É a primeira vez que evento acontece na UFJF (Foto: Twin Alvarenga)

O primeiro dia de provas do Programa de Ingresso Seletivo Misto 2019 (Pism), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), contou com novidades para os familiares e acompanhantes dos candidatos com deficiência. Os pais dos 206 alunos que tiveram atendimento especial puderam esclarecer dúvidas, trocar experiências e conhecer os núcleos de assistência da Instituição por meio de palestras e vivências. A iniciativa visa aproximar a relação da universidade com os pais, ouvindo as necessidades particulares, gerando acolhimento e oferecendo as informações essenciais sobre o processo.

“Ter uma universidade que acolhe os nossos filhos, seja qual for o problema, é indispensável na escolha”, afirma Emedina Ramos (Foto: Twin Alvarenga)

A conversa explicativa proporcionou aos familiares o conhecimento sobre os Núcleos de Apoio à Inclusão (NAI) da UFJF, entre eles: a Diretoria de Ações Afirmativas (Diaaf), a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) e a Pró-Reitoria de Assistência Estudantil (Proae). Durante a palestra, a coordenadora da ação e do atendimento especial, Katiúscia Vargas, esclareceu a atuação do núcleo e a importância da medida. Destacou, ainda, que o compromisso da Universidade com os direitos das pessoas com deficiência deve estar sempre em evidência, na perspectiva de tornar o espaço acadêmico mais inclusivo. “Ao reunir os pais de candidatos do Pism, nós estamos mostrando a eles as condições que temos para receber esse alunos, conscientizando-os de que os filhos deles serão acolhidos no ensino superior. Esta compreensão faz com que os pais se identifiquem com os outros e exponham suas angústias e incertezas, em uma troca de experiência muito importante”, diz.

O Pró-Reitor Adjunto de Graduação, Cassiano Caon Amorim, afirma que a proposta surgiu de uma demanda observada pela administração. O objetivo é atender os pais da melhor forma possível enquanto aguardam o final das provas e, também, sanar as dúvidas e inquietudes que surgem. “Desde 2016, temos a reserva de vaga para candidatos com deficiência. Concluímos que  a recepção desses acompanhantes é fundamental. Utilizar esse tempo ocioso em uma formação mútua nos proporciona dar voz a todos eles e conhecer as demandas de cada um. Além disso, mostramos como a UFJF se organiza no atendimento especial e, futuramente, em relação aos alunos ingressantes”, destaca Amorim.

“Se a Instituição quer ter melhorias na inclusão, o indispensável é nos escutar”, ponderou Anderson de Carvalho, à direita na imagem (Foto: Twin Alvarenga)

Boa primeira impressão
Embora o atendimento especial já aconteça há alguns anos, é a primeira vez que a conversa entre pais e representantes da UFJF acontece. Segundo os presentes, as primeiras impressões dos pais foram positiva e surpreendentes. Emedina Antonieta Ramos, mãe do candidato do Pism II, Gabriel Said, viajou do Rio de Janeiro – cidade que fica a 183 quilômetros de Juiz de Fora. O filho de Emedina é um dos 24.209 inscritos de fora do município. A mãe afirma que escolheu trazê-lo por indicação da escola e pelas pesquisas que comprovaram a excelência do curso de Medicina na instituição – faculdade na qual Gabriel pretende ingressar. “Fiquei surpresa com a palestra. Não foi a só a minha dúvida sobre o atendimento ao meu filho, que tem Transtorno de Déficit de Atenção (TDH), que foi explicada; vi em outros pais novas dificuldades de inclusão social. Foi de muita valia para perceber que temos que lutar por esses pequenos problemas do dia a dia, que podem ser grandes no futuro. Ter uma universidade que acolhe os nossos filhos, seja qual for o problema, é indispensável na escolha.”

Na mesma perspectiva, a mãe de uma das candidatas, Jocelen Costa, aponta a luta pelos preconceitos no ambiente educacional como uma barreira a ser superada. No caso de sua filha, as questões são relacionadas ao déficit de atenção. A família, que é de Ubá (MG), trouxe a jovem para o exame do Pism I e afirma que não esperava o acolhimento recebido. “Já fomos abordados com assistência desde o início. Essa palestra me surpreendeu, estar aqui com várias mães me deu uma troca de experiência e convivência, além dessa parte acadêmica. Foi tudo muito enriquecedor, estou muito satisfeita. Ficamos com o coração apertado, é novidade pro aluno e para a mãe no primeiro ano. Queremos entrar na sala e não podemos, mas sempre queremos auxiliar. Acredito que a palestra alcançou esse objetivo. Espero que se repita todo esse acolhimento sempre.”  

Com o mesmo ideal, Anderson Marcelino de Carvalho veio acompanhado da esposa para dar início ao sonho da filha, Rafaella Marcelino, de estudar em uma universidade pública em sua cidade natal. O pai afirma que a palestra foi esclarecedora e possibilitou conhecimentos que ele não tinha sobre a deficiência de visão severa da filha. “Foi extremamente explicativo, mencionaram alguns pontos que eu não conhecia. A distância, conhecíamos alguns projetos para os surdos, mas nunca tivemos a oportunidade de ser informados por alguém de dentro. Se a Instituição quer ter melhorias na inclusão, o indispensável é nos escutar, saber onde estão nossas dores, para depois tomarem novas medidas e aprimorar as existentes”, destaca.