A apresentação de Cerqueira integra o projeto projeto “A ciência que fazemos”, da coordenação de Divulgação Científica da Diretoria de Imagem Institucional (Foto: Alexandre Dornelas)

Descobrir de onde viemos é possivelmente uma das questões mais antigas da humanidade. A origem do ser humano pode ser explicada a partir de diversas perspectivas e cada uma delas precisa compreender outras questões menos amplas para aproximar-se de uma resolução. Do ponto de vista científico, o estudo da composição da matéria em nível atômico e subatômico – ou seja, a estrutura do átomo – é um aspecto fundamental a se considerar.

Na manhã desta quarta-feira, 26, os alunos do 1º e 2º ano da Escola Estadual Professor Cândido Motta Filho puderam aprender sobre as pesquisas realizadas nessa área, por meio da apresentação do professor da Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Augusto Cerqueira, que ministrou a palestra “Em busca dos mistérios da matéria: A união faz a força”. A apresentação integra o projeto projeto “A ciência que fazemos”, da coordenação de Divulgação Científica da Diretoria de Imagem Institucional.

A ciência é feita por todos e para todos

Logo no início, o professor deixou claro que sua intenção era ter um bate-papo com os alunos que o ouviam na sala de computadores. “Não quero aqui ensinar nada a vocês, quero simplesmente passar minha experiência de vida e parte da minha vida é estudar, desenvolver pesquisa”, explicou. Após uma breve biografia, o professor destacou a importância de desmistificar o que é estudar. Segundo ele, o estudo não se concentra apenas em âmbito escolar ou acadêmico, mas em tudo que pode ser aprendido no dia-a-dia, desde o acesso à internet até o desenvolvimento de uma atividade profissional.

Cerqueira explicou a importância de pensar a ciência como um esforço conjunto e para exemplificar sua área de atuação, apresentou dois experimentos dos quais participa: Angra e Atlas. O experimento Angra é fruto da colaboração de sete universidades e tem como objetivo estudar uma partícula chamada “neutrino”. Já o Atlas, possui uma projeção ainda maior, com a colaboração de 38 países, 182 instituições e mais de 5 mil pessoas envolvidas. O projeto tem 30 anos e há 20 conta com a participação de Augusto. Os alunos puderam conferir um vídeo do experimento operando num acelerador de partículas chamado LHCLarge Hadron Collider (Grande Colisor de Hádrons), localizado na Suíça.

“Agora é a vez de vocês”

Buscando a aproximação da realidade dos alunos com a universidade, o final da conversa foi conduzido pelos alunos da UFJF, que compartilharam suas vivências com os que estavam ali presentes. Melissa Aguiar, que cursa o 8º período de engenharia elétrica e participa de iniciação científica, disse que veio de escola pública e que o começo não foi fácil, pois a base que recebeu no ensino médio não era tão boa quanto a da maioria dos alunos. No entanto, ela  diz que agora todos estão no mesmo nível. “Não escolhemos de onde viemos, não escolhemos nossas limitações. Às vezes, a gente tem que se esforçar muito mais que outra pessoa para atingir um mesmo objetivo, mas temos que batalhar”, afirmou.

O mestrando Guilherme Lopes, destacou os auxílios financeiros que a universidade pôde proporcionar e o doutorando João Paulo Bittencourt contou que deixou um emprego na cidade em que morava anteriormente para estudar em Juiz de Fora. E adiantou que em setembro visitará o LHC, na Suíça, pela Universidade. Ambos falaram da importância de acreditar em seus sonhos e não desistir.

Levando a universidade para a escola

Para Elaine Leal, diretora da escola, as conversas com pesquisadores ajudam a aproximar o jovem da possibilidade de uma carreira acadêmica. “Nossos jovens não têm essa convivência com a universidade e com a área acadêmica, principalmente agora estando no ensino médio. Eles não procuram por meios próprios, mesmo tendo acesso. Por isso, os professores estão trazendo da Universidade para cá, para motivar a entrar na área”, explica.

A professora Rosilene Georgopoulos, acrescenta que o projeto “é uma maneira de favorecer os jovens, mostrar que a ciência está mais acessível”. Não é a primeira vez que participa e, segundo ela, na escola anterior onde trabalhava, os alunos reagiram bem e demonstraram mais interesse pela ciência depois desse contato.

Já para os alunos, a conversa agradou por não ser monótona. A aluna Andressa Vianna, do 1º ano, disse gostar de quando a escola proporciona esse tipo de experiência “desde que seja assim, um assunto interessante”, diz ela, que pretende estudar na UFJF e cursar design de interiores ou moda.