Evento gratuito e aberto ao público aconteceu na última terça-feira, 29, no Mamm (Foto: Talison Vardieiro)

Em celebração ao Dia Nacional da Visibilidade Trans, as diretorias de Ações Afirmativas (Diaaf) e Imagem Institucional da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e o Grupo de Apoio Força Trans  realizaram nesta terça-feira, 29, o “Cine-debate Dia da Visibilidade Trans”. A atividade teve como objetivo reforçar a importância das pautas e demandas sociais da comunidade transgênera e ampliar o debate com a sociedade.

O evento gratuito e aberto à comunidade, ocorrido no Museu de Arte Murilo Mendes (Mamm), proporcionou a exibição de três episódios da série audiovisual “LGBT+60: Corpos que Resistem”. O projeto foi produzido pela plataforma de comunicação #Colabora, com financiamento privado, sem fins lucrativos e sem vinculação partidária. A proposta da produção é apresentar pessoas que se dedicaram – e ainda se dedicam – ao combate à intolerância, representando as diversidades sexual e de gênero da nossa sociedade.

O diretor de Ações Afirmativas, Julvan Moreira de Oliveira, destacou que a solenidade reforça uma série de ações que devem ser criadas e repensadas pela Universidade para atender à comunidade trans. “A UFJF precisa ter o compromisso de ouvir as demandas da comunidade, discuti-las e tentar colocá-las em prática. Muitas das conquistas alcançadas nas universidades públicas são frutos das lutas dos movimentos sociais dos anos de 1970 e 1980. Agora, parte de vocês lutar e pressionar a administração pública para alcançarmos uma sociedade mais inclusiva e aberta para a comunidade trans e para todas as minorias”.

De acordo com o integrante do Grupo de Apoio Força Trans, Felipe Modesto, o debate realizado no Mamm precisa ser repassado e discutido em outras oportunidades e instâncias. “Toda informação que é divulgada, amplia a discussão das novas demandas que precisam ser recebidas e transmitidas para nossa sociedade. Só assim se farão presentes dentro da agenda pública. Nós não podemos deixar essa conversa acabar aqui”.

Resistência

O jornalista e idealizador da série em audiovisual “LGBT+60: Corpos que Resistem”, Yuri Fernandes, ressaltou a importância da produção em tempos conservadores. “Este trabalho foi realizado dentro do período de eleições. Vimos no projeto uma forma de resistência frente ao conservadorismo que começava a avançar. Nós acompanhamos a história de pessoas do grupo LGBT+ idosas que viveram durante a repressão da ditadura militar e passaram por situações mais difíceis do que a nossa geração enfrenta”.

Compondo a mesa, Márcio Guerra, diretor de Imagem Institucional; Julvan Moreira, diretor de Ações Afirmativas e Felipe Modesto, aluno da UFJF e integrante do Grupo de Apoio Força Trans (Foto: Talison Vardieiro)

Fernandes comenta que a recepção ao trabalho foi bastante positiva, principalmente de professores que passaram a buscar o documentário para exibição dentro de salas de aula e, muitos deles, diziam nunca ter pensado em trabalhar a vida do grupo LGBT+ durante esse período. “É um capítulo que passou a ser acrescentado nas discussões. Em um momento como o atual é preciso nos reunirmos, organizarmos mais eventos como este e mostrar que nós temos voz e continuaremos lutando por políticas a favor da comunidade LGBT+ que ainda é tão marginalizada”.

O diretor de Imagem Institucional, Márcio de Oliveira Guerra, afirmou que o ‘Cine-debate Dia da Visibilidade Trans’ faz parte de um compromisso que a atual gestão da UFJF assumiu, principalmente, considerando a luta dos grupos minoritários por representação. “Eu aprendi com meus professores, na época da ditadura, que a pior coisa a se fazer em tempos difíceis é a omissão. Todos nos ensinaram, às vezes perdendo a própria vida, que nós precisávamos resistir. Nesta noite a UFJF é resistência e não aceita retroceder. Eu sinto muito orgulho do Yuri, cria da Faculdade de Comunicação (Facom), pois sempre apresentou esse sentimento de querer produzir algo de bom, independente do caminho trilhasse. O Yuri é um exemplo de alguém que resiste com coragem e alegria”, reitera.

A Universidade é nossa

Natural de Juiz de Fora, a técnica em saúde e integrante do movimento Força Trans, Dandara Oliveira, ressaltou a importância da apresentação das pautas da comunidade trans. “Estar aqui representa a luta para conquistar novos direitos e mostrar que há pessoas que precisam ser atendidas por determinadas políticas públicas. O Dia Nacional da Visibilidade Trans é nossa chance de ser vista, de dar mais entrevistas, de aparecer em meios de comunicação e mostrar as nossas necessidades, pois ainda há pessoas que não conhecem as nossas demandas”.

Na avaliação de Dandara, que também é diretora sindical do Hospital Universitário (HU), ao levar o debate para fora dos muros da comunidade acadêmica, a UFJF abarca as questões relacionadas aos movimentos sociais. “É muito interessante as pessoas poderem participar da nossa conversa, para mostrar que, diferentemente do que o atual governo pensa, a universidade não é ou está aberta apenas para a ‘elite intelectual’. A ideia é mostrar que a universidade acolhe toda nossa população. Afinal, ela é nossa”, finaliza.

Saiba mais:

Dia da Visibilidade Trans: histórias de resistência

Ações Afirmativas realiza “Cine-debate Dia da Visibilidade Trans”

Outras informações: (32) 2102-6919 (Diretoria de Ações Afirmativas-UFJF)