Da esquerda para a direita: Jodenir Souza, Luiz Rogério de Paula, Roney Polato, Ana Paula Santos e Fabiane Clara de Barros (Foto: Alice Coêlho)

Da esquerda para a direita: Jodenir Souza, Luiz Rogério de Paula, Roney Polato, Ana Paula Santos e Fabiane Clara de Barros (Foto: Alice Coêlho)

As experiências de docentes Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (LGBTTI) na educação básica foram tema de roda de conversa na noite desta quarta-feira, dia 2, na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF).  A atividade abriu o I Seminário LGBTTIfobia e Educação, organizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Sexualidade, Educação e Diversidade (Gesed), no mês de combate ao ódio e à violência contra a comunidade LGBTTI.

O seminário contará ainda com mais três rodas de conversa e uma mesa-redonda, sempre às 19h,  às quartas-feiras de maio – dias 9, 16, 23 e 30 -, na Sala Paulo Freire, na Faculdade de Educação (Faced).  A participação é aberta ao público em geral, gratuita e não exige inscrição.

Na abertura da atividade, o professor da Faced e um dos líderes do Gesed, Roney Polato, destacou que, a partir das experiências de LGBTTIfobia, o objetivo é discutir questões mais amplas da organização social.  “A construção da diferença de gênero e sexualidade é que formam a rede produtora das violências. Nesta primeira roda de conversa, a proposta é ouvirmos as experiências dos professores que vivenciam essas questões e, em seguida, abriremos para outros relatos. O que significa ser professor LGBTTI na escola básica?”, indagou.

Relatos de resistência e dedicação à profissão

Quatro professores da rede básica  pública e particular de Juiz de Fora e região – Ana Paula Santos, Fabiane Clara de Barros Portela, Jodenir Souza e Luiz Rogério de Paula Júnior – relataram ao público as próprias vivências. Ana Paula e Jodenir destacaram como a compreensão das múltiplas opressões é  fundamental para a análise das desigualdades. Ambos são negros e LGBTTI. “É fundamental o diálogo permanente com colegas professores e estudantes sobre gênero e sexualidade, sobre racismo, sobre machismo, para que a gente consiga combater preconceitos. Esses temas precisam estar presentes nas escolas desde cedo”, enfatizou Ana.

A avaliação é compartilhada por Jodenir Souza. “O meu trabalho é falar sobre História. Sempre estudo e me preparo para fazer o melhor dentro das minhas possibilidades. Ser um homem negro e LGBTTI traz inúmeros desafios. Falar publicamente sobre isso é um posicionamento político. É preciso falar sobre homofobia, machismo, racismo.”

Fabiane Clara também ressaltou a necessidade de abordar a temática do respeito em sala de aula. “Eu sou lésbica e digo isso aos meus alunos. Eles percebem isso. Obviamente o preconceito aumenta quando rompemos com alguns padrões preestabelecidos.  Sou professora de Ensino Religioso. Então, trabalho em sala de aula os princípios fundamentais da religiosidade: respeito à diversidade e vida em comunidade.”

Já Luiz Rogério enfatizou as realidades distintas das escolas públicas e particulares. “Tenho uma relação de apoio e respeito nas instituições públicas e privadas nas quais trabalho. Sei que essa é uma situação de privilégio, não é o habitual. É sempre um desafio trazer a temática do combate à LGBTTIfobia às escolas. Na rede privada, por ser esse um tema possível de ser abordado nos processos seletivos das universidades, é um pouco mais fácil. Na rede pública, muitas vezes esse debate é negligenciado. É preciso mudar isso.”    

Dia Internacional de Luta contra a LGBTTIfobia

O I Seminário LGBTTIfobia e Educação acontece este mês para marcar o Dia Internacional de Luta contra a LGBTfobia, celebrado em 17 de maio. Foi nessa data, no ano de 1990, que a homossexualidade deixou a lista de Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde.  

Os temas das próximas rodas de conversa e mesa-redonda serão, respectivamente: Experiências de estudantes LGBTTI na educação básica; Experiências de estudantes LGBTTI no ensino superior; Experiências Drag; e LGBTTIfobia e educação escolar em debate.

Este é o quarto ano consecutivo no qual o  Grupo de Estudos e Pesquisas em Gênero, Sexualidade, Educação e Diversidade  realiza atividades especiais, no mês de combate à LGBTfobia. Nesta edição, a iniciativa conta com apoio da Diretoria de Ações Afirmativas (Diaaf) da UFJF.

Confira a programação

Outras informações:

gesedufjf@gmail.com

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Saiba mais:

Grupo organiza rodas de conversa sobre combate à LGBTTIfobia