Com o objetivo de repensar os ambientes de Juiz de Fora, promover discussão sobre a relação entre população e ambientes construídos e oferecer melhor formação aos estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), o Grupo de Estudos sobre o Indivíduo Idoso (ID) promoveu a mesa-redonda “Acessibilidade em Juiz de Fora”. A ação aconteceu nessa segunda-feira, 13, no Galpão da Arquitetura.
“Há 500 milhões de pessoas com deficiência no mundo. No Brasil somos 24,5 milhões e representamos 14,5% da população”, aponta a ex-presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMPDP), Maria Valéria de Andrade. Em sua fala, a ex-presidente destacou as dificuldades e inseguranças das pessoas com deficiência e apresentou vídeos mostrando as próprias experiências de locomoção. “Acessibilidade é a condição de alcance para utilização com segurança dos espaços urbanos. Todos os dias eu preciso sair de casa e pensar se voltarei segura. Apesar de Juiz de Fora ser uma cidade considerada acessível, nós temos muito a avançar.”
A falta de acessibilidade para deficiente visual foi abordada pelo conselheiro municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMDPD) e membro titular da Comissão Permanente de Acessibilidade do Município (CPA), Jairo Jardim. “Nós acabamos aprendendo a conviver com essas dificuldades. Não adianta um espaço acessível, se nós não temos segurança para chegar até ele. Todo o espaço público precisa ser pensado mediante as diferenças e a melhor pessoa para avaliar se algo é acessível à pessoa com deficiência.”
Compartilhando as próprias vivências, o professor da Faculdade de Educação (Faced) da UFJF, Rodrigo Mendes, proferiu o discurso em libras e utilizou de intérprete para traduzir as falas. Destacou as possibilidades oferecidas pela inclusão e acessibilidade. “Quando penso na minha história, vejo o quanto pessoas com deficiência podem estar na UFJF e o quanto nós ainda precisamos melhorar muito em todos os sentidos na cidade. Será que na arquitetura não podemos inovar? Talvez, arquitetos precisam criar projetos inovadores, não adianta ser uma proposta legal e não oferecer o mínimo de acesso aos deficientes.”
Segundo o representante do Departamento da Saúde do Idoso da Secretaria Municipal de Saúde da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), José Anísio da Silva, é preciso repensar a acessibilidade, pois a deficiência pode atingir qualquer indivíduo, independe da condição física, racial, étnica e/ou social. “Nós trabalhamos em cima de quatro pilares. O primeiro é uma cidade inclusiva, sendo que a nossa ainda não favorece a todos. O segundo é o fato de a sociedade oferecer poucas possibilidades para as pessoas idosas. O terceiro é a dificuldade da rede pública em cuidar de 90 mil idosos dependentes. Por último, a relação da pessoa idosa com a cidade, na qual é preciso buscar canais para a construção de políticas públicas.”
O coordenador do grupo ID, Emmanuel Pedroso, explicou a atividade como parte de um dos três módulos da disciplina “Indivíduo e Espaço”, na qual, uma das aulas tem o objetivo de ser transformada em mesa-redonda e promover discussões sobre o espaço urbano, edificações e acessibilidade. “Trazemos vários pontos de vista para o debate. Na arquitetura, isso é importante, pois trabalha a sensibilidade em perceber se o ambiente atende as demandas dos usuários. Em um momento como esse podemos contribuir para a formação dos alunos e criar esse ambiente de troca de experiências.”
Participante do evento, a aluna do 3° período da FAU, Beatriz Paciullo avalia ser fundamental a igualdade de experimentação das mesmas sensações para todos os indivíduos.” As pessoas não podem ficar para trás por possuírem uma deficiência ou por serem idosas. A acessibilidade é um tema que nos faz repensar a arquitetura e o urbanismo”.
Além disso, foi apresentado os trabalhos do Projeto de Treinamento Profissional “Acessibilidade na UFJF” que busca repensar os espaços da Instituição.
Outras informações: Grupo de Estudos sobre o Indivíduo Idoso (ID)