O clima de ansiedade e expectativa dominou o último ensaio do Coral Universitário do campus da Universidade Federal de Juiz de Fora em Governador Valadares (UFJF-GV), realizado na última terça-feira, 25. O grupo – coordenado pelo setor de Comunicação, Cultura e Eventos – se prepara para a apresentação no 24º Festival Internacional de Coros de Juiz de Fora (Festcoros). Ao todo, 33 integrantes do coral valadarense sobem ao palco do Cine-Theatro Central no próximo sábado, 29, para brindar o público com um repertório composto de canções clássicas da Música Popular Brasileira (MPB).
A edição deste ano do Festcoros reúne 50 grupos de canto do país e do exterior. Desde a última segunda-feira, 24, vários deles se apresentam em diversos espaços culturais de Juiz de Fora.
Vida dedicada à música
A apresentação no festival – primeira do grupo fora de Governador Valadares – tem um grande significado para a maestrina e uma das idealizadoras do coral, Zilmar Emerich Eller. A estudante de Administração da UFJF-GV tem 57 anos e desde os 15 é musicista, já tendo atuado como pianista e regente em vários grupos. Apesar de toda essa experiência, ela confessa que “o coração bate forte e as pernas tremem”. A explicação para isso, segundo Eller, é que o Festcoros “é um encontro de corais e não deixa de haver uma comparação” com outros grupos mais experientes. Mas a principal contribuição do evento, na opinião da maestrina, é a convivência com outros músicos, o que é muito importante para o aprendizado do jovem grupo valadarense, que tem apenas dois anos de existência.
E por falar em aprendizado, estar à frente da batuta do coral da UFJF-GV tem sido uma ótima experiência profissional para Zilmar. “É um trabalho muito gratificante, porque durante toda a minha vida eu trabalhei com corais religiosos e esta foi a minha primeira experiência de dirigir um coral que a gente chama de secular. Isto para mim foi um encanto porque é uma liberdade musical. A gente pode partir daí para folclore, músicas internacionais. O estilo do coral me dá esse direito de repertório. E o nível dos coralistas é muito bom”, asseverou a maestrina, para quem a música significa “sobrevivência física e emocional”.
As histórias por trás das vozes
A música também faz parte do dia a dia dos gêmeos Moisés e Pedro Guilherme, 20. “Música para a gente é uma coisa de família. A nossa família sempre foi ligada à música e desde pequenos a gente foi acostumado a cantar, sempre envolvidos com música, com instrumentos”, explicou Pedro.
Iguais mesmo só a paixão pela música e o genótipo dos irmãos. Porque na hora de escolher o curso superior e o instrumento cada um deles seguiu seu próprio caminho. Enquanto Moisés estuda Direito na UFJF-GV e toca saxofone, Pedro optou pelo curso de Odontologia do campus e pelo violino e violão.
As diferenças entre os gêmeos ficam evidentes também quando eles soltam a voz. “A gente sempre foi acostumado a cantar juntos na igreja. Com o tempo, com o amadurecimento, a gente percebeu que a nossa voz era diferente uma da outra. A voz dele é um pouco mais aguda e a minha é mais grave. Aí isso foi se confirmando aqui no coral”, explicou Moisés, que ocupa o naipe de baixos, diferentemente do irmão, que é tenor.
A música também está no DNA da família Oliveira. Iranildo, 62, sempre cantou na igreja e há dois anos está no Coral Universitário da UFJF-GV. Aposentado, ele garante que cantar “ajuda a ocupar o espaço e a mente, a ficar mais tranquilo”.
Iranildo apresentou o coral para a filha Thaís, 19. Assim como o pai, a estudante sempre gostou de cantar e decidiu fazer parte do grupo após assistir a uma apresentação. Ela participou da seleção e desde o início deste ano a jovem é uma das 63 vozes que encantam o público interpretando canções como “Tristeza”, “Berimbau”, “Canção da América” e “Andar com Fé”.
Assim os 33 coralistas seguem para a primeira apresentação longe de Governador Valadares, com a fé de que podem levar seus cantos e suas histórias para um número cada vez maior de pessoas. E como diz a letra de Gilberto Gil, “a fé não costuma ‘faiá'”.