Estudantes da E. E. Delfim Moreira apresentaram soluções para problemas que encontram no cotidiano (Foto: Evening Tao)

Para demonstrar a aplicação do pensamento coletivo na resolução de conflitos e problemas – que podem ser desde um empecilho pessoal, até uma questão em escala global –, a pesquisadora do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Priscila Capriles, foi até a Escola Estadual Delfim Moreira para conversar com os alunos do 3º ano do ensino médio.

Compartilhando fotografias e registros pessoais da infância, da ingressão na vida acadêmica e dos projetos que desenvolve hoje na Universidade, Capriles estabeleceu um vínculo com os estudantes que, desde o início, notaram que a experiência ia além de uma mera apresentação tradicional sobre disciplinas ou requerimentos acadêmicos. De maneira descontraída, a pesquisadora contou sobre sua experiência em diferentes áreas do conhecimento. Passando por campos como a biomedicina e as ciências computacionais – e sem abrir mão do interesse pelas artes e pelo empreendedorismo –, Capriles mostrou aos alunos que não existe apenas um caminho a ser tomado na busca da realização profissional. 

Dentre as diferentes áreas que atua, porém, foi no empreendedorismo que a pesquisadora escolheu se aprofundar no bate-papo com os estudantes. “Acho que todos deveriam aprender sobre empreendedorismo, mesmo que não queiram seguir como uma carreira futura. Praticar o empreendedorismo significa olhar à sua volta, descobrindo quais problemas existem ao seu redor, e pensar em maneiras de resolver esses problemas”, explica. Para demonstrar que não existe idade para se tornar empreendedor, Capriles ainda citou exemplos de jovens empreendedores, como a mineira Júlia Macedo que, com apenas 9 anos, iniciou a campanha “Lacre do bem”, administrando a troca entre os lacres das latas pelas doações de cadeiras de rodas. 

Bate-papo com estudantes é parte do projeto “A ciência que fazemos” (Foto: Alexandre Dornelas)

Na prática
“Afinal, o que é o empreendedorismo social?”. Sabendo que, até então, o termo ainda não era conhecido com precisão entre seus ouvintes, Capriles instigou-os, explicando logo em seguida que, diferente do que a maioria das pessoas pode pensar, parte fundamental do empreendedorismo social é seu retorno financeiro. “É preciso trazer mudanças para uma comunidade com uma perspectiva financeira. Não adianta fazer uma ação e depois ir embora, deixando as coisas como estavam antes. Também é preciso remanejar práticas para que aquela comunidade possa se sustentar.  Esse é o pensamento coletivo que gostaria que tivessem.”

A partir desse momento, a empolgação tomou conta da sala: para exercitar o pensamento coletivo na prática, Capriles propôs uma atividade entre os estudantes. Alguns demonstraram ares de surpresa; outros tiveram os ânimos revigorado e logo começaram a pôr a mão na massa. A cientista pediu para que os alunos relatassem alguns dos problemas que os incomodam e, em pouco tempo, o quadro já estava cheio de sugestões: dinheiro, preconceito, celulares, imaturidade, rotina etc. 

Orientados pelo líder do time Enactus UFJF, Gabriel Fernandes, os alunos formaram pequenos grupos e, um a um, compartilhavam com o restante da classe as variadas soluções surpreendentes que encontravam. Foram apresentadas resoluções direcionadas tanto para pesquisas, que já estão sendo aplicadas na atualidade em diferentes áreas do saber, quanto para propostas que podem ser desenvolvidas e aplicadas dentro da própria escola com a ajuda de um orientador. Uma a uma, as propostas foram sendo aprimoradas e debatidas em conjunto entre os estudantes e a cientista. 

Ao final da experiência, o aluno Pedro Henrique de Jesus compartilhou sua opinião sobre o evento. “Eu quero fazer psicologia e educação física, mas o que me preocupa é o mercado de trabalho e ela falou justamente disso: do empreendedorismo que ajuda muito no mercado. Posso fazer aquilo que eu gosto ou revezar entre uma coisa ou outra. Posso ter mais de um caminho, todos eles para o mesmo fim”, reflete. “Foi uma experiência diferente. Consegui adquirir experiências para situações futuras e expandir a noção que tinha sobre o empreendedorismo, questões que nunca tinha parado para pensar antes.”

A conversa entre a pesquisadora e os estudantes da escola aconteceu no dia 2 de julho e integrou uma série de visitas marcadas na Escola Estadual Delfim Moreira. Esse encontro entre cientistas e alunos da educação básica é uma iniciativa do projeto “A ciência que fazemos”, realizado pela equipe de Divulgação Científica da Diretoria de Imagem Institucional. Um dos objetivos da iniciativa é justamente possibilitar a aproximação entre os pesquisadores e estudantes da formação de base, levando para dentro das escolas uma fração dos estudos desenvolvidos na UFJF e mostrando que a ciência está mais próxima do que imaginam.

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