As Diretorias de Ações Afirmativas (Diaaf) e Imagem Institucional da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em parceria com a Associação de Docentes de Ensino Superior de Juiz de Fora e com o Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino de Juiz de Fora, realizam, na próxima segunda-feira, dia 3, a palestra “Visibilidade Lésbica na UFJF”. O evento terá como debatedoras as editoras e fundadoras da “Revista Brejeiras”,  Cristiane Furtado e Laila Queiroz de Souza; e a mestra em Políticas Públicas em Direitos Humanos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Laura Ralola.

Lançada em março deste ano, a publicação é trimestral feita integralmente por mulheres lésbicas, tendo como objetivo construir resistências. As idealizadoras definem o trabalho como “resultado de um movimento cooperativo que procura ampliar os espaços de fala das mulheres lésbicas, trazendo-as para o centro do debate”.

Laila Souza destaca que as integrantes da “Revista Brejeiras” têm sido convidadas para estar em inúmeros espaços de discussão em todo o país, desde o início da publicação. “Está sendo uma experiência linda, estivemos em Seropédica, na Universidade Federal Rural do Rio de janeiro;  em Maceió (AL), em Santarém (PA), em Campinas (SP), em Brasília, e amanhã, dia 30, faremos o lançamento em Niterói (RJ). Estamos tentando financiamento para fazer nosso lançamento em São Paulo e, em breve, estaremos em Juiz de Fora.”

Laila explica que a “Brejeiras” foi idealizada por um grupo de cinco amigas lésbicas. “Nós nos dividimos, quando não conseguimos ir juntas por inviabilidade econômica. Nossas amigas muitas vezes levam em suas mochilas alguns exemplares e rodam o país com eles!  O sentido do nosso trabalho está na construção e no fortalecimento de redes entre mulheres. Quando estamos nos lançamentos, ou rodas de conversas, é possível fazer trocas de potencialidades com lésbicas de todo país. Aprendemos juntas, nos cuidamos e nos fortalecemos. Isso mostra cada vez mais a força da mulher sapatona,  mostra que nós somos, porque outras são, que nossos passos vêm de longe e juntas podemos tudo.”

Conheça mais sobre a Revista Brejeiras aqui.

29 de agosto: Dia Nacional da Visibilidade Lésbica

O Dia Nacional da Visibilidade Lésbica é celebrado em 29 de agosto. A data visa a marcar e a rememorar a importância do combate à lesbofobia, preconceito e ódio contra mulheres lésbicas, e foi instituída em 1996, durante a realização do 1º Seminário Nacional de Lésbicas (Senale). A ouvidora especializada em ações afirmativas da UFJF, Vania Maria Freitas Bara, ressalta a importância do engajamento da Universidade no combate às discriminações que afetam as mulheres lésbicas.

Confira o vídeo da professora da UFJF Vânia Bara:

A professora da Faculdade de Educação Física e 1ª Secretária da Apes, Alice Mary Monteiro Mayer, salienta a necessidade diária de  enfrentamento da intolerância e dos conservadorismos.  “Acredito, muito empiricamente, que o aterrorizante desafio vivenciado por lésbicas e bissexuais se refira ao enfrentamento da intolerância, gerada pelo conservadorismo absurdo que, apesar de não ser novidade enquanto comportamento cultural, se expressa nos tempos de agora em formas e essências ostensivamente assombrosas. Consciência, resistência amorosa, e luta humanizada e humanizante são os instrumentos de que dispõem para anunciarem que não se tratam de pessoas com orientações sexuais/humanas distorcidas, necessitadas de correções. São esses os instrumentos para que vivam e vivam em plenitude”, afirma a docente.

Já a coordenadora de Educação e Formação Sindical do Sindicato dos Trabalhadores Técnico-Administrativos em Educação das Instituições Federais de Ensino no Município de Juiz de Fora (Sintufejuf), Natália Paganini, ressalta que as mulheres lésbicas, além da lebofobia, enfrentam inúmeras outras opressões. “Como todas as mulheres, somos também vítimas do machismo e da misoginia, do sistema patriarcal e heteronormativo que ordenas as relações sociais, culturais, econômicas, interpessoais. E não podemos deixar de pensar que as opressões são cruzadas e coexistem, formando um grande nó. A classe informa a raça, a raça informa a classe, o gênero informa a classe. Não dá para falar em lesbofobia sem falar em racismo, da exclusão que o sistema capitalista engendra. As mulheres negras, lésbicas e pobres sofrem essa violência com uma grau de barbaridade muito maior do que as mulheres brancas e com maior poder econômico.”

Na avaliação de Natália, o silenciamento das mulheres que se relacionam afetivo-sexualmente com outras mulheres começa no ambiente familiar. “As mulheres se assumem menos como lésbicas em casa do que os homens se assumem como gays. E isso é resultado dessa cultura machista. O silenciamento então, começa no lar. O ambiente público é um campo ainda mais espinhoso, o que podemos comprovar com base em dossiê recente sobre o lesbocídio, que revelou que a maior parte dos assassinatos de mulheres lésbicas em razão de sua orientação sexual e afetiva é cometida nas ruas, por pessoas sem ligação com as vítimas.”

A palestra “Visibilidade Lésbica na UFJF” será realizada na próxima segunda-feira, dia 3, das 14h às 17h, no Auditório 2, no Centro de Ciências, Campus de Juiz de Fora. Após o debate, haverá pocket show da cantora Alessandra Crispim. Saiba mais sobre o trabalho da artista aqui.

Outras informações: (32) 2102-3997 (Diretoria de Imagem Institucional)