Professor do curso de Psicologia fala para alunos da Escola Estadual Coronel Antônio Alves Teixeira sobre como é o trabalho de um pesquisador (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Muito se fala em educação de qualidade, mas qual o papel do cidadão na construção da mesma? Como é possível contribuir para melhorar o ensino nas escolas e universidades públicas? A Escola Estadual Coronel Antônio Alves Teixeira recebeu, nesta terça, o professor do curso de Psicologia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Saulo Araújo, que explicou como são realizadas as pesquisas no meio acadêmico e qual a importância de o cientista estar disposto a contribuir com a sociedade. A iniciativa faz parte do projeto de extensão “A Ciência Que Fazemos”, da Coordenação de Divulgação Científica da Diretoria de Imagem Institucional.

Gente como a gente
“Estou interessado em ouvir vocês e também quero contar como eu penso que posso contribuir para a sociedade”, disse Araújo para iniciar a conversa na sala do terceiro ano. O professor contou resumidamente sobre sua trajetória acadêmica pelo ensino público – graduação, mestrado e doutorado. Buscando desmistificar a imagem que geralmente é associada ao cientista, deixou claro que “o pesquisador é uma pessoa comum, de carne e osso que gosta de futebol, gosta de tomar cerveja com os amigos e família, gosta de música”, só que, assim como no caso dele, a diferença é que escolheu uma profissão não muito comum e que não envolve esse tipo de lazer.

O professor desenvolve pesquisa em história da ciência e é o idealizador do projeto “Clássicos da Psicologia”, que propõe a tradução de autores que nunca tiveram suas obras traduzidas para o português, tornando inviável a utilização das mesmas em salas de aula. O primeiro livro da série, que é uma tradução de textos de Wilhelm Wundt, foi lançado em setembro. O objetivo é que, ao longo de 30 anos, sejam publicadas 30 obras traduzidas. Araújo explica que, para ele, essa é uma forma de devolver à sociedade aquilo que o ensino público proporcionou a ele. No final, os alunos puderam perguntar sobre o funcionamento da Universidade, o desenvolvimento de pesquisas e as dificuldades que ele enfrentou pelo caminho.

O que vem depois do ensino médio?
Paulo Alvino, professor responsável por levar o projeto para escola, acredita que a iniciativa ajuda os alunos a conhecerem melhor a Universidade. Para ele, a desconstrução do estereótipo do cientista tem um impacto positivo naqueles que se interessam por uma carreira acadêmica, mas “tem na cabeça que o cientista, o doutor, o mestre é uma posição difícil a se atingir. Não é difícil, basta querer e correr atrás que consegue”, declara.

O aluno Iuri Fernandes destacou que a importância desse tipo de conversa para quem quer estudar em universidade pública é “se informar e saber como chegar lá”. Para a aluna Carina Ferreira, o professor mostrou que “todo mundo pode fazer o que ele fez” e mesmo que o objetivo dela seja cursar enfermagem, após a palestra, ela considera fazer mais do que a graduação.