Mapa mostra o triângulo central de Juiz de Fora cercando as mais de 50 galerias. (Divulgação: Fabrício Dias)

Caminhar pelas ruas centrais de Juiz de Fora é, vez por outra, se perder em meio às galerias comerciais que cruzam os possíveis caminhos traçados por ali. Há mais de dez anos, elas são objetos de estudo do professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Frederico Braida. Agora, as galerias passam a fazer parte da publicação internacional, recém publicada, “Los pasajes cubiertos de París y su difusión mundial: España y América Latina”, organizado pelo pesquisador mexicano Daniel Hiernaux-Nicolas.

Modelo europeu que prosperou na América Latina

“Em um contexto geral, o objetivo é compreender a influência das galerias europeias, principalmente as parisienses, tanto no continente europeu quanto na América. Foram reunidos pesquisadores que trabalham com o tema em um esforço de revê-lo de forma mundial”, destaca Braida. A elevação da capital francesa ao posto que norteia a pesquisa deve-se ao seu reconhecimento como precursora desse tipo de construção, ainda no fim do século XVIII, em um contexto político e socioeconômico favorável vivido pelo país.

Segundo Braida, mesmo após o modelo de galerias entrar em decadência na Europa, ele passa a ser implantado na América Latina e chega em Juiz de Fora em 1923, com a construção da galeria Pio X. Inicialmente, o edifício não conectava as ruas Halfeld e Marechal Deodoro como hoje, mas, devido ao sucesso do empreendimento, passou a exercer o papel de ligação. Desde então, as galerias se multiplicaram e atualmente são cerca de 50 localizadas no triângulo central da cidade, formado pelas avenidas Presidente Itamar Franco, Barão do Rio Branco e Getúlio Vargas.

Para o pesquisador, compreender a dinâmica desses espaços é essencial para o entendimento da história do município e a formação de seu centro urbano.“Ainda é discutível o porquê da cidade ter recebido tão bem as galerias. Existe a questão do imaginário, além da dimensão das quadras e como elas são usadas para cortar caminho. Ainda nos dias de hoje se constroem galerias, mesmo depois da chegada dos shoppings na cidade.”

A obra

O livro “Los pasajes cubiertos de París y su difusión mundial: España y América Latina” reúne textos de 18 pesquisadores e apresenta um panorama das galerias comerciais em 12 cidades latino-americanas e europeias. O capítulo sobre Juiz de Fora tem como autores o já citado Braida e o também professor da FAU, José Gustavo Francis Abdalla, além do aluno egresso do Programa de Pós Graduação em Ambiente Construído (Proac), Fabrício Dias.