a carne vai ficar mais cara e diminuir a quantidade, não vai acontecer com os insetos”, relatou. “E ele me explicou a diferença”. Outra aluna, Roberta Domingos, que também quis prolongar o bate-papo, disse que achou “muito importante saber o que nos espera futuramente em relação à nossa alimentação”.

O projeto
O encontro entre os cientistas e a comunidade é uma iniciativa do projeto “A ciência que fazemos”, criado pela coordenação de Divulgação Científica da Diretoria de Imagem Institucional. Um dos objetivos da iniciativa é justamente possibilitar a aproximação entre os cientistas e os estudantes da formação de base, levando para dentro das escolas uma fração dos estudos desenvolvidos na UFJF e mostrando aos alunos que a ciência está mais próxima do que imaginam.

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