Reunião tratou, especialmente, da contratação de intérpretes de Libras (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Reunião tratou, especialmente, da contratação de intérpretes de Libras (Foto: Alexandre Dornelas/UFJF)

Integrantes da Administração Superior da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) receberam estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo, no início da tarde desta terça-feira, 25, no Anfiteatro das Pró-reitorias. A reunião tratou dos processos de inclusão de estudantes com deficiência, especialmente os surdos, na Universidade.

O reitor Marcus Vinícius David destacou a disposição da atual gestão para o diálogo permanente com a comunidade acadêmica. “Estamos fazendo visitas às unidades. Hoje estivemos na Faculdade de Farmácia. No dia 20 último, fomos à Arquitetura.  Nosso objetivo é discutir este momento de crise e de enormes desafios vivenciado pelas universidades públicas brasileiras, esclarecendo estudantes, professores e técnico-administrativos em educação.”

Os alunos de Arquitetura e Urbanismo, graduação que tem uma estudante surda, solicitaram a reunião para demandar a contratação de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras). “Registro a importância do movimento de vocês em acolhimento à colega e na luta por direitos que são legítimos. A Reitoria tem atuado nos âmbitos interno e externo, para dar prosseguimento às estratégias de inclusão”, ressaltou o reitor.

Inclusão na UFJF

Marcus David explicou que, atualmente, a UFJF tem 15 alunos surdos, matriculados em quatro graduações diferentes: Arquitetura e Urbanismo, Bacharelado em Artes e Design, Educação Física e Letras/Libras. No entanto, a instituição dispõe de apenas 12 intérpretes da Língua Brasileira de Sinais, sendo dez do quadro permanente e dois temporários. Desse total, oito foram contratados pela atual gestão, iniciada em março de 2016.

“A Reitoria compreende e defende a Política de Cotas, para as pessoas com deficiência. Temos em todas as reuniões da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) pressionado o Ministério da Educação (MEC), no sentido de conseguirmos estrutura para dar prosseguimento às estratégias de inclusão. Solicitamos 33 vagas de intérpretes ao MEC e só recebemos três, sendo que uma delas nem conseguimos preencher, porque os inscritos não foram habilitados no processo seletivo”, afirmou Marcus David

A  Lei 13.409, que dispõe sobre a reserva de vagas para pessoas com deficiência, foi sancionada em 28 de dezembro de 2016, mas regulamentada apenas no ano seguinte. Desse modo, a UFJF recebeu os primeiros cotistas com deficiência em agosto de 2017. “Temos trabalhado para a inclusão desde o início da gestão. No âmbito interno, uma de nossas conquistas é a criação do Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI), formalizada em agosto passado. Temos a convicção de que a gestão centralizada dos profissionais especializados, inclusive intérpretes, pelo NAI, vai favorecer o atendimento das demandas”, avaliou o reitor.

Cultura institucional de inclusão

O pró-reitor adjunto de Graduação, Cassiano Caon Amorin, acrescentou que é preciso criar uma cultura institucional da inclusão. “Tanto a acessibilidade física quanto a pedagógica demandam tempo e, além disso, a criação dessa cultura institucional da inclusão. Vocês estão nos ajudando nisso, ao se envolverem com as demandas dos estudantes com deficiência. É um processo no qual toda a comunidade acadêmica deve estar inserida.”

Amorin enumerou, ainda, algumas das medidas já adotadas e outras em processo de elaboração, visando à inclusão. “Já realizamos, via Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progepe) cursos de Libras, para capacitação de docentes e técnico-administrativos em educação. Pretendemos, já no próximo semestre, criar um projeto de universalização para expansão do ensino desse idioma à comunidade acadêmica. Também vamos ofertar atendimento educacional especializado (AEE) para o cotista com deficiência já no primeiro contato, na hora da matrícula. Desse modo, ele terá apoio e orientação sobre disciplinas a serem cursadas e a vida acadêmica de modo geral.”

Também participaram da reunião a vice-reitora Girlene Silva, os pró-reitores de Assistência Estudantil e Gestão de Pessoas, Marcos Souza Freitas e Kátia Maria Silva de Oliveira e Castro, respectivamente; o diretor de Ações Afirmativas, Julvan Moreira; além das ouvidoras Cristina Simões Bezerra e Valesca Nunes dos Reis.

Na próxima terça-feira, 2, o reitor Marcus David estará em Brasília, para reunião com o ministro da Educação, Rossieli Soares. Na ocasião, será reiterada a solicitação por ampliação do número de intérpretes de Libras para a UFJF. Na reunião desta terça, o reitor também se comprometeu a verificar, em prazo máximo de 48 horas, a viabilidade jurídica da contratação pró-labore de intérpretes de Libras.

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