A atividade foi destinado aos estudantes de graduação do campus. (Foto: Sebastião Junior)

Preocupação excessiva quanto ao futuro profissional, um medo paralisante antes das provas e de apresentações de trabalhos… A ansiedade é a principal responsável por levar os estudantes do campus da Universidade Federal de Juiz de Fora em Governador Valadares (UFJF-GV) a buscarem atendimento psicológico. Atento a esta realidade, o setor de Apoio Estudantil promoveu na última quarta-feira, 5, uma palestra para ajudar os discentes a lidarem melhor com o transtorno, que já é considerado o “mal do século”.

Quase 90 estudantes de graduação entenderam melhor o funcionamento da mente ansiosa, a diferença entre aquelas preocupações corriqueiras e a ansiedade propriamente dita, além de voltarem para casa com uma série de orientações para implementar no dia a dia e aprender a conviver melhor com esse sentimento desagradável.

A palestra foi ministrada pelo psicólogo do setor de Apoio Estudantil, Lucas Nápoli. (Foto: Sebastião Junior)

O psicólogo do Apoio Estudantil, Lucas Nápoli, foi quem ministrou a palestra. Ele explicou que tem aumentado a procura por ajuda psicológica e que, por isso, o setor não tem conseguido atender individualmente todos os alunos que buscam o serviço. Iniciativas como a da última quinta-feira permitem que o tema seja “trabalhado com um público mais amplo” e garante que mesmo aquele estudante que não recebe atendimento personalizado também possa ser auxiliado a lidar melhor com a ansiedade.

Ansiedade e vida universitária
A universidade pode funcionar como o ambiente perfeito para a ansiedade excessiva, mesmo para quem já tinha uma personalidade ansiosa antes de ingressar no ensino superior. E isso se deve a vários fatores, mas alguns deles são fundamentais, como afirma Nápoli. “A elevada quantidade de atividades que o estudante precisa desenvolver; eventuais cobranças excessivas por parte de alguns professores; longas jornadas de estudo, como preparação para provas etc. O fato de que a maioria dos estudantes entra na universidade no período crítico de transição da adolescência para a idade adulta também contribui para que a própria experiência de inserção no mundo universitário possa ser potencialmente ansiógena”.

Ainda, segundo ele, se essa dificuldade em lidar com o transtorno não for tratada, além de prejudicar desenvolvimento acadêmico, pode também provocar a evasão dos discentes. “Não são raros os alunos que chegam até nós, psicólogos, se queixando de questões emocionais e dizendo que se essas questões não forem superadas, eles não sabem se conseguirão permanecer na universidade. Tratar dessas temáticas é parte do nosso esforço para que o aluno possa permanecer na universidade com qualidade de vida, explica.

Mariana Mendes (de óculos) sempre foi ansiosa, mas após entrar na universidade suas preocupações ficaram mais intensas. (Foto: Sebastião Junior)

Mariana Pereira Mendes, 19, não quer deixar a ansiedade atrapalhar a sua trajetória universitária. A estudante do primeiro período de Nutrição anotou todas as orientações repassadas pelo psicólogo e garante que vai colocá-las em prática. Às vezes, a pessoa que é ansiosa não sabe que ela é. A importância é você saber lidar. Primeiro, você se identificar com a patologia e aplicar as técnicas que foram introduzidas na vida”. 

A jovem afirma que sempre foi excessivamente ansiosa, mas garante que após entrar na UFJF-GV o transtorno ficou mais intenso. E sabe que não é a única a enfrentar a situação. “Eu me identifiquei muito mais ansiosa depois que entrei na faculdade, sobre a pressão de várias coisas e não saber lidar com isso, e também percebi que várias pessoas sentem a mesma coisa que eu”.

Para o próximo semestre, o Apoio Estudantil pretende realizar mais palestras voltadas para outros transtornos, como depressão, pensamentos negativos e como lidar melhor com o tempo.