Com a abertura do Jardim Botânico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), nesta sexta-feira, 12, os primeiros visitantes tiveram a oportunidade de conhecer os dez hectares de um dos últimos refúgios de Mata Atlântica em plena área urbana. Em meio à diversidade de percepções e vivências do espaço, público compartilhou a experiência.
Para curtir cada pedacinho e atividade, a estudante de Pedagogia da UFJF, Gabriela Mendes da Silva Ferreira foi a primeira visitante da tarde e foi sozinha conhecer uma área que nunca imaginou poder desfrutar antes. “Eu era doida para entrar nessa mata, acompanhei as datas de inauguração do Jardim e não podia deixar de vir no primeiro dia. Gosto de momentos mais calmos na vida e acho que a natureza proporciona tranquilidade e sensação de relaxamento. Além disso, o verde estava aqui antes da gente, então, é sempre bonito de observar.”
Como uma espécie de comemoração, alívio e felicidade Gabriela conta que se sentia receosa quanto ao ritmo de crescimento urbano em detrimento de áreas florestais. “Vejo muitas construções tomarem o lugar verde na cidade e tinha muito medo que isso se tornasse uma realidade também nesta região. Passo por aqui de ônibus quase diariamente e torcia para que isso não acontecesse.”
Na Casa Sede, antiga casa do sítio, os visitantes têm acesso a três galerias de arte, que englobam nove salas, sob a curadoria da Pró-reitoria de Cultura da UFJF (Procult). Com acervo permanente e obras rotativas, o espaço teve na inauguração três exposições. “Não imaginava vir apreciar a natureza e encontrar uma obra de arte que me fizesse pensar sobre outras questões. Essas imagens me fizeram refletir sobre como a gente perde coisas que ficam guardadas em algum lugar, pedacinhos que ficam na memória, que nem sempre você encontra”, surpreende-se Gabriela. As impressões foram despertadas pela Foto Instalação “36 moradas de Veruska Nava”, da artista Valina Faria, que compõe a exposição “Entre Enigmas e Percursos.
Já para o casal de comerciantes aposentados Jurema Moraes Pinto e Antonio Carlos Pinto, a decisão em visitar o Jardim foi feita de última hora. “Eu não estava sabendo da inauguração desse espaço. Vamos convidar nossa família toda e dizer que a natureza é aqui. Tudo aqui é lindo e perfeito para aproveitarmos esses momentos de tranquilidade e tempo disponíveis em nossas vidas”, exclama Jurema.
A aposentada Dalva Vicente chegou com as sobrinhas, também aposentadas, Elizabeth e Luciana Mello. “Vínhamos aqui muito antes de começarem a arrumar o Jardim. Já era bonito, mas agora está muito caprichado. Conheço tudo aqui dentro, já vi briga de macaco, plantei mudas de árvores, colhi frutas, goiabas e jaca. Andávamos por tudo aqui.”
Símbolo de resistência em favor da conservação da biodiversidade, a área do Jardim corria o risco de se tornar um condomínio de alto padrão. Engajada desde o início das primeiras movimentações em defesa do espaço, Elizabeth conta que a mobilização para fazer um abaixo assinado contra a construção foi enérgica. “Não queríamos deixar a construção acontecer de jeito nenhum, tínhamos que manter essa mata. Foi muito bom quando vimos que estava funcionando. Acompanhamos o movimento de rearrumar o lugar, então, sabíamos que viraria um novo espaço. Estávamos com saudade e por isso viemos hoje.”
Cerca de 500 espécies vegetais, entre plantas nativas, populações raras ou em extinção, como o pau-brasil e o ipê roxo são possíveis de serem apreciadas no Jardim. A fauna local é uma atração à parte, pois a área é rota de aves migratórias transitórias. O visitante, portanto, poderá observar espécies de diferentes regiões do país.
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Serviço
Horário de funcionamento
De terça a sexta e domingo, das 8h às 17h, com entrada de visitantes até 16h30.
Serão permitidos, por vez, até 100 visitantes. Não há limite diário.
Endereço
Acesso à entrada pela Rua Coronel Almeida Novaes 246, no Bairro Santa Terezinha.
Recomendações
O Jardim Botânico é um convite à contemplação da natureza. Para uma visita mais harmônica, saiba o que pode e o que não pode no local.
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