Após exibição do documentário, debate contou com participação dos espectadores (Foto: Maycon Almeida/Divulgação)

“A arte é o tecido da resistência”,  afirma o cineasta Silvio Tendler, por meio de um narrador, no documentário “Dedo na Ferida”, exibido na noite desta terça-feira, dia 13,  no Instituto de Ciências Humanas (ICH) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Por uma hora e trinta minutos, estudantes, técnico-administrativos em educação, professores e espectadores da comunidade externa à Universidade puderam refletir sobre esta e outras questões levantadas pelo diretor: qual segmento detém o poder mundial? Em que medida o sistema financeiro interfere na política?  Como o capital financeiro atua nas nossas vidas cotidianas?

A exibição do documentário, lançado em 2017, compõe a III Mostra de Ações de Extensão, organizada pela Pró-reitoria de Extensão da UFJF, e conta com parceria do Instituto Federal Sudeste de Minas (IFSudesteMG) e da Fundação Cultural Alfredo Ferreira Lage (Funalfa).

A pró-reitora de Extensão,  Ana Lívia de Souza Coimbra, destacou a importância de a iniciativa ser desenvolvida em conjunto com outras instituições, como o IFSudesteMG e a Funalfa. Além disso, ressaltou a necessidade de a Universidade fomentar o debate sobre a história e a conjuntura do país.

“A Universidade é o espaço da morada do pensamento livre. É esse pensamento livre. É esse debate que a Universidade deve propiciar no encontro de diferentes opiniões. A partir disso, é que nós podemos transformar a nossa sociedade.”   

Assista ao vídeo:

O diretor de Extensão do IFSudesteMG, Lucas Magno, e a produtora do Departamento de Projetos da Funalfa, Eridan Leão, também participaram da mesa de abertura da atividade e ressaltaram o desejo de a parceria entre as instituições ser renovada em outras ações.

Debate após exibição

Após a exibição do documentário “Dedo na Ferida”, o diretor Silvio Tendler e o professor da Faculdade de Comunicação da UFJF, Paulo Roberto Figueira Leal, realizaram debate sobre a obra e a conjuntura do país.

Leal afirmou que atividades como a Mostra de Ações de Extensão são imprescindíveis. “Eventos como este sempre foram e vão continuar sendo necessários. Neste momento, ainda mais. É o momento em que a Universidade tem que convencer a sociedade de que o que se faz aqui tem retorno para ela, que fundamentalmente as reflexões não estão descoladas da vida cotidiana. Ao contrário, são para iluminar a vida cotidiana e permitir uma abordagem crítica de cada cidadão na sua vida do dia a dia e nas grandes e pequenas questões. Portanto,  esforços de conexão com o mundo universitário, com outras instituições e a abertura para sociedade são a chave fundamental para reforçar essa conexão com a sociedade que nos financia. Esta temática do filme é especialmente relevante. Há claramente uma indicação no título do filme, o “Dedo na Ferida”, ou seja, às vezes se discutem temas periféricos sem ir à raiz das questões.”

O professor destacou, ainda, como o documentário de Tendler questiona as valorações do mundo contemporâneo.   “É um filme muito bom que, no fundo, trata das variáveis ideológicas que estão confluindo, para produzir efeitos políticos, econômicos sem que, com muita frequência, a gente perceba de onde vêm essas informações e valorações de mundo. É um evento que tem a presença do Silvio Tendler, que é um diretor absolutamente relevante, com uma filmografia extensa e relevante. Tem enorme impacto de debates, discussões, possibilidades analíticas. É um cinema que faz pensar, muito mais do que um cinema que evita o pensamento.”

Silvio Tendler: mais de 70 filmes entre curtas, médias e longas-metragens

Silvio Tendler nasceu no Rio de Janeiro, em 1950. É cineasta, professor e historiador. A trajetória do diretor de “Dedo na Ferida” com o cinema teve início em 1965 pela atividade cineclubista. Em mais de 50 anos de cinema, Tendler produziu e dirigiu cerca de 70 filmes entre curtas, médias e longas-metragens em formato documental, além de 12 séries.

Tem em seu currículo as três maiores bilheterias do documentário brasileiro (“Os anos JK – Uma trajetória política”, “O Mundo Mágico dos Trapalhões” e “Jango”) e mais de sessenta prêmios, dentre os quais seis Margaridas de Prata e o Prêmio Salvador Allende no Festival de Trieste, Itália, pelo conjunto da obra.

A trajetória do cineasta revela quase quatro décadas de pesquisas que deram origem ao seu acervo particular de imagens, com mais de 80 mil títulos sobre a história do Brasil e do mundo dos últimos 60 anos.

Saiba mais:

Caliban Produções Cinematográficas

3ª Mostra de Ações de Extensão exibe documentário “Dedo na Ferida”

Outras informações: (32) 2102-3971 – Pró-reitoria de Extensão (Proex)