Diretora do CBR, Vera Peters, abre o segundo dia do Fórum Comemorativo dos 50 anos do Centro de Biologia da Reprodução. (Foto: Gustavo Tempone)

Para celebrar os 50 anos do Centro de Biologia da Reprodução (CBR) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o Centro organizou um Fórum Comemorativo, contando com a presença de profissionais e pesquisadores de todo país. Com o tema “Discutindo os cuidados e utilização de animais em atividades de ensino e pesquisa – dúvidas e conflitos”, o segundo dia do fórum abriu com a fala da diretora do Centro, a professora Vera Peters. Destacou alguns dos temas a serem discutidos no fórum e frisou a importância desses eventos para evoluir na discussão sobre pesquisas com animais. Por isso, também se comprometeu a realizar outros eventos no CBR. 

Como me motivar trabalhando com animais experimentais? 

A pesquisadora em genética e biologia molecular, Luisa Maria Gomes de Macedo Braga, abordou o tema “Como me motivar trabalhando com animais experimentais”.  Segundo ela, o primeiro passo é entender a importância do serviço que presta para a sociedade. “A experimentação animal ainda é um componente essencial da pesquisa biomédica”, afirma. 

Pesquisadora em genética e biologia molecular, Luisa Braga, abordou “Como me motivar trabalhando com animais experimentais”. (Foto Gustavo Tempone)

Em 1901, Emil Von Behring, pioneiro na área de imunologia, ganhou o primeiro Prêmio Nobel da Medicina e Fisiologia, por ter desenvolvido um antídoto contra a difteria. Parte importante de seus estudos foram com porquinhos da índia, animais utilizados na pesquisa, indispensáveis para o desenvolvimento do tratamento de uma doença que matava 15000 pessoas por ano, só nos Estados Unidos. Metade das vítimas, sem tratamento, morria por insuficiência respiratória, cardíaca ou renal. Já em 1905, o agraciado pelo prêmio foi Robert Koch. O médico deu um passo significativo nas pesquisas sobre tuberculose ao descobrir a bactéria causadora da doença. Para isso, utilizou vacas e ovelhas em seus estudos. “Dos 216 premiados nesta categoria do Prêmio Nobel, 180 usaram animais”, afirma a pesquisadora.  

Além de serem importantes para a saúde humana, a experimentação animal também traz benefícios a animais doentes. “Quando eu fiz meu doutorado, trabalhei com células-tronco em roedores. Depois criei uma empresa para tratamento de animais utilizando essa terapia celular”, revela Luisa. A pesquisadora trouxe o exemplo de um pastor alemão de oito meses com displasia coxofemoral – doença que dificulta a locomoção e causa dor em cães e gatos, por conta de perda gradual da cartilagem – que não conseguia mais andar. Depois de ser tratado pela terapia celular, testada em roedores, o cão voltou a andar sem dificuldade. 

“Estudamos genética, biossegurança, bioética. Hoje criamos animais de forma humanizada”, explica. Segundo a pesquisadora uma das maiores preocupações é o bem-estar dos animais. Segundo ela, os pesquisadores dão muita importância ao uso do melhor equipamento para manter os animais condicionados da melhor forma possível. “Nós que trabalhamos com esses animais, sempre desenvolvemos um carinho muito grande por eles”, aponta. “Os pesquisadores devem entender a importância do que fazem, sendo responsáveis com o seu trabalho. O que fazemos com sentimento e carinho, fazemos bem feito”, conclui. 

Outras informações: 

Centro de Biologia da Reprodução – (32) 2102-3255